CCAS lança boletim sobre morte por doenças cerebrovasculares em Campinas no Dia Mundial do Coração

O Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde (CCAS) do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp lança na próxima segunda-feira (26), às 8n30, no salão vermelho da Prefeitura de Campinas, o Boletim nº 47  sobre mortalidade por doenças cerebrovasculares no município de Campinas. Os dados referem-se ao segundo semestre de 2010 e mostram o perfil destes agravos que se constituem na principal causa de morte entre moradores de Campinas, com 30% dos óbitos. Na ocasião, também serão apresentadas ações de controle da doença destinadas a gestores, entidades públicas e privadas, universidades e a população. O evento marca o Dia Mundial do Coração, celebrado no dia 26 de setembro.

Em 2010, cerca de metade do total de mortes ocorridas no município de Campinas foram provocadas por doenças cardiovasculares e câncer. As doenças cardiovasculares responderam por 29,2% das mortes. As doenças isquêmicas do coração e as doenças cerebrovasculares – também conhecida por acidente vascular cerebral (AVC) – foram responsáveis por dois terços das mortes desse grupo. A obesidade, o tabagismo, o sedentarismo e a hipertensão são as principais causas.

Segundo dados do boletim, o risco de morrer por AVC cresce muito com o aumento da idade. Homens com idade entre 45 a 54 anos têm um risco de 44,7 por 100 mil habitantes. Essa taxa sobe para 1.363,1 óbitos por 100 mil habitantes acima dos 75 anos de idade. A cada 100 mortes, nessa faixa etária, 1,4 são por doenças cerebrovasculares. Analisando a tendência de risco de mortalidade por AVC em Campinas nas últimas três décadas, os pesquisadores do CCAS observaram um declínio importante de 55% entre 1980 e 2010.

“A taxa vem caindo em média 1,82 pontos por ano nos homens e 1,19 nas mulheres. Isto se deve ao controle da hipertensão arterial e dos avanços no tratamento dos pacientes”, disse Ana Paula Belon, pesquisadora do CCAS.

As taxas de mortalidade observadas em Campinas ainda são superiores as de países como Canadá, França e Estados Unidos, México e Chile. Entretanto, são menores que as taxas verificadas no município de São Paulo e no Brasil. Moradores dos distritos Noroeste e Sudeste de Campinas têm 50% maior risco de morrer por doenças cerebrovasculares do que moradores dos distritos Leste e Norte, aponta a pesquisa.

Isto se deve, de acordo com os pesquisadores, às diferentes condições de vida e exposição aos fatores de risco. Segundo o inquérito  ISACamp 2008 realizado pelo CCAS, tabagismo, sedentarismo e hipertensão, que são fatores de risco ao AVC,  são mais prevalentes na população com menor nível de escolaridade. O número de casos de obesidade entre mulheres é maior no grupo de menor escolaridade. No entanto, nos homens, essa tendência é inversa. Os moradores de áreas de Campinas com  condições de vida mais precárias têm probabilidade 61% maior de morrer por AVC.

“É necessário avançar com a efetividade dos programas para a redução de tabagismo, do sedentarismo e da obesidade, especialmente voltados aos segmentos sociais mais vulneráveis no sentido de promover a redução das desigualdades sociais em saúde. Para a população dependente do Sistema Único de Saúde (SUS) também são fundamentais ações que foquem no tratamento de hipertensos e pacientes com AVC”, explicou Marilisa Berti Barros, coordenadora do CCAS.

A publicação do boletim do CCAS é uma parceria entre o Departamento de Medicina Preventiva e Social da FCM e a Secretaria Municipal de Saúde de Campinas. Na mesa de abertura, além do secretário municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, estarão presentes as médicas Marilisa Berti Barros, do Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde do Departamento de Medicina Preventiva e Social da FCM Unicamp; e Solange Mattos Almeida, da Coordenadoria de Informação e Informática da Secretaria Municipal de Saúde; e o médico cardiologista Andrei Carvalho Sposito, professor do Departamento de Clínica Médica da FCM da Unicamp.

Os dados completos do boletim e a versão em PDF estarão disponíveis no site do CCAS e da Prefeitura de Campinas na próxima semana.

Texto: Edimilson Montalti - ARP-FCM/UNICAMP