Autores:
Camily Braga Mitestainer, Maria Irma Hadler Coudry,
Introdução: Observa-se atualmente crianças saudáveis sendo diagnosticadas com patologias neurológicas por profissionais de saúde com a anuência do sistema escolar tradicional vigente, sem que as particularidades que as constituem - os contextos linguístico, social e psico-afetivo em que vivem - sejam consideradas. O método de alfabetização mais utilizado na aquisição da leitura/escrita hoje é o fono-vísuo-articulatório ou método das boquinhas e, observa-se nele, alguns erros do ponto de vista linguístico, que este Projeto analisa criticamente, levando em conta que: (i) ele incentiva a patologização da infância, à medida que a criança normal, que usa suas hipóteses para escrever, tem sido penalizada com uma das patologias (Dislexia, Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade, Deficiência Intelectual, etc); (ii) a internet estimula a patologização, por meio de materiais que fazem mau uso dos estudos da linguagem, desconsiderando a ciência linguística. Método: Trata-se de uma pesquisa descritiva e quantitativa do tipo documental, em que os dados sobre a patologização e sobre o método fono-vísuo-articulatório serão analisados e interpretados, através da busca na internet com as palavras-chave: “método fono-vísuo-articulatório”, “método das boquinhas”, “dislexia”, “TDAH”, “alfabetização” e “patologias do aprendizado”. Neste trabalho, a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) não se aplica, pois não envolve pesquisa com seres humanos ou animais. Resultados e discussão: As críticas produzidas e fundamentadas na Neurolinguística Discursiva evidenciam que a internet não disponibiliza os aprofundamentos científico e linguístico necessários para avaliar as dificuldades de aprendizagem da criança. As ocorrências normais no aprendizado do sistema alfabético são tratadas como patológicas em todos os sites analisados, sendo classificados ingenuamente e injustamente como sintomas de patologias neurológicas. Foi possível observar também que o método fono-vísuo-articulatório reduz a aprendizagem e a fala a um ato mecânico padronizado para todos os aprendizes, visto que utiliza uma articulação facial estática, artificial e excludente de outros dialetos que não seja o normativo, desconsidera variações linguísticas e a fala cotidiana (rápida e pouco articulada), representando um método de alfabetização que dita a norma e não permite a manifestação das variações linguísticas. Conclusão: Todos os sites e vídeos selecionados patologizam o “ser criança”, pois condenam atitudes naturais presentes durante o aprendizado do sistema alfabético. Logo, a patologização da normalidade é incentivada na internet, pois classifica as crianças como patológicas e transforma suas singularidades em anomalias, desvalorizando a relação singular que cada sujeito constrói com a linguagem em toda a sua complexidade. Em relação ao método fono-vísuo-articulatório, sua inadequação principal é o apagamento da variação linguística individual e sua substituição por um padrão de fala fictício que não se encontra em nenhum falante, tornando-se gatilho para diagnósticos equivocados e patologizantes, visto que se baseia na repetição, na memorização e suspende o sentido da palavra por meio da leitura labial artificial.
PALAVRA-CHAVE: Patologização, método fonovísuoarticulatório e internet.
ÁREA: Fonoaudiologia
NÍVEL: Estudo original de natureza quantitativa ou qualitativa
FINANCIAMENTO: CNPq
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