Profissionais da Unicamp lançam livro sobre PET/CT em oncologia

 

Desde o seu surgimento, a medicina nuclear evoluiu em “saltos”, cada um deles relacionado à incorporação de novas tecnologias e equipamentos à rotina clínica. Os primeiros detectores simples de radiação, que ainda não produziam imagens, foram seguidos pelos mapeadores retilíneos. Estes foram substituídos pelas câmaras de cintilação convencionais e, a seguir, pelas câmaras de cintilação tomográficas, também chamadas de tomografia por emissão de fóton único (SPECT). A concepção das imagens obtidas por tomografia por emissão de pósitrons (PET) ocorreu há mais de 30 anos, mas sua incorporação à rotina clínica só se tornou efetiva vários anos depois.

Desde então, a tecnologia PET tem sido considerada como um dos principais avanços da medicina nuclear por mostrar uma maior resolução anatômica. O mais recente salto tecnológico na evolução da medicina nuclear foi a fusão da tecnologia PET com a tecnologia da tomografia computadorizada convencional (CT). O PET/CT é um equipamento que une os recursos diagnósticos da medicina nuclear (PET) e da radiologia (CT). O equipamento sobrepõe as imagens metabólicas (PET) às imagens anatômicas (CT), produzindo assim um terceiro tipo de imagem. O uso do PET/CT revolucionou o uso da medicina nuclear em oncologia por facilitar o diagnóstico e localização exata de um tumor, por ser mais rápido o exame – em média 20 minutos – e por aumentar o interesse de médicos radiologistas pela medicina nuclear.

Esta história e muito mais é contata no livro “PET e PET/CT em Oncologia”. O livro é organizado pelos médicos Celso Dario Ramos, chefe da disciplina de medicina nuclear do Departamento de Radiologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e presidente da Sociedade Brasileira de Biologia, Medicina Nuclear e Imagem Molecular (SBBMN) e José Soares Junior, chefe do serviço de medicina nuclear e imagem molecular do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP de São Paulo e foi lançado no final do mês de abril durante a Jornada Paulista de Radiologia.

O livro levou dois anos para ficar pronto e traz 43 capítulos escritos por mais de 50 especialistas brasileiros, dentre eles seis artigos escritos por médicos e pesquisadores do serviço de medicina nuclear do Hospital de Clínicas (HC) e do Instituto de Física da Unicamp. É o primeiro do gênero escrito por brasileiros a tratar de assuntos como legislação para autorização de exames, proteção radiológica, disponibilidade e funcionamento do equipamento, produção de material radioativo e técnicas específicas de diagnósticos.

“Para cada área da oncologia dedicamos um capítulo. Há dicas sobre interpretação de exames para evitar o falso positivo. O livro é recomendado para residentes e profissionais em especialização. Este livro representa um esforço conjunto de toda a SBBMN e seus colaboradores”, disse Ramos.

PET tem importantes e crescentes aplicações em cardiologia e neurologia, mas é na oncologia que é mais evidente o seu uso. Qualquer oncologista com acesso a imagens de PET e de PET/CT reconhece o quanto o método facilita e acelera as decisões clínicas no tratamento e acompanhamento do paciente com câncer. O PET/CT é especialmente útil na averiguação de residivas. Após a operação o paciente é diagnosticado como curado. Um exame de sangue mostra o aumento de uma proteína utilizada como marcador tumoral. Por meio do PET/CT, o oncologista pode precisar onde está o tumor.

“O tumor para crescer consome glicose. Injetamos radioativa no paciente e onde houver tumor a área cintila. O PET/CT funde a imagem anatômica com a funcional e temos o local exato onde o tumor está e podemos escolher o melhor tratamento – quimioterapia, radioterapia ou cirurgia”, explicou Ramos.

Há um ano a área de medicina nuclear do HC da Unicamp adquiriu uma gama câmara que faz tomografia por emissão de fóton único (SPECT) utilizando material radioativo gama. Há duas semanas, a área recebeu um SPECT/CT que faz a tomografia funcional e anatômica dos órgãos do corpo a partir da emissão de raios gama. Com estes dois equipamentos são realizados 800 exames radiológicos por mês no HC. A partir de janeiro de 2011, o HC recebe um dos mais modernos equipamentos de PET/CT do mundo, o que deve aumentar, em média, para mais de mil exames radiológicos. “Atualmente, usamos o PET/CT do Centro Boldrini. Poucos locais do mundo têm um equipamento como o que será instalado na área de medicina nuclear do HC. Faremos ensino, assistência e pesquisa de qualidade internacional”, revelou Ramos.

Serviço:

PET e PET/CT em Oncologia
Celso Dario Ramos
José Soares Junior
Editora Atheneu
R$ 347,00

Texto: Edimilson Montalti
Fotos: Edimilson Montalti - ARP/FCM-UNICAMP
Antônio Scarpinetti - ASCOM-UNICAMP