Autores:
Gabriela Leme Lamana, duh_vitta@hotmail.com, Jose Antonio Rocha Gontijo,
Introdução: De acordo com dados de 2018 da Organização Mundial da Saúde (OMS) a desnutrição materna continua sendo um problema de saúde pública mundial e está relacionada ao baixo peso ao nascer (BPN). Anualmente nascem cerca de 20 milhões de crianças com BPN em todo mundo, representando cerca de 15,5% de todos os nascimentos. O baixo peso ao nascer foi incluído no último relatório da OMS que definiu uma meta global de reduzir o BPN em 30% até 2025. O pesquisador inglês David Barker em 1989 foi pioneiro ao relacionar a nutrição durante o período intrauterino e a infância estava associada à risco aumentado para o aparecimento de doença cardíaca no adulto e, alguns anos mais tarde também afirmou que crianças que nascem com baixo peso tem maior risco de desenvolver doença cardiovascular quando adultas, independente da exposição a outros fatores de risco clássicos como obesidade, sedentarismo e tabagismo. Estas constatações levaram Barker, em 1989, a interpretar o ambiente fetal como um novo componente na etiologia das doenças cardiovasculares e fundamentaram aquela que ficou conhecida como hipótese de Barker. Posteriormente, Barker obteve novas evidências da associação entre o baixo peso ao nascer e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares no adulto, fortalecendo a hipótese de que o retardo do crescimento intra-utero (RCIU) aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares na fase adulta. Nesse ínterim, nota-se que no período pré-natal, o estresse psicossocial tem sido associado a parto prematuro e bebês pequenos para a idade gestacional bem como baixo peso ao nascer (Hobel et al., 2008; Littleton et al., 2010). O conceito Developmental Origins of Health and Disease (DOHaD) define que as condições gestacionais determinam mudanças para otimizar o fenótipo para adaptação ao ambiente pós-natal (Barker 2007). Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo, ratificar que o estresse gestacional materno colabora para o BPN. Metodologia: Foram utilizados camundongos C57 machos e fêmeas provenientes do Centro de Bioterismo da Universidade Estadual de Campinas, SP (CEMIB). Foi utilizado nas fêmeas um protocolo de estresse crônico baseado em dois protocolos de estresse crônico materno (Benoit, 2015; Guan, 2021), sendo selecionado 10 estressores, aplicados no 6º dia gestaionl (DG6) até o término da gestação (DG18). Para a coleta da prole dessas fêmeas, os machos foram submetidos à anestesia com Isofurano (1-5%), vaporizado em 60% de O2, sendo inserido um cateter no ventrículo esquerdo para realização da perfusão e posterior coleta dos órgãos. A análise estatística das medidas foi feita pelo software GraphPad Prism versão 8.0. Aspectos éticos e legais: Todos os procedimentos experimentais com animais foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA), pelo protocolo 5788-1/21. Discussão: Estudos têm demonstrado que estresses maternos, emocionais e nutricionais estão relacionados ao processo de programação (Wijewickrama et al., 2011; Wallack and Thornburg, 2016). Dessa forma, o presente estudo já vem avaliando os efeitos do estresse crônico gestacional materno alterando o peso ao nascer, os valores dos pesos dos rins esquerdos e direitos na coleta a fresco além do percentual de gordura total. Resultados: Foram analisados os pesos dos animais ao nascer 0 dias pós-natal (0DPN), (7DPN) e 14 DPN, chegando nos seguintes resultados: vimos uma diferença significativa (p=0,0001) no peso ao nascer (Figura3 – item A), com uma média de 1,352 no grupo controle e 1,180 no grupo estresse. A diferença entre as médias foi de -0,1714 ± 0,02548 com um intervalo de confiança de -0,2220 para -0,1208 sendo analisados um n= 52 no grupo controle e 41 no grupo estresse. Foram analisados ainda, uma diferença insignificante no 7º DPN e no 14ºDPN, mas que evidenciam um crescimento catch-up na 14ª semana (Figura 4 – item B).O peso do rim direito e esquerdo da coleta a fresco, corrigido pela tíbia, (Figura 5 – item F e G) foram valores significativos com grupo controle (n=10) com média 0,007877 e grupo estresse (n=8) com média 0,008125. A diferença entre as médias e o intervalo de confiança foram 0,0002480 ± 0,0003984, -0,0005966 para 0,001093, respectivamente. Assim como também a gordura total (Figura 4 – item E) obteve um valor significativo com p= 0,0008; com grupo controle (n=7) com média 0,3230 e grupo estresse com média 0,2596. A diferença entre as médias foi de -0,06345 ± 0,1341, o intervalo de confiança foi -0,3510 para 0,2241.
PALAVRA-CHAVE: Programação fetal, Baixo peso ao nascer, Hipótese de Barker, Estresse Gestacional
ÁREA: Ciência Básica
NÍVEL: Estudo original de natureza quantitativa ou qualitativa
FINANCIAMENTO: FAPESP
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