A cada dez pacientes que são internados numa instituição hospital, um sofre algum tipo de evento adverso, como medicação errada, queda, úlcera por pressão ou infecção de cateter de acesso venoso, segundo dados apresentados por Edinêis de Brito Guirardello, professora do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e responsável pelo Fórum Extra “Segurança do paciente: interface entre o ensino e prática de enfermagem”.
O Fórum, que ocorre nesta terça-feira (8) no auditório da FCM, é organizado pela Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente Pólo Campinas (REBRAENSP), Departamento de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e Associação Brasileira de Enfermagem (ABen).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatiza que a educação sobre segurança do paciente deve ser considerada desde os primeiros anos de formação e reforçada ao longo da carreira profissional. A temática segurança do paciente não é recente. Nos dias atuais, deve ser considerada como uma disciplina, e muitos profissionais de saúde não estão familiarizados com os princípios e conceitos que a envolve. Desta forma, a segurança do paciente deve ser considerada como um tema transversal na formação do profissional da saúde.
“Alguns desses eventos adversos podem resultar em lesões permanentes. O objetivo deste segundo Fórum é olhar para o ensino, refletir e retomar as questões do ensino de segurança ou introduzi-las nos currículos de nível técnico, de graduação e pós-graduação dos cursos de enfermagem. Isto é bom para a formação desses profissionais e para o paciente”, disse Edinêis, também coordenadora da Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente Pólo Campinas, na abertura do evento.
Para Mauro Antonio Pires Dias da Silva, presidente a ABen Campinas e professor do Departamento de Enfermagem da FCM, a mídia tem explorado, ultimamente, que o erro no cuidado do paciente é dos profissionais de enfermagem. “Quando falamos em segurança do paciente, não podemos criminalizar somente o pessoal da enfermagem. A questão de segurança do paciente envolve todos os profissionais da equipe. O erro pode culminar no final da linha, na mão de alguém do enfermeiro. Mas o erro, é um processo”, alerta Mauro.
Edinêis disse que no Brasil não há cultura de “deixar claro” os eventos adversos que ocorrem. Por meio da Rede Sentinela, alguns hospitais registram voluntariamente os dados para monitoramento. “O trabalho em equipe é muito importante e não se deve omitir informações. É preciso deixar transparente as ações que envolvem pessoas para adotar ações que previnam erros. Hoje, o foco é trabalhar a segurança do paciente de maneira transversal, porque o profissional de enfermagem vai trabalhar na prática clínica e ele precisa de preparo para garantir uma assistência segura”, comentou Edinêis.
De acordo com Carmen Zink, assessora da Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) que promove os Fóruns, o mérito dos organizadores do evento sobre segurança do paciente é reconhecer a demanda e a necessidade dos profissionais da área da saúde. Para 2012, Carmen espera a realização de mais dois Fóruns como o atual.
“Aprendi com a professora Edinêis que uma das virtudes da enfermagem é escutar o paciente, os familiares e os colegas de profissão. A educação continuada é importante e um sinal positivo para a comunidade. Vamos apoiar e investir em eventos como este”, concluiu Carmen.
Texto e fotos: Edimilson Montalti - ARP-FCM/UNICAMP