Sandro Rizoli, médico e cirurgião geral do Hospital Sunnybrook e professor-pesquisador da Universidade de Toronto, Canadá, visita a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e o Hospital de Clínicas (HC) até sexta-feira (30). A visita tem duração de 15 dias e foi possível pelo Fundo de Apoio ao Ensino, à Pesquisa e à Extensão (FAEPEX). O convite foi feito pelo professor Gustavo Fraga, coordenador da disciplina do trauma da FCM.
Rizoli tem experiência em sistema e registro de trauma e ajudará a Unicamp a desenvolver o seu próprio registro de trauma, incluindo os doentes da unidade de terapia cirúrgica, recém-implantada no HC. Ele também participará de pesquisas com os dados de óbitos por causas externas no município de Campinas, em parceria com a Cirurgia do Trauma e a Medicina Preventiva e Social.
Segundo Fraga, Rizoli incentivará pós-graduandos do Departamento de Cirurgia e de áreas específicas da Clínica Médica e Medicina Preventiva e Social para realizarem pesquisas clínicas e estudos multicêntricos internacionais, além de estabelecer pesquisas em conjunto entre as duas Universidades – Unicamp e Toronto. Ele também ajudará a implantar as linhas de pesquisa “Distúrbios de coagulação”, que é multidisciplinar e de interesse de várias áreas que atuam no HC e “Epidemiologia de causas externas”, de interesse do município de Campinas.
Os distúrbios de coagulação ocorrem em doentes traumatizados graves, que necessitam de transfusão sanguínea. O trauma é um sério problema de saúde pública, representando a terceira causa de óbito na população em geral no Brasil e a primeira causa de óbito em indivíduos com
menos de 40 anos. Anualmente, aproximadamente 130 mil brasileiros morrem vítimas de causas externas. Por ano, a equipe de trauma do HC da Unicamp atende 1.300 casos de pacientes traumatizados. A equipe é formada por 17 médicos contratados e residentes.
A hemorragia é uma das principais causas de óbito. Em traumatizados graves a transfusão de sangue é um procedimento frequente e os distúrbios de coagulação secundários às alterações fisiológicas que o doente apresenta representam um desafio durante o tratamento na sala de emergência, centro cirúrgico e Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“No Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp enfrentamos essa realidade, não só no trauma, mas também em outras situações, como em cirurgias de transplante, cirurgias cardíacas e vasculares de grande porte. Paralelamente, convivemos com uma escassez de doadores de sangue. Muitos estudos sobre distúrbios de coagulação têm sido realizados e Rizoli é um expoente nessa área, com diversas publicações e participação em estudos multicêntricos internacionais”, explica Fraga.
Rizoli é formado em medicina pela FCM da Unicamp. Trabalhou como médico assistente na disciplina de Cirurgia do Trauma da FCM no período de 1989 a 1992 a convite do professor Mário Mantovanni. Mudou-se para o Canadá e desde 2002 é professor associado de Cirurgia e Medicina Intensiva da Universidade de Toronto. Tem PhD em Biologia Celular e 126 trabalhos publicados. É diretor de pesquisa em Trauma, Emergência e Terapia Intensiva do Research Institute do Sunnybrook Health Sciences Centre, membro do Comitê de Trauma do Colégio Americano de Cirurgiões e editor de vários periódicos, dentre eles o Panamerican Journal of Trauma.
“Participei do começo do trauma aqui na FCM. Hoje, a imagem do Brasil é diferente de há 20 anos. É um dos poucos países em crescimento. Você mede um bom cientista pelas publicações e pelo fundo de pesquisa. No mundo científico há regras. Há trabalhos excelentes aqui na Unicamp. Vou ajudar na identificação desses trabalhos, escrita e publicação. É o momento do país se impor cientificamente”, esclareceu Rizoli.
Texto e fotos: Edimilson Montalti - ARP-FCM/UNICAMP