XXXII CoMAU - 2023


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A EXPRESSÃO DO PRAME COMO AUXILIAR PARA DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DE MARGEM HISTOLÓGICA NO MELANOMA NO XERODERMA PIGMENTOSO

Autores: esther hae ji kim , Maria letícia cintra, Leonardo Ferreira Ávila,



RESUMO

Introdução: O Xeroderma pigmentoso (XP) é uma genodermatose, caracterizada por fotossensibilidade, discromia e alto risco a câncer de pele. Do ponto de vista clínico e histológico, pode ser muito difícil o diagnóstico de melanoma nos pacientes XP, porque eles apresentam muitos lentigos e melanoses e ainda apresentam displasia dos melanócitos na epiderme. O uso do PRAME (Antígeno Preferencialmente Expresso em MElanoma) tem se destacado como um auxiliar na diferenciação entre uma proliferação melanocítica maligna e uma benigna. Assim, o estudo da expressão do PRAME poderia ser útil para o estudo histopatológico de amostras de pele de pacientes com XP, com lesões melanocíticas, em que é necessário não só definir a sua natureza biológica, como a suficiência das margens. O objetivo deste trabalho foi estudar o valor da expressão do anticorpo anti-PRAME, nas amostras de pele de pacientes com XP, como auxiliar no diagnóstico diferencial entre melanoma e proliferação melanocítica atípica não-melanoma. Metodologia: Trata-se de estudo retrospectivo analítico. Foram pesquisados, nos registros de biópsias dos arquivos do Laboratório de Anatomia Patológica do HC da Unicamp, os termos “pele e xeroderma”, sendo identificados 10 pacientes. Como grupo-controle, foram selecionados, aleatoriamente, 30 espécimes de pele cronicamente exposta ao sol, de indivíduos não-XP, com neoplasias cutâneas excisadas com margem e também cicatrizes. As amostras de ambos os grupos foram recortadas, coradas com Hematoxilina e Eosina, e examinadas por dois dermatopatologistas. As lesões melanocíticas com diagnóstico de consenso foram agrupadas em melanoma cutâneo (MC) ou suspeitas para melanoma (SMC). As amostras selecionadas foram tratadas pela técnica imunoistoquímica usando o anticorpo PRAME. Após aplicados os critérios de exclusão, foram selecionadas 23 amostras de MC, 5 de SMC e 63 de neoplasias, processos inflamatórios ou cicatrizes (total de 91 amostras) de pacientes XP. Os prontuários foram revistos e os resultados histológicos foram expressos em número de células imunomarcadas por mm linear epidérmico. Para a caracterização da amostra foi realizada análise descritiva por meio de tabelas de frequência para variáveis categóricas e medidas de posição e dispersão para variáveis contínuas. Para comparação dos parâmetros em relação às variáveis de interesse foi utilizado o método das Equações de Estimação Generalizadas. As estimativas foram calculadas por máxima verossimilhança visando ponderar a diferença do número de lesões de cada paciente. Para grupos independentes foi utilizado o teste de Mann-Whitney. O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5%. Resultados: Quatro dos 9 incluídos desenvolveram 38 MC e dois deles apresentaram metástase cutânea destes melanomas (couro cabeludo e cotovelo), mas nenhum dos pacientes foi a óbito, até o período de encerramento da revisão (julho de 2023). Os 9 pacientes XP desenvolveram, no conjunto, 70 neoplasias cutâneas malignas não-melanoma, sem registro de metástase. As neoplasias benignas (total de 51operadas e enviadas para análise) mais frequentes foram os nevos melanocíticos (convencionais ou displásicos) – 21 lesões, seguindo-se os hemangiomas – 9 lesões. Dos MC primários, 59% apresentaram resultados positivos para o PRAME; os melanócitos de ambas as metástases se imunomarcaram, mas apenas numa delas, de forma difusa, e a epiderme das margens apresentou pequeno número de melanocitos imunomarcados. Quanto às 5 amostras SMC, 40% apresentaram resultados positivos. Não foi observada diferença significante na densidade de melanócitos PRAME-imunomarcados no melanoma intraepidérmico comparativamente com as margens de segurança laterais. Também não foi encontrada diferença significante na densidade dos melanócitos PRAME positivos quando se compararam as regiões da epiderme na cicatriz de local de onde se retirou o melanoma e nas margens, inclusive quando se comparou nos pacientes XP e nos controles. Porém, foi encontrada diferença significante (P=0,02, EEG) entre a densidade dos melanócitos PRAME-positivos nos carcinomas epidermoides e basocelulares comparativamente com as margens, nos pacientes XP (maior nas margens). Discussão: Frente à limitação de amostragem deste trabalho, por ser, o XP, uma doença rara, ao contrário de trabalhos publicados, não encontramos diferença estatística significante entre a imunorreatividade do PRAME no melanoma do paciente XP, comparativamente com as margens. Deve ser mencionado, também, o fato de que estes pacientes, por se encontrarem sob vigilância contínua, têm suas lesões operadas precocemente. De qualquer forma, este resultado se alinha à excelente evolução clínica observada, pois, mesmo os pacientes com lesões metastáticas estão bem. Por outro lado, a densidade de melanócitos PRAME-positivos, nas lesões histologicamente dúbias, pode ser útil para definir a conduta. A maior densidade de células PRAME-positivas nas margens de carcinomas, no XP, pode ser reflexo de um campo de cancerização. Conclusão: Sempre considerando as características clínicas e histopatológicas convencionais, o uso do PRAME pode ser útil para distinguir melanomas de outras lesões mimetizadoras benignas e malignas.



PALAVRA-CHAVE: melanoma; dermatopatologia, imunoistoquímica; PRAME; xeroderma pigmentoso




ÁREA: Ciência Básica

NÍVEL: Estudo original de natureza quantitativa ou qualitativa

FINANCIAMENTO: FAPESP




XXXII CoMAU - 2023

29, 30 de Setembro e 01 de Outubro de 2023
FCM/Unicamp


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