“De acordo com a neurociência, todas as noites, através dos sonhos, nós atualizamos as nossas redes neurais e nossos mapas internos do mundo. Os sonhos estão a serviço da aprendizagem, da consolidação da memória”, disse o professor de fisiologia da Universidade Federal do Paraná, Fernando Mazzilli Louzada, durante a palestra "Sono, relógios biológicos e aprendizagem", ocorrida nesta sexta-feira (20) no anfiteatro 2 do conjunto de salas de aula da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Louzada é pesquisador em cronobiologia e foi convidado pelo programa de pós-graduação em Enfermagem para apresentar seus estudos sobre o ciclo vigília-sono e aprendizagem entre crianças e adolescentes.
Há muitos estudos e hipóteses darwinistas e freudianas sobre sono e sonhos. Segundo a teoria da evolução, os sonhos servem, inclusive, para os animais aumentar suas chances de sobrevivência e enfrentar os desafios do ambiente. Estudos até a década de 1960 mostram que o ritmo do sono estava ligado a fatores ambientais como o dia e a noite. Pesquisas recentes provam que, na verdade, é o ciclo biológico de cada indivíduo que dita a necessidade de mais ou menos horas de sono, sendo que esta variabilidade define os dormidores em matutinos, vespertinos ou indiferentes.
Ao estudar o sono ideal, o pesquisador tem se deparado com três questões: o quanto, o como e o quando dormir. Destas, o mais importante, segundo Louzada, é quando dormir e ajustar o ritmo biológico ao horário de sono. Há pessoas que dormem cedo e acordam cedo. Outras que dormem cedo e acordam tarde e pessoas que dormem tarde e acordam cedo. O que regula o ciclo sono-vigília são o hormônio melatonina e a luz. Entretanto, já se sabe que fatores genéticos também têm uma forte influência no sono.
“Há muito motivos para se dormir bem. O primeiro deles é que dormir ajuda o cérebro o assentar o que se aprendeu, resolver problemas e ter insigts. O segundo, é que mantém o equilíbrio metabólico energético. Quem dormem pouco tende à obesidade, déficit de atenção e hiperatividade. Estudos mostram que crianças e idosos tem um ritmo parecido entre dormir e acordar. Já os adolescentes tem uma forte tendência a esticar o horário da noite”, disse Louzada, referindo-se a pesquisas norte-americanas e pesquisas realizadas na UFPR.
Texto: Edimilson Montalti
ARP - FCM
Unicamp