Autores:
Thais dos Santos Martins, Renata Ferreira Magalhães,
Introdução: A hidradenite supurativa (HS) também conhecida como “acne inversa” ou “Doença de Verneuil” é uma doença dermatológica inflamatória crônica decorrente da hiperqueratose e oclusão a longo prazo do folículo pilossebáceo que leva a um rompimento e extrusão do conteúdo folicular. A etiologia ainda é incerta, mas sabe-se que frequentemente acomete áreas intertriginosas, como as axilas, virilhas e região perineal. A HS pode ser classificada por meio dos Estágios de Hurley em três grupos de acordo com a gravidade da doença. O Estágio I é o mais leve e classificado quando há um abscesso único, ou múltiplos, mas sem fístulas ou cicatrizes. O Estágio II trata-se de um quadro moderado com a presença de cicatrizes e fístulas, com a recorrência de um abscesso único, ou múltiplos, separados. O Estágio III é grave, muitas fístulas interconectadas e abscessos atingindo uma ou mais áreas anatômicas inteiras. A padronização do tratamento da hidradenite é dificultada pela sua etiologia multifatorial, no entanto, diversas opções terapêuticas vêm sendo utilizadas ao longo dos anos. Além das medidas não medicamentosas como uma correta higienização, perda de peso e cessação do tabagismo, pode-se usar antibióticos tópicos e sistêmicos, retinóides, laserterapia, tratamento cirúrgico e imunobiológicos como o anti-fator de necrose tumoral (anti-TNF). Objetivo Geral: Realizar o levantamento dos casos de hidradenite supurativa atendidos no ambulatório de um hospital terciário desde o início de 2012 até o final de 2021. Objetivo Específico: Avaliar as características dos pacientes, desde a idade de início, comorbidades, hábitos e vícios, índices de gravidade, qualidade de vida ao longo do tempo de acompanhamento, número de cirurgias, medicamentos usados e resultados dos tratamentos. Métodos: Foi solicitado uma listagem dos pacientes do ambulatório de hidradenite supurativa ao setor de informática de um hospital terciário. A pesquisa foi realizada com base na revisão dos prontuários dos pacientes diagnosticados com hidradenite supurativa desde 2012 até o final de 2021 que acompanham em um ambulatório de Dermatologia de um hospital terciário. A idade, data de nascimento, gênero, quantidade de consulta, tratamentos, entre outros dados foram utilizados para analisar e compor o perfil do paciente ao longo do tempo de acompanhamento. Foi utilizado também o método IGA (Investigator Global Assessment) em que há uma classificação de 0 a 3 para avaliar o quanto a terapia foi eficiente. Resultados: Foram avaliados 70 prontuários, sendo a maioria dos pacientes do sexo feminino (60%). Dentre todos os pacientes, pela classificação de Hurley, 9 eram Hurley 1, representando 12,86%; 22 eram Hurley 2, representando 31,43% e 39 eram Hurley 3, representando 55,71%. As idades dos pacientes tomando como base o ano de 2021 variavam entre 16 e 61 anos, com uma média de 33,59 anos e uma mediana de 32 anos. Já a idade de surgimento da HS apresentava uma variação entre os 8 e 49 anos, tendo a média da idade de surgimento aos 20,9 anos e uma mediana aos 18,5 anos. Em relação às áreas acometidas pela HS, cabe ressaltar que as mais comuns foram: axilas 87,14 %; região virilha/inguinal 74,29%. Em relação aos métodos terapêuticos, foi avaliado o uso de imunobiológicos, antibiótico sistêmico, corticoide sistêmico, tratamentos tópicos, retinóides, realização de drenagem, laserterapia e abordagem cirúrgica. Dos 70 pacientes participantes do estudo, 51,43% apresentaram boa resposta ao tratamento em no mínimo 6 meses de tratamento e 48,57% não obtiveram boa evolução nesse tempo (mantiveram IGA maior que 2). Dos tratamentos realizados, ressalta-se o imunobiológico adalimumabe utilizado por 17,14% dos pacientes, sendo todos eles Hurley 3. Dos que fizeram uso dessa terapia, 87,5% evoluíram para uma eficácia terapêutica de acordo com o IGA. Discussão e conclusão: Dos tratamentos realizados, o que teve melhor eficácia, levando em consideração o IGA, foi o imunobiológico adalimumabe em que apresentou uma melhor resposta terapêutica em relação também a outros imunobiológicos como infliximabe, secuquinumabe e tocilizumabe. Cabe ressaltar que o estudo com os imunobiológicos foi realizado principalmente para os casos mais graves de hidradenite supurativa e mostrou-se uma terapia eficaz que está sendo cada vez mais utilizada.
PALAVRA-CHAVE: hidradenite supurativa, qualidade de vida, estadiamento, tratamento.
ÁREA: Clínica Médica
NÍVEL: Estudo original de natureza quantitativa ou qualitativa
FINANCIAMENTO: SAE/ AF- PIBIC
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