Autores:
Júlia Simioni Freitas, Daniela Angerame Yela Gomes,
Introdução: O câncer de endométrio é a neoplasia ginecológica de corpo de útero mais comum no Brasil. Seu principal sintoma é o sangramento uterino anormal (SUA) e o exame padrão-ouro para identificação das lesões uterinas é a histeroscopia. Considerando que o SUA é um sintoma incômodo e que a histeroscopia diagnostica o câncer de endométrio, estes são fatores que promovem diagnóstico precoce e, consequentes, maiores taxas de sobrevida às mulheres afetadas. Entretanto, devido à pandemia da COVID-19 iniciada em 2020, consultas eletivas e exames de rotina foram cancelados e muitas mulheres deixaram de buscar o serviço de saúde mesmo em vigência de sintomas por medo de serem contaminadas pelo Sars-CoV-2. Em função disso, é possível que menos casos de câncer de endométrio tenham sido diagnosticados, ou o tenham sido em estadios mais avançados. Objetivos: Comparar a prevalência de exames de histeroscopia realizados, de diagnósticos de câncer de endométrio e o estadiamento do câncer de endométrio no momento do diagnóstico antes e durante a pandemia da COVID-19. Métodos: Estudo observacional retrospectivo com 700 mulheres que foram submetidas ao exame de histeroscopia em atendimento no Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (CAISM/UNICAMP) durante dois anos antes (2018 e 2019) e dois anos durante a pandemia (2020 e 2021). As variáveis analisadas nos prontuários foram: idade, Índice de Massa Corpórea (IMC), hipertensão arterial, diabetes mellitus, comorbidades, paridade, número de gestações e abortos, tabagismo, tempo de menopausa, sangramento uterino anormal e sangramento pós-menopausa, cor da pele, indicação do exame de histeroscopia e, em caso de diagnóstico de câncer, o estadiamento. De acordo com os critérios de inclusão e exclusão, foram analisados 700 prontuários, dos quais 69 foram excluídos. Os dados foram coletados por revisão de prontuários médicos, registrados em ficha de estudo, inseridos e codificados em planilha no Microsoft ExcelⓇ utilizada para análise estatística. Resultados: A análise comparativa entre antes e durante a pandemia evidenciou maior frequência de hipertensão arterial, comorbidades e menopausa e menor frequência de sangramento uterino anormal antes da pandemia. Além disso, a tendência anual evidenciou que não houve tendência significativa para câncer de endométrio (p=0,956). Porém, houve redução significativa de hipertensão arterial, Diabetes mellitus, menopausa, indicação do exame por espessamento endometrial e aumento significativo de SUA como indicação do exame (p=0,003). Conclusões: Apesar de não ser possível estabelecer uma relação direta, percebe-se que a pandemia reduziu a quantidade de mulheres com comorbidades que realizaram o exame de histeroscopia e aumentou a frequência de pacientes com SUA ao longo dos anos. Este cenário pode indicar que pacientes com maiores riscos de complicações pela COVID-19 buscaram menos os serviços de saúde. Além disso, pode indicar que as pacientes levaram mais tempo para buscar os serviços de saúde, pois houve mudança no perfil da indicação do exame, antes da pandemia principalmente por espessamento endometrial em ultrassom transvaginal e, durante a pandemia, sangramento uterino anormal.
PALAVRA-CHAVE: pandemia, COVID-19, histeroscopia, câncer de endométrio
ÁREA: Ginecologia e Obstetrícia
NÍVEL: Estudo original de natureza quantitativa ou qualitativa
FINANCIAMENTO: CNPq
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