O trabalho “Tratamento da halitose em pacientes com tonsilite crônica caseosa usando laser de CO2 para criptólise por coagulação” da cirurgiã-dentista Ana Cristina Dal Rio recebeu o prêmio de melhor trabalho, na categoria pôster, da Academia Internacional de Medicina e Cirurgia e Laser e do 24º Congresso Internacional de Medicina Laser, ocorrido no mês de novembro em Florença, Itália. O trabalho foi desenvolvido sob orientação da professora e médica otorrinolaringologista Ester Nicola, coordenadora da Unidade Multidisciplinar de Medicina Laser do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. O prêmio foi entregue na Academia Italiana de Letras. “Este prêmio é dedicado ao professor Jorge Nicola, um dos responsáveis pela implantação da Unidade Multidisciplinar de Medicina Laser do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. Nos orgulhamos de fazer parte da “família laser”, disse Ana Cristina.
A tonsilite crônica caseosa (TCC) é patologia comum onde cerca de 77% pacientes queixam-se de halitose. O tratamento da TCC por criptólise a laser de CO2 é uma terapia recente, conservadora e bem tolerada. A halitometria é a medida da halitose através do halímetro, aparelho que mede em partes por bilhão os compostos sulfurados voláteis presentes no ar expirado. Foram avaliados 41 pacientes, sendo 15 homens e 26 mulheres. A média de idade foi de 26 anos. As halitometrias foram realizadas antes de cada sessão de laser e seguiram as instruções do fabricante do aparelho halímetro. A técnica do laser consistiu em média de quatro aplicações de laser de CO2, com intervalo de quatro semanas entre cada sessão.
Para o estudo, os pacientes foram divididos em dois grupos: um grupo com halitometria alterada e outro grupo com halitometria normal. Em ambos os grupos foi avaliada a presença do cáseo no momento da halitometria. A halitometria dos compostos sulfurados voláteis é útil para detectar a halitose dos pacientes com tonsilite crônica caseosa e a presença do cáseo ao exame físico é um fator de halitometria alterada. O tratamento com laser de CO2 foi bem tolerado por todos os pacientes. Todos relataram melhora da halitose após o tratamento com laser de CO2 e esta melhora está relacionada com a diminuição da formação e retenção de cáseo pelo efeito de abertura das criptas com o laser.
Além do trabalho premiado, a Unidade Multidisciplinar de Medicina Laser do HC e o Laboratório Laser do Núcleo de Medicina e Cirurgia Experimental da FCM apresentaram dez trabalhos no congresso, sendo duas palestras convidadas, seis pôsteres e duas apresentações orais. Para a participação no Congresso, os autores contaram com auxílio financeiro da AFPU e do FAEPEX da Unicamp.
Quem foi Jorge Nicola:
Jorge Nicola foi um renomado físico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atuou como assessor de direção do CENPRA, como diretor superintendente da CIATEC, no Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e no Ministério da Ciência e Tecnologia. Ele fez parte da história do laser no Brasil, desenvolvendo, em 1980, o primeiro laser médico de dióxido de carbono no Laboratório do Grupo de Desenvolvimento e Aplicação do Laser (GDAL) no Instituto de Física (IF) da Unicamp. Foi também responsável, juntamente com a médica otorrinolaringologista Ester Nicola, pela implantação da Unidade Multidisciplinar de Medicina Laser do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, em 1989, a qual vem, desde então, beneficiando os diversos segmentos do sistema de saúde e a comunidade acadêmica e científica.
Texto: Edimilson Montalti
Fotos: Arquivo pessoal