XXXI CoMAU - 2022


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TRANSPLANTE HEPÁTICO POR CARCINOMA HEPATOCELULAR: O IMPACTO DOS NÍVEIS DE AFP

Autores: Beatriz Cipriano Ribas, Elaine Cristina de Ataide,



RESUMO

INTRODUÇÃO: O carcinoma hepatocelular (CHC) corresponde a 90% das neoplasias primárias de fígado. É a quarta causa de morte associado ao câncer no mundo. O principal tratamento é o transplante hepático, contudo a escassez de órgãos e o risco de recidiva tumoral dificultam sua eficácia. Os critérios de Milão (1996) estabelecem a seleção padrão de pacientes com CHC para o transplante hepático. Todavia, estudos publicados nas últimas décadas criticam esse critério, considerando-o restritivo e devido à falta de índice biológico tumoral. Níveis elevados de AFP, marcador molecular, no pré-operatório de transplante hepático foram correlacionados a menor taxa de sobrevida, a maior recidiva tumorale tumores pouco diferenciados. Perante aos índices de mortalidade de CHC e a escassez de órgãos para transplante, torna-se importante ampliar e otimizar o transplante hepático para os pacientes. O objetivo deste estudo foi avaliar se há correlação entre os valores de AFP e a recidiva tumoral e sobrevida na coorte de pacientes submetidos a transplante hepático no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC-UNICAMP). METODOLOGIA: Foi realizada a análise retrospectiva da base de dados do Grupo de Transplantes de Fígado HC-UNICAMP. Os critérios de inclusão foram: idade maior ou igual a 18 anos; pacientes submetidos a transplante de fígado, no HC-UNICAMP no período de 01 de janeiro de 2008 a 31 de dezembro de 2019; diagnóstico de CHC confirmado pelo anatomopatológico, que apresentaram coleta adequado de níveis de AFP no pré-operatório. Como medida de concordância foi aplicado o coeficiente Kappa. A magnitude do coeficiente é definida como: valores maiores ou iguais a 0.75 indicam excelente concordância, valores entre 0.75 e 0.40 indicam boa concordância e valores menores ou iguais a 0.40 não indicam concordância. Para identificar fatores que discriminam o padrão-ouro positivo foi utilizada a análise de regressão logística univariada e múltipla com critério Stepwise de seleção de variáveis. O nível de significância adotado para este estudo será de 5%. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A coorte final foi de 214 sujeitos, sendo 162 (75,7%) do sexo masculino e 52 (24,3%) do sexo feminino. A idade no momento da listagem variou de 34 a 77 anos, sendo a mediana de 61 anos. A etiologia de base do fígado cirrótico com CHC mais frequente foi hepatite por vírus C (VHC), afetando 141 indivíduos. O tempo de espera na lista para transplante variou de zero a 96,4. Os valores de MELD pré-transplante variaram de 6 a 45. Na coorte estudada, 71 pacientes (33,1%) foram submetidos à quimioembolização e 21 pacientes (9,8%) a downstaging. O nível sério de AFP antes do transplante variou de 0,83 a 23.900,00ng/ml. Já o maior valor de AFP antes do transplante variou de 1,56 a 60.500,00 ng/ml. Houve recidiva em 18 dos pacientes analisados (8,4%) e 106 pacientes haviam falecido. As causas de óbitos mais frequentes foram infecciosa, metabólica. As variáveis que se correlacionam com a recidiva de doença foram: nível de AFP antes do transplante (p =0.0043); número de nódulos no explante (p = 0.0208); invasão microvascular, que foi verificada em 8 pacientes (44,4%) dos 18 (100%) os quais tiveram recidiva, com p =0.0371; presença de invasão macroscópica no explante, com p= 0.0384. Os fatores com impacto na sobrevida nesta população foram: idade (p=0.0051); número de nódulos (p=0.0417); número de segmentos acometidos no exame de imagem pré TOF (p=0.0064); tamanho do nódulo no explante (p=0.0083). A sobrevida média foi de: 64,9% em 6 meses; 60,2% em 1 ano; 47,7% em 5 anos. Na população de nosso estudo a idade, sexo, etiologia da hepatopatia foram condizentes com a literatura. Em nosso estudo, assim como na população estudada por Notarpaolo et al., a maior proporção da etiologia da hepatopatia de base foi por hepatite C (VHC). Nosso estudo também apresentou, assim como na literatura, valores maiores em média do escore AFP Model para pacientes com recidiva (0.92 ± 1.13 vs 1.72 ± 1.23; p = 0.0036). Além disso, pacientes com recidiva também apresentaram maiores percentuais de risco alto (p = 0.0151) em relação aos pacientes sem recidiva. Não houve correlação estatisticamente significativa entre óbito e valores de AFP, assim como o tempo de sobrevida. Não foi possível estabelecer um modelo de predição de recidiva devido à baixa frequência de casos na coorte estudada. CONCLUSÃO: Nossos resultados foram semelhantes aos obtidos nos estudos que avaliaram The AFP Model em suas populações (francês, latino e italiano), apesar da baixa frequência de casos de recidiva. Considerando a necessidade cada vez maior de órgãos e a importância que se tem conhecido de incluir características biológicas evolutivas do tumor na seleção de pacientes com menor risco de recidiva de CHC, um modelo que inclua a AFP como marcador tumoral de agressividade, além de tamanho e quantidade de nódulos, seria benéfico a fim de melhorar a acurácia de seleção dos pacientes contemplados com o tratamento e, consequentemente, seu prognóstico.



PALAVRA-CHAVE: Transplante hepático; Carcinoma hepatocelular; Alfafetoproteína




  Apresentação



ÁREA: Cirurgia

NÍVEL: Estudo original de natureza quantitativa ou qualitativa

FINANCIAMENTO: CNPq




XXXII CoMAU - 2023

29, 30 de Setembro e 01 de Outubro de 2023
FCM/Unicamp


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