Autores:
Carla Mércia Silva Macêdo, Eduardo Augusto Avelino, Joana Fróes Bragança Bastos,
O ensino médico enfrenta desafios significativos no cenário atual devido ao rápido avanço do conhecimento, mudanças nas características do perfil profissional do médico e a necessidade de garantir uma formação de excelência baseada em competências e referências internacionais de qualidade. No entanto, falta consenso entre os especialistas e uma caracterização objetiva e científica que defina o conteúdo a ser ensinado para formação do médico generalista. Este projeto objetiva avaliar o conhecimento e a prática dos professores do internato do curso de Medicina em relação às competências essenciais, tempo de ensino do conteúdo teórico, campo de prática clínica e quantidade de estudo autônomo para a formação do generalista. É um corte transversal dividido em quatro etapas, com identificação de: a) conteúdo disciplinares para avaliação; b) principais eixos temáticos de cada conteúdo programático; c) docentes responsáveis pelas aulas teóricas; d) supervisores dos campos de prática; e) conhecimentos, habilidades e competências específicas de acordo com área de atuação. Em seguida, construímos um questionário com variáveis de identificação (nome, gênero, faixa etária, tempo de docência), concordância das competências das Diretrizes Curriculares Nacionais da área de atuação, conhecimentos prévios necessários do aluno, habilidades e competências que deve adquirir ao final da disciplina, tempo de aula teórica, campo de prática e estudo autônomo. Para coleta de dados, optamos pela plataforma recursiva de Formulários do Google. Com isso, criamos um instrumento de avaliação reprodutível em diferentes disciplinas do currículo médico para utilização de docentes, supervisores e gestores da educação médica brasileira, para além do departamento de Ginecologia-Obstetrícia. Para o perfil demográfico, identificamos que 72,4% são médicos docentes da faculdade e 27,6% são médicos PAEPE/ Ensino; 46,7% da área de Obstetrícia, 30% da área de Ginecologia, 26,7% da área de Oncologia; 46,7% do sexo masculino e 53,3% do sexo feminino; maior parcela entre 41-50 anos (43,3%); para tempo de docência na daculdade, 36,7% entre 11-20 anos, 23,3% de 6-10 anos e 20% entre 31-40 anos. Para os marcos de aprendizagem de maior relevância, 56,7% acreditam que “(...) realizar adequadamente a anamnese de forma integral” deve ser ao final do 4º ano. Também apresentamos uma média estimada de aprendizado teórico e em campo de prática de acordo com cada competência, associada ao tempo de estudo autônomo recomendado pelo especialista, sendo a média de tempo de aula teórica do sexto ano de 1 hora e 45 minutos, e 2 horas e 40 minutos para a média de tempo de estudo autônomo. Quanto ao campo de prática, contabilizamos 135 dias (mínimo) e 188 dias (máximo). Contudo, alguns marcos apresentaram discordância, como o empate de 40% entre o final do 4º ano e 5º ano para o momento de aprendizagem do marco ASP12. No entanto, definir um momento para exercício autônomo e/ou com supervisão indireta resolveu o entrave (60% é favorável ao final do 5º ano) pelo conceito de maioria absoluta. A existência de um critério para definir quando os marcos de aprendizado devem ser atingidos na graduação e o tempo de investimento do aluno no processo pedagógico formativo é fundamental para a construção dinâmica do currículo médico. Por isso a avaliação da conformidade dos especialistas em relação à carga teórico-prática e ao período de estudo atual disponível ao médico generalista em formação é tão importante, pois é preciso i) estabelecer objetivos claros para cada área de estudo e ii) fornecer aos alunos um mapeamento transparente do seu progresso e do que precisam fazer para atingir os resultados esperados. A partir deste momento, cada disciplina do internato é descrita em detalhes de acordo com suas especificidades. Com a compilação dos dados, mapeamos as competências consideradas essenciais por cada área e as confrontamos com as necessárias para formar um generalista para atender ao perfil de egresso. Esse processo gera ampla discussão na comunidade, motivando capacitação tanto de docentes quanto de alunos em relação ao ensino, reflexão sobre a estrutura curricular e das disciplinas e discussão sobre as demandas e dificuldades do ensino centrado nas necessidades de conhecimento dos alunos em formação, inseridos nessa transição para um currículo baseado em competências.
PALAVRA-CHAVE: Educação Baseada em Competências; Avaliação Educacional; Educação de Graduação em Medicina (Competency-Based Education; Assessment; Education, Medical, Undergraduate)
ÁREA: Gestão, Qualidade e Tecnologias de atenção à saúde
NÍVEL: Estudo original de natureza quantitativa ou qualitativa
FINANCIAMENTO: CNPq
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