Pesquisadores promovem debate científico sobre dislexia e TDAH na FCM

Pesquisadores nacionais e internacionais se reúnem no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp nesta quinta-feria (12), amanhã e sábado no auditório da PUC-Campinas, campus 1, para discutir as evidências científicas da dislexia e do TDAH. As queixas de dificuldades de aprendizagem são comuns na infância e adolescência e motivam grande parte dos encaminhamentos por professores aos profissionais da saúde, com objetivo de avaliação, diagnóstico e intervenção. Em 1968, a World Federation of Neurology utilizou o termo dislexia do desenvolvimento para definir um transtorno manifesto por dificuldades na aprendizagem da leitura, apesar da instrução convencional, inteligência adequada e oportunidade sociocultural.

As principais características observadas nestas crianças são: dificuldades na velocidade de nomeação de material verbal e memória fonológica de trabalho; dificuldades em provas de consciência fonológica (rima, segmentação e transposição fonêmicas); nível de leitura abaixo do esperado para idade e nível de escolaridade; escrita com trocas fonológicas e ortográficas; bom desempenho em raciocínio aritmético; nível intelectual na média ou acima da média; déficits neuropsicológicos em funções perceptuais, memória, atenção sustentada visual e funções executivas.

O primeiro relato de TDAH ocorreu no século XIX, descrito pelo médico inglês Still. O TDAH manifesta-se por alterações na atenção e no comportamento (hiperatividade e impulsividade) que não são explicadas por outros transtornos ou problemas psicossociais em crianças. De 2006 a 2009, foram encaminhadas por ano 2.300 crianças com queixas de dificuldades de aprendizagem ao laboratório de Distúrbios de Aprendizagem e Transtornos da Atenção (Disapre) da FCM da Unicamp. Desse total, apenas 1,7% foi diagnosticada com os quadros de dislexia do desenvolvimento ou transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

De acordo com Sylvia Maria Ciasca, coordenadora do Disapre da FCM, há um grande número de crianças com diagnósticos falso-positivos a partir de questionários respondidos por pais e/ou professores. Segundo a neuropsicóloga, o diagnóstico deve ser feito por uma equipe interdisciplinar. Somente depois de muitas avaliações é que a equipe do Disapre chega à conclusão sobre o melhor procedimento interventivo, geralmente psicoterapêutico, medicamentoso e apoio educacional.

“O objetivo deste fórum é promover um debate científico sobre a disleixa e TDAH e sair daqui com novas ideias e fontes de pesquisa para melhorar a qualidade de vida de crianças com esses diagnósticos”, disse Sylvia, coordenadora do fórum sobre a evidências científicas em dislexia e TDAH, durante a abertura do evento na manhã desta quinta-feira.

Para o diretor da FCM, Mario José Abdalla Saad, a área da saúde é uma mescla de ciência exatas e humanas. As duas devem estar agregadas para se ter um bom atendimento à população. Porém, o que a humanidade conseguiu nos últimos 300 anos foi graças ao método científico. O método científico permitiu triplicar o tempo de vida das pessoas. A Universidade,tradicionalmente, forma pessoas por meio do método científico.

“Cabe a universidade respeitar opiniões individuais. Entretanto, existe a divulgação do método científico e o debate científico. A ciência é o caminho para o progresso. Ela tem maneiras de autocorreção. O método científico permite buscar a verdade e trabalhar com ética. caminho para o progresso, porque ela tem métodos de correção. O debate científico sobre disleixa e TDAH é muito importante para o progresso da sociedade e a compreenção das famílias e dos profissionais da saúde”, disse Saad.

O evento é organizado pelo Disapre da FCM da Unicamp com o apoio e participação de representantes das Associações Brasileiras de Psiquiatria, de Dislexia, de Neurologia e Psiquiatria Infantil, de Psicopedagogia, do Déficit de Atenção e Sociedades Brasileiras de Fonoaudiologia, de Pediatria, de Neuropsicologia e de Neurologia Infantil.

Texto: Edimilson Montalti – ARP-FCM

Fotos: Vinicius D´Ottaviano