Vivien Thomas sonhava em ser médico. Negro e pobre, consegue emprego de faxineiro na Universidade de Vanderbilt, em Nashville, Estados Unidos, nos anos de 1940, onde começa a estudar por conta própria os experimentos do célebre doutor Alfred Blalock. Ao perceber a genialidade e habilidade do faxineiro, Blalock convida-o para auxiliá-lo em suas pesquisas no hospital Johns Hopkins. Suas descobertas resultaram na primeira cirurgia cardíaca do mundo para o tratamento da síndrome dos bebês azuis. O mérito e a fama foram conferidos a Blalock. Somente em 1976, Vivien obteve o título de doutor honoris causa e o reconhecimento por seu trabalho.
O filme “Quase Deuses” narra a história real de Vivien, falecido em 1985 e toca em pontos como preconceito, honra, amizade, superação e o conhecimento científico - acadêmico – versus o conhecimento empírico – prático. O filme faz parte da programação do “IX Ciência e Arte nas Férias” e foi assistido na segunda-feira (24) por mais de 20 alunos que estão desenvolvendo atividades, em sua maioria, nos laboratórios ligados ao Departamento de Patologia Clínica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.
Questionados sobre os aspectos éticos que envolvem o filme, os alunos observaram a vulnerabilidade da família em aceitar procedimentos médicos novos no caso de doenças terminais; o preconceito e a utilização de animais em pesquisa. Durante a aula outros temas relevantes surgiram, como aborto e a importância da educação sexual nas escolas.
“A bioética é um tema importante não só para eles entenderem que existem leis e normas nacionais e internacionais a serem seguidas nas pesquisas, mas também para despertar neles o aspecto crítico e a discussão dos casos”, comentou a farmacêutica Patrícia Moriel do Departamento de Patologia Clínica que conduziu a discussão na parte da tarde.
Indagados sobre a experiência em participar do “Ciência & Arte nas Férias”, alguns ensaiaram algumas palavras, como Alan Lopes da Costa, da escola estadual Prof. Cyro de Barros Rezende. Ele participa do projeto “Urunálise: ampliando o controle de qualidade”, sob orientação da professora Célia Regina Garlipp. “Eu queria fazer um curso técnico e parar. Não pensava em fazer um curso superior. Depois da experiência do “Ciência & Arte nas Férias”, quero fazer medicina”, disse Alan.
Outro que deseja fazer medicina é Rodrigo Rainha de Oliveira, da escola estadual Prof. Carlos Francisco de Paula. Orientando pela professora Eliana Cotta de Faria, ele participa do projeto “Lipoproteínas plasmáticas e dislipidemias: freqüência e tipos dos fenótipos de Fredrickson mais encontrados no Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp”. Para ele, o “Ciência & Arte nas Férias” é uma oportunidade que a Unicamp abriu para todos os estudantes das escolas públicas.
“Quando eu me inscrevi, achei que seria um tipo de cursinho, mas me surpreendi. Até aprendi a fórmula de Friedewald, que caiu na segunda fase da Unicamp. Eu queria que todos os jovens tivessem a mesma oportunidade e vontade de participar que nós temos. O máximo que podemos fazer é agradecer à Unicamp e mostrarmos que podemos ser bons profissionais”, falou Rodrigo, emocionado.
Veja a relação completa de alunos e projetos selecionados para o “IX Ciência e Arte nas Férias”.
Texto e fotos: Edimilson Montalti