Artistas revelam olhares sobre meio ambiente, sentimentos e religiosidade

A exposição Revelando Olhares reúne obras de sete artistas da região de Campinas e de Pelotas, Rio Grande do Sul, que refletem a diversidade de pensamentos, técnicas, materiais e estilos. Livar apresenta trabalhos surrealistas para reflexão do observador sobre o modo de vida pautado em valores impostos por meio da mídia, crenças e cultura. Ela utiliza a técnica veneziana e a técnica mista na construção de suas obras.

Ana Holz, artista de Pelotas, pesquisa a configuração dos espaços em seus trabalhos, onde o lugar serve de território de reflexão e criação para o olhar da artista. Solange Cazzaro propõe a prática da leitura das sensações e sentimentos provocados pela cor em trabalhos abstratos. Nelson Braga Júnior traz o preciosismo da técnica veneziana, que permite a representação do corpo humano de forma realista e fotográfica.

Sulamita Camargo reflete a sua preocupação com o aquecimento global e questiona as ações tomadas pelos governos que não acompanham as promessas e discursos. Fernanda Macahiba, na série “Lembranças de Portugal”, relata imagens desse país. Influenciada pelo estilo medieval dos primeiros manuscritos iluminados, que estabelecem relação direta com a arte primitiva naif, a artista desenvolveu essa série de obras inspiradas nas paisagens portuguesas.

Regiane Cap Couto Buccioli homenageia Arystarch Kaszkurewicz, um polonês que tentou reconstruir sua vida no Brasil. Durante a segunda guerra, ele teve suas mãos mutiladas e perdeu a vista esquerda. A limitação física e as perseguições aos poloneses o fizeram escolher o nosso país para continuar seu trabalho. Entretanto, havia no Brasil uma lei que proibia a entrada de deficientes físicos e ele precisou da intervenção da Igreja e autorização do presidente da época, Getúlio Vargas. Em 1952, Arystarch desembarcou no Brasil com sua família e a partir daí presenteou nosso povo com obras indiscutivelmente belas. Em Campinas, a Paróquia de Nossa Senhora Auxiliadora tem sua assinatura. No tributo, Regiane utiliza pinceladas e cores com efeitos de mosaico e vitral. A flor e os anjos são elementos comuns no trabalho de ambos.

“Tivemos a liberdade de montar a exposição respeitando os estilos de cada artista. Alguns trabalhos dialogam entre si”, explicou Livar, durante a abertura da exposição ocorrida na manhã desta quarta-feira (30) no Espaço das Artes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.

“A minha pintura é a clássica, devido à técnica, mas eu trouxe obras que tem um perfil mais moderno, apesar de serem nus artísticos”, comentou o artista e professor de pintura Nelson Braga Júnior, que já expôs no Espaço das Artes.

“Os meus quadros refletem a preocupação que eu tenho com o meio ambiente. Os governos lançam metas para 2020, mas eu acho que é tempo demais. As coisas precisam ser feitas antes. Meu trabalho é feito para cutucar as pessoas para esse engajamento”, disse Sulamita Camargo.

A exposição Revelando Olhares fica até o dia 23 de julho, das 8h30 às 17h30, no Espaço das Artes, que fica no saguão de entrada do prédio-sede da FCM da Unicamp, à rua Tessália Viera de Camargo, 126, distrito de Barão Geraldo, Campinas, SP.