Professores e pesquisadores universitários do Brasil participaram na manhã dessa terça-feira (26) da abertura do II Seminário internacional sobre carreira docente nas profissões da saúde, ocorrido no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. De acordo com dados coletados no ato da inscrição de cada participante, a professora e anfitriã do evento, Eliana Amaral, revelou que 78% os inscritos são professores de universidades públicas, divididos, igualmente, entre oriundos da Unicamp, do Estado de São e de outros Estados do Brasil.
“Cerca de 44% deles acham que a mescla de atividades devem ser valorizadas na carreira docente; 28% acham somente o ensino e 18% a pesquisa e os outros 10% consideraram a extensão e funções administrativas. Existe um arsenal de possibilidades dentro da carreira docente,mas nossos problemas são similares em todos os lugares”, disse.
A observação é compartilhada pela vice-reitora da Unesp Marilza Rudge, que afirmou ser extremamente difícil e complexa a avaliação da carreira docente. “Avaliar dentro das atividades não é fácil”, disse. A diretora da Faculdade de Enfermagem da Unicamp Maria Isabel Pedreira de Freitas disse que 80% dos formandos da Unicamp vão para a área da Educação. “Entretanto, 82% dos professores ainda ministram aulas expositivas e com slides. Nossos alunos mudaram, nossos filhos mudaram. Precisamos mudar”, disse.
Eliana Cyrino, coordenadora geral de ações estratégicas em Educação na Saúde e diretora de programas da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, disse que as universidades estão num grande desafio de pensar o ensino na saúde e pesquisar metodologias adequadas para isso., de forma a capacitar o docente para enfrentar o mundo atual e ter uma formação superior articulada com as necessidades do Sistema Único de Saúde.
“Acreditamos que é fundamental a expansão do ensino superior no país. Estou atenta para levar ao MEC e ao Ministério da Saúde as questões abordadas nesse seminário sobre como avaliar, por diferentes processos, o docente e profissionais que atuam na área de saúde”, disse.
O diretor associado da FCM Roberto Teixeira Mendes ressaltou que a faculdade e a Unicamp assumem esse esforço de qualificação e avaliação docente num momento crítico, em que é necessário mudanças nos modos de ensinar e aprender. Teixeira ainda destacou a primazia da FCM em abrigar um seminário internacional com foco na carreira docente das profissões da saúde. “É hora de melhorar a capacidade de pensar sobre tudo isso para saber o que fazer”, comentou.
A primeira palestrante da manhã foi Maryellen Gusic, diretora do escritório de educação médica da Associação Americana de Escolas Médicas dos Estados Unidos. Ela ressaltou que para se fazer uma boa avaliação do docente é necessário, inicialmente, ter uma boa documentação. Outros pontos que podem ser considerados com habilidades passíveis de avaliação são: criatividade, inovação e liderança.
Pró-Ensino na Saúde
O Encontro dos Projetos Pró-Ensino/Capes reuniu uma centena de pesquisadores, alunos de pós-graduação e convidados no dia 25 de maio na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. A abertura aconteceu no anfiteatro I da FCM e foi conduzida pela professora Eliana Amaral, com a participação do diretor da FCM Ivan Felizardo Contrera Toro. A palestra de abertura foi proferida pelo professor da FCM José Antonio Rocha Gontijo, representante de Márcio Castro Silva Filho, da Capes.
“A quantidade de doutores nas universidades brasileiras ainda é muito baixo e isso compromete a formação de novos pesquisadores. Com o Pró-Ensino, a Capes procurou estimular 32 projetos de pesquisa voltados à formação docente em ensino. A expectativa é que ele termine em 2016, mas que seja a semente para novos programas autônomos dentro da pós-graduação”, disse Gontijo, coordenador da área de Medicina I da Capes.
Durante o encontro, 73 trabalhos de pesquisa foram apresentados, entre apresentações orais em inglês, português e pôsteres. Agnes Gossenheimer, doutoranda da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) apresentou o trabalho “Análise comparativa da gincana na disciplina de atenção farmacêutica nas modalidades EaD e presencial”. De acordo com a farmacêutica, a partir de 2012 foi desenvolvida a gincana virtual por ensino a distância (EaD) no curso de Farmácia da UFRGS.
“A EaD é apropriada para o ensino de farmácia, pois coloca os alunos participando da disciplina mesmo á distância e possibilitam que eles aprendam, mesmo não estando presente.Tive que aprender o universo da pedagogia e perceber a satisfação dos alunos com as disciplinas que estavam tendo”, disse Agnes.
O bioquímico Erik Montagna, da Faculdade de Medicina do ABC, trouxe a pesquisa “Criação, aplicação e avaliação de um curso de especialização em Saúde da Família” para o encontro do Pró-Ensino na Saúde. “Além das aulas presenciais, a interação foi feito por ambiente virtual para estimular conversa entre os alunos. O ensino à distância é uma excelente ferramenta de ensino e pesquisa”, disse Erik, que formou 112 alunos com avaliação positiva superior a 75%.