Choro e cordas no melhor da música brasileira

A apresentação do quinteto de cordas Quintal Brasileiro e do quinteto de choro Izaías e Seus Chorões, na noite de segunda-feira (4) no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, foi um show de virtuosismo, técnica e música da melhor qualidade. O seleto público que prestigiou o evento, que faz parte da programação cultural das comemorações dos 50 anos da FCM, aplaudiu de pé e se emocionou com o repertório que contou com músicas de Jacob do Bandolim, Pixinginha, Anacleto Medeiros, Chiquinha Gonzaga, Radamés Gnattali e outros.

Principal gênero instrumental da música popular brasileira, o choro tem a capacidade de atrair e unir instrumentistas de diferentes gerações, além de ser um dos poucos gêneros que consegue colocar lado a lado músicos do universo popular e do erudito. Os arranjos do show foram feitos para a formação de quinteto de choro e quinteto de cordas, que trouxe para o século 21 um retrato da música brasileira de uma época valiosa.

A associação entre Izaías e Seus Chorões e Quintal Brasileiro vem de longa data. Os dois grupos têm feito apresentações conjuntas há mais de dez anos. Há, entre os participantes de cada grupo fascínio, amizade e admiração mútua. “É sempre uma aula tocar com eles”, disse Luiz Amato, violinista do grupo Quintal Brasileiro.

Para o bandolinista Izaías Bueno de Almeida, tocar com quinteto de cordas é um privilégio para os músicos e para o público. “A mistura clássico-e-popular só enriquece o gênero”, disse.

Já na primeira apresentação, executaram a "Suíte Retratos", de Radamés Gnattali. A "Suite Retratos" é uma obra na qual Radamés Gnattali cria 'retratos musicais' de quatro figuras fundamentais na história do choro: Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros e Chiquinha Gonzaga. O repertório do espetáculo teve ainda os clássicos "Noites cariocas", "Odeon", "Lábios que beijei" e "Carinhoso".

“Essas músicas, que fazem parte da memória cultural de todos os brasileiros, são apresentadas em arranjos originais, que misturam os instrumentos tradicionais do choro com os instrumentos de cordas da música erudita”, explicaram os músicos, entrecortando as apresentações.

Com quase 50 anos de carreira dedicados a esse gênero, o grupo Izaías e seus Chorões é tido como referência por seu refinamento e qualidade musical, carregando na bagagem apresentações e contato musical direto com Radamés Gnattali e Jacob do Bandolim (1918-1969). Com vários discos gravados ao logo de seus quase quarenta anos de atividades, o grupo Izaías e seus Chorões tem em sua atual formação cinco instrumentistas: Izaías Bueno de Almeida (bandolim), Israel Bueno de Almeida (violão de 7 cordas), Edmilson Capelupi (violão), Henrique Araújo (cavaquinho) e Tigrão (percussão).

Formado em 2002, o Quintal Brasileiro tem roupagem erudita, mas sotaque e repertório popular. Sua proposta é a de tocar peças de música popular de maneira camerística. Mais do que isso, o grupo busca aliar a espontaneidade e o prazer de tocar do músico popular ao rigor técnico e à virtuosidade do músico erudito.

O grupo tem em sua formação dois violinos, viola, violoncelo e contrabaixo, instrumentos que fazem parte do núcleo central de uma orquestra sinfônica. Todos os seus integrantes trabalham em orquestras e universidades em posição de destaque: Luiz Amato (violino), professor da Unesp; Esdras Rodrigues (violino) e Emerson de Biaggi (viola), professores da Unicamp; Adriana Holtz (violoncelo) e Ney Vasconcelos (contrabaixo), integrantes da OSESP. O grupo lançou os CDs “Abstrações”, em 2006 e “Vibrações”, em 2011.

A apresentação teve apoio do ProAC, da Secretaria de Estado da Cultura e foi selecionada por meio do "Edital de Circulação de Espetáculos Musicais".

Texto: Edimilson Montalti – ARP-FCM/Unicamp

Fotos: Divulgação e Edimilson Montalti - ARP-FCM/Unicamp