Especialistas lançam livro sobre atendimento ao idoso

Uma das consequências do envelhecimento populacional é o crescimento do número de idosos que demandam assistência aos vários aspectos de sua saúde física e mental. Pensando nisto, a médica Maria Elena Guariento e a psicóloga Anita Liberalesso Neri, a primeira da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, e a segunda da Faculdade de Educação da Unicamp, lançam o livro “Assistência Ambulatorial ao Idoso” no dia 23 de junho, às 19h30, na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi Campinas. O livro surgiu a partir das experiências dos profissionais da área da saúde que atendem pacientes com mais de 60 anos, em sua maioria, no ambulatório de geriatria do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. “Esta publicação é o resultado de seis anos de trabalho de nossa equipe multiprofissional e interdisciplinar de estudos sobre envelhecimento”, comentou Maria Elena que, juntamente com Anita, concederam a seguinte entrevista ao Portal da Unicamp.

Portal da Unicamp: Quando foi criado a ambulatório de geriatria e quem são os profissionais que trabalham no atendimento ao idoso?
Maria Elena: Começamos a atender em 2004 e nos estruturamos em 2005. Nossa equipe é um pouco variável em função da participação dos alunos de pós-graduação em gerontologia. Nós temos profissionais nas áreas de enfermagem, serviço social, fonoaudiologia, psicologia, fisioterapia, terapia ocupacional, educação física e profissionais da área médica. Em média, somos em torno de doze a quinze pessoas.

Portal da Unicamp: Qual o perfil do paciente acolhido e atendido no ambulatório de geriatria?

Maria Elena: Nós acolhemos todos os idosos a partir dos 60 anos de idade que são encaminhados pela rede básica de saúde ou pelos outros ambulatórios do Hospital de Clínicas. Mas há alguns critérios para a inclusão do idoso no ambulatório de geriatria. Nós buscamos algumas das síndromes geriátricas mais comuns que justifiquem o acompanhamento por um serviço como esse, como por exemplo: déficit cognitivo e de limitação funcional chegando inclusive a imobilidade; antecedências de quedas ou alteração na marcha de equilíbrio; algum grau de incontinência urinária, fecal ou associadas; déficit auditivo ou visual e sintomas depressivos. O que nos chamam a atenção é que a maioria desses pacientes são portadores de três a quatro doenças associadas fazem uso, em média, de quatro a cinco diferentes fármacos.

Portal da Unicamp: Como foram estruturados os capítulos do livro?


Anita: Eles foram estruturados a partir da busca por respostas a estas manifestações. Buscamos uma fundamentação teórica para orientar a própria demanda no atendimento à assistência ao idoso. O livro é o resultado das pesquisas que obtivemos clinicando, no nosso cotidiano, e de artigos que coletamos com pesquisadores de outras instituições que convidamos para escrever.
Maria Elena: Abordamos no livro não somente as questões clínicas, mas também questões como espiritualidade e a violência, fatores também associados à vulnerabilidade do idoso que poucos desconhecem. Um idoso que vem relativamente bem controlado do ponto de vista da sua condição dinâmica e metabólica e, subitamente piora, mostra, pela nossa experiência, que por trás disso está o medo de ser internado pela família numa instituição de longa permanência, por exemplo.

Portal da Unicamp: A situação do idoso mudou nos últimos anos?


Anita: Eu acho que a situação do idoso, nos últimos 25 anos, mudou em função dos progressos sociais e do aumento de informações. Também cresceu o número de pessoas interessadas em trabalhar com idosos e diminuiu o preconceito em associar velhice só como doença ou só com atividades de animação. Temos grupos de geriatria e gerontologia na Unicamp, na USP em São Paulo e em Ribeirão Preto, na Santa de Casa de São Paulo, na Unifesp, em Porto Alegre, Florianópolis e no Rio de Janeiro. Apenas das resistências, há hoje no Brasil seis cursos de pós-graduaçãoo em gerontologia. Temos muito mais jovens nas universidades estudando geriatria e gerontologia que há duas décadas. O número de profissões nessa área aumentando, fugindo da antiga polarização que existia em torno da medicina e do serviço social. Vejo com bastante otimismo esses progressos da gerontologia.

Portal da Unicamp: A quem se destina o livro?


Maria Elena: Se destina a todos os profissionais que trabalham e se interessam pela questão do idoso e também para estudantes de graduação e pós-graduação, cuidadores domiciliares e familiares.