A partir de 2011, todos os médicos ingressantes na residência médica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, em qualquer uma das 57 áreas de atuação oferecidas desde o nível de acesso direto até as especialidades clínicas e cirúrgicas, deverão entregar um trabalho de conclusão de curso (TCC) para receber o diploma da residência médica. O anúncio foi feito hoje (31) pela manhã pelo coordenador da Comissão de Residência Médica (Coreme) da FCM, Luiz Roberto Lopes, para os quase 190 novos médicos-residentes recepcionados no Salão Nobre da faculdade. Com isto, a FCM passa a ser a primeira faculdade do país a atribuir o título de pós-graduação lato sensu a médicos-residentes. Esta é mais uma novidade que diferencia a residência médica da Unicamp das demais do país.
“A residência médica é considerada um curso de pós-graduação lato sensu. A partir deste ano, todos os residentes devem entregar uma monografia, um relato de caso, um trabalho publicado em revista ou uma metanálise ao final de cada programa. Caso contrário, não receberão o certificado de conclusão de residência médica”, disse o médico Luiz Roberto Lopes.
Desde 2006, os aprovados no exame de residência médica da FCM passaram a ser matriculados na Diretoria Acadêmica (DAC) da Unicamp, que exige a entrega de um trabalho de conclusão de curso para a validação do diploma. Após várias concessões para adequar as duas mil e oitocentas horas de estágios que cada médico-residente cumpre nos dois primeiros anos de trabalhos no Hospital das Clínicas (HC); Hospital Estadual de Sumaré (HES) ou no Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (Caism), a obrigatoriedade de TCC entre em vigor este ano.
“Mesmo não tendo as mesmas características do mestrado, isto vai permitir que o residente tenha um diploma que equivale a dois títulos, podendo até mesmo, em alguns lugares, entrar direto para o doutorado”, explicou Lopes.
Isto encurta um pouco o lado acadêmico da vida atribulada de um médico-residente. A carga horária semanal de trabalho dos 484 médicos residentes da FCM da Unicamp é de 60 horas dividida entre 80% a 90% de atendimento ambulatorial e 20% a 10% de aulas teóricas com docentes e preceptores dos programas e especialidades oferecidas na residência médica pela faculdade.
“Apesar de serem alunos, vocês serão cobrados com médicos. A responsabilidade agora é outra. Não se exponham a nenhuma situação constrangedora ou de risco em relação ao atendimento do paciente. Na dúvida, peçam auxílio aos seus preceptores, médicos assistentes e professores. Queremos que vocês façam uma excelente residência médica”, completou Lopes.
Para o diretor da FCM, Mario José Abdalla Saad, a faculdade oferece para os residentes um corpo clínico competente e ético e uma área de saúde onde há pacientes com doenças de simples, média e grave complexidade, além de um programa didático associado a este campo de treinamento. Segundo Saad, os novos médicos-residentes terão uma oportunidade ímpar na vida que nenhuma outra profissão tem: depois de formados, terão um treinamento em serviço que irá moldá-los para o resto da vida.
“É aqui que eles vão aprender a trabalhar e a praticar a ética. É aqui que eles vão ser boas pessoas. Quem é boa pessoa, certamente será bom médico. Que eles tratem bem dos pacientes”, disse Saad.
O número total de médicos-residentes inscritos para o processo seletivo este ano foi de 1.715. A média geral de candidatos vagas ficou em 7,87. Na especialidade de acesso direto, as áreas de neurocirurgia, oftalmologia e pediatria foram as mais concorridas.
Participaram na mesa de abertura de acolhimento dos médicos-residentes de 2011 o superintendente do HC, Manoel Barros Bértolo, o diretor executivo do Caism, Oswaldo da Rocha Grassiotto; o diretor superintendente do HES, Lair Zambon, o diretor clínico do HC, Paulo Roberto de Madureira e o presidente da Comissão de Ética Médica do HC, João Baptista Laurito Júnior.
Texto e fotos: Edimilson Montalti
ARP - FCM - Unicamp