Semafon comemora dez anos de criação do curso de fonoaudiologia

No dia 10 de setembro de 2001, professoras do Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação Prof. Dr. Gabriel Porto (Cepre), da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) saíram felizes da reunião do Conselho Universitário (Consu) da Unicamp. O curso de fonoaudiologia acabava de ser aprovado. No mesmo dia, o prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santos, o Toninho, morria. No dia seguinte, 11 de setembro, as torres gêmeas do World Trade Center, nos Estados Unidos, iam ao chão.

Uma mistura de dúvida, alerta e superstição deixou as professoras preocupadas. Passados dez anos, o curso de fonoaudiologia da Unicamp é mais concorrido das Universidades Públicas Paulistas na relação candidato-vaga e tem a menor evasão de alunos. De caráter multidisciplinar – o curso é coordenado pela FCM e pelo Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) –, os alunos têm aulas nas duas unidades e também no Instituto de Biologia e de Física.

De acordo com o diretor da FCM, Mario José Abdalla Saad, para se montar um curso de graduação da Unicamp é necessário um rigor muito grande. Mas ele sabia, desde a sua primeira gestão, de 1998 a 2002, quando viu nascer o curso de fonoaudiologia, que o curso daria certo por dois motivos: pelo comprometimento dos profissionais do Cepre e pela associação com o IEL. “Um instituto que tem como fundador Antonio Cândido e um centro de pesquisa quem conta com profissionais tão motivados tendem ao sucesso da criação de um curso de excelência”, disse Saad, honrado em participar das comemorações dos dez anos de criação do curso.

A professora do Departamento de Linguística do IEL e coordenadora-associada do curso de fonoaudiologia, Maria Irma Hadler Coudry, disse que a Unicamp é uma universidade nova que inova. Por isso, o curso de fonoaudiologia tem muitas disciplinas nas áreas de linguística e linguagem – sons, sintaxe, organização da língua. Segundo a linguista, os alunos precisam saber como a linguagem normal funciona para depois identificarem o que é ou não patológico. “No caso de afasia decorrente de lesão cerebral, por exemplo, eles usam todos os conhecimentos adquiridos no curso para o atendimento ao paciente. Isso mostra bem a força da linguagem na formação do aluno, o que é um grande diferencial”, disse Maria Irma.

A coordenadora do curso de fonoaudiologia pela FCM, Maria Francisca Colella dos Santos, também em sua segunda gestão, fez um balanço desses dez anos do curso antes, da abertura da IX Semana de Fonoaudiologia (Semafon), ocorrida nesta segunda-feira (12) no auditório da FCM. Segundo Francisca, o currículo do curso é muito dinâmico e está sempre em constantes mudanças. Essa proposta generalista e multidisciplinar de formação do aluno vem desde a criação do curso, em 2011. Os alunos já aprendem a trabalhar em equipe desde a graduação. Isto diferencia o curso e os profissionais formados pela Unicamp.

“O paciente é visto como um todo, buscando o equilíbrio entre a formação generalista e a formação especializada que o fonoaudiólogo necessita. Ainda há muito que fazer pelo curso, como compra de equipamentos, contração de novos professores e aumento do espaço para atendimento clínico. Chegaremos lá”, garantiu Francisca.

A Semafon é um evento acadêmico que ocorre anualmente no mês de setembro, dada da fundação do curso, no auditório da FCM. Neste ano, a comissão organizadora resolveu homenagear, docentes, funcionários e fundadoras do curso de fonoaudiologia, dentre elas as professoras Lise Roy, Maria Cecília Pinheiro Lima, Fátima Françoso e Mario Saad. Uma rosa foi entregue para cada um deles e para outros homenageados.

Até sexta-feira (16), 50 trabalhos entre pôsteres e apresentações orais, palestras, mesas-redondas e oficinas com profissionaisda área serão apresentados.  Os três melhores pôsteres e apresentações serão julgados e premiados no final do evento. “Aguardamos umas 200 pessoas durante toda a semana. Trabalhamos com o apoio 25 meninas dos quatro anos do curso de fonoaudiologia e das comissões anteriores da Semafon. Este evento é fruto dessa trajetória de muita luta e dedicação em prol da saúde e de uma década de fundação do curso”, disse a quartanista e coordenadora da IX Semafon, Karina L. Virgilio Margini.

O grupo de ginástica ritmica do Clube Campineiro de Regatas e Natação fez uma apresentação especial alusiva aos dez anos do curso de fonoaudiologia. Ao final, foi apresentado o novo logotipo do curso, criado pelo artista plástico Emilton Barbosa Oliveira, da Comissão de Apoio Didático Científico e Computacional (CADCC) da FCM.

Texto e fotos: Edimilson Montalti - ARP/FCM-UNICAMP