Faleceu no dia 12 de maio o professor emérito da Unicamp Bussâmara Neme, médico fundador do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. O velório e cremação foram restritos à família.
Bussâmara trouxe inúmeros bebês à vida e contribuiu para esclarecer casos clínicos complexos na área de obstetrícia. Natural de Piratininga, SP, ele era considerado um dos mais respeitados obstetras do País. Para estudar medicina, precisou brigar com o pai. "Tentei fazer um rápido curso pré-médico em São Paulo e depois no Rio de Janeiro. Cheguei atrasado e acabei estudando em Niterói", afirmou o médico, nascido em 9 de setembro de 1915, durante homenagem ocorrida em 2005, no Caism, pelos seus 90 anos de idade.
A ideia da longevidade era constantemente abordada pelos amigos que achavam que ele chegaria, facilmente, aos 100 anos de idade. “Eu estudava muito, mas também nadava muito e remava mais ainda no rio Tietê. Por isso estou mais ou menos bem", brincou Bussâmara à época da homenagem.
Neme dizia que se as pessoas quisessem trabalhar, iriam conseguir muitas coisas, mas que o destino ajudava muito. "Depois de cinco anos de formado, consegui ser livre-docente. No concurso, fiz uma prova sobre cardiopatias. Naquele dia recebi um elogio de Briquet - renomado cardiologista. E fui a pessoa mais feliz do mundo", concluiu.
Especialista em tocoginecologia, lembrava que até 1958 as disciplinas de Ginecologia e Obstetrícia eram ensinadas separadamente. Ele dizia que o exercício da obstetrícia era extenuante e exigia saúde e disposição face aos inesperados das suas ocorrências. Foi autor do livro "Obstetrícia Básica", adotado por gerações de obstetras. Uma de suas efemérides era que “a residência em tocoginecologia deveria durar mais tempo".