Pesquisas com pacientes com HIV e interação de medicamentos ganham prêmios

Três pesquisas de pós-graduação do programa de Ciências Médicas da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, orientadas pelas professoras Priscila Gava Mazzola e Patrícia Moriel, do Departamento de Patologia Clínica e do curso de graduação em Farmácia, foram premiadas no Congresso Brasileiro de Farmacêuticos Clínicos, ocorrido em São Paulo, SP; no VIII Congresso Brasileiro de Farmácia Hospitalar, em Salvador, BA e no II Simpósio Internacional de Atenção Farmacêutica, em Poços de Caldas, MG. Os estudos foram desenvolvidos com pacientes com HIV atendidos no Hospital Dia e na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Clínicas da Unicamp.

O trabalho “Influência da farmácia clínica na economia de pacientes HIV positivos do Hospital Leito Dia/UNICAMP” de Renata Cavalcanti Carnevale, Caroline de Godoi Rezende Costa, Pamela Paschoa Faustino, Michele Tami Tanaka, Natalia Cavalheiro Braz foi o 2º colocado na categoria “Trabalhos Acadêmicos” do Congresso Brasileiro de Farmacêuticos Clínicos. Na mesma categoria, o trabalho “Papel do farmacêutico clínico sobre a evolução dos parâmetros clínicos em pacientes HIV positivos”, de Caroline de Godoi Rezende Costa, Renata Cavalcanti Carnevale, Luana da Silva Baleeiro, Natalia Cavalheiro Braz e Priscila Shoji, ficou em 3º lugar.

O objetivo do primeiro trabalho foi determinar o impacto do acompanhamento farmacoterapêutico em pacientes HIV positivos na economia. Participaram do estudo 32 pacientes HIV positivos atendidos no Hospital Dia da Unicamp. Os dados deste trabalho indicaram que a intervenção farmacêutica reduziu em 34,8% as consultas médicas por paciente; 13,82% os atendimentos de enfermagem; 48,89% os exames laboratoriais e 91,9% menor com internações. “No total, o gasto gerado por cada paciente do grupo II foi 58% menor que o gerado pelo grupo I”, disseram.

No segundo trabalho, realizado com 44 pacientes também atendidos no Hospital Dia da Unicamp, o resultado da pesquisa demonstrou que a atenção farmacêutica causou alterações clinicamente significativas dos parâmetros clínicos avaliados. O estudo demonstra a importância do farmacêutico junto à evolução e melhora clínica do paciente, podendo influenciar positivamente no prognóstico, na qualidade de vida e na expectativa de vida dos mesmos.

O trabalho “Efeito das intervenções farmacêuticas em pacientes infectados pelo HIV: influência nos problemas farmacoterapêuticos, parâmetros clínicos e economia”, de Renata Cavalcanti Carnevale, Caroline de Godoi Rezende Costa, Natalia Cavalheiro Braz, Cristiane Zanin Santos, Luana da Silva Baleeiro, Valéria de Souza Santos Holsback, foi o primeiro colocado do Prêmio SBRAFH de Farmácia Hospitalar.

O objetivo da pesquisa foi demonstrar a influência das intervenções farmacêuticas na evolução clínica e na economia dos pacientes infectados pelo HIV de um hospital universitário do estado de São Paulo. No total, 52 pacientes foram avaliados, divididos em dois grupos: controle e intervenção.

Para o grupo intervenção, 91 intervenções farmacêuticas foram realizadas e os problemas farmacoterapêuticos diminuíram, aproximadamente, 16%. Depois de um ano, as variações de hemoglobina e CD4+ foram significativas no grupo intervenção quando comparado com o grupo controle; 50,0% do grupo controle e 77,8% do grupo intervenção tiveram a carga viral menor que 50 cópias. O grupo intervenção gerou 5,1% menos gastos do que o controle, correspondendo a uma economia de US$ 14,40 por paciente.

Os três trabalhos resultaram em dois artigos, o primeiro será publicado na Revista Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde e o outro está em processo de publicação.

“A importância dos trabalhos é demonstrar que o profissional farmacêutico, realizando o acompanhamento farmacoterapêutico de pacientes portadores de HIV, resulta em uma melhora do prognóstico clínico e da qualidade de vida destes pacientes. E ainda, ocasiona uma diminuição dos gastos gerados ao sistema de saúde”, disse a farmacêutica e orientadora das pesquisas, Patrícia Moriel.

 

Menção honrosa

A pesquisa “Análise dos teóricos potenciais interações medicamentosas em prescrições UTI de um Hospital Universitário (Campinas, SP)”, de Aline Teotonio Rodrigues, Rafaela Pimentel, Nathália Vance, Mécia de Marialva, Silvia Granja, Simone Cristina Moda Battaglini, Ana Paula Devite Cardoso Gasparotto, Cristina Bueno Terzi Coelho, recebeu menção honrosa como um dos três melhores trabalhos científicos apresentados no II Simpósio Internacional de Atenção Farmacêutica, realizado em Poços de Caldas, MG. 

A ocorrência de uma rea

ção adversa (ADR) em pacientes hospitalizados foi recentemente associado a um aumento significativo no número de dias no hospital, os custos, morbidade e ocasionalmente de mortalidade do paciente. A possibilidade de ocorrência de um ADR pode ser correlacionado com o número de medicamentos por receita médica e com a presença de potenciais interações medicamentosas entre as prescrições médicas.

O objetivo da pesquisa foi avaliar a frequência de teóricos potenciais de interações medicamentosas (TPDI) entre prescrições feitas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital público, quantificar e classificá-los com base no nível de gravidade. Durante o período de janeiro a março de 2011, 190 prescrições de 95 pacientes foram coletados.

O grupo estudado foi selecionado aleatoriamente de pacientes com mais de 18 anos que haviam sido hospitalizados por mais de 48 horas de UTI adulto. Em cada receita, houve de 4 a 45 tipos de drogas, com uma média de 14,0 ± 4,2 por prescrição, enquanto havia 143 tipos de drogas. Um total de 992 interações medicamentosas potenciais teórico variou de 0 a 34, resultando numa média de 5,2 ± 5,4 TPDI por prescrição.

De um montante de 992 TPDI, 43 foram classificados como contra-indicado, 303 maior, 526 moderada e 120 menor.

Os dados parciais deste trabalho foram usados para a elaboração de um artigo intitulado “Perfil e manejo de interações medicamentosas potenciais teóricas em prescrições de UTI”, que será publicado na Revista Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde (RBFHSS).

“A importância deste trabalho, que só pôde ser realizado com o apoio da equipe multidisciplinar da UTI adulto e o serviço de Farmácia do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, está em contribuir para a discussão dos riscos envolvidos na terapia medicamentosa utilizada em terapia intensiva, visando prevenir tais riscos e garantir a segurança do paciente crítico. Trabalhos como este demonstram, com dados relevantes e pertinentes à realidade da saúde pública brasileira, a necessidade de inserção do profissional farmacêutico na equipe multidisciplinar de UTI”, disse a farmacêutica e orientadora da pesquisa Priscila Mazzola.

Texto e fotos: Edimilson Montalti - ARP-FCM/UNICAMP