Autores:
Laura de Oliveira Ferreira Da Silva, Ivani Rodrigues Silva,
Nos últimos anos o ensino efetivo de português como segunda língua para crianças surdas se tornou palco para inúmeros debates. As atuais políticas de educação no Brasil têm apontado para a importância de novas perspectivas no ensino de estudantes surdos, objetivando uma maior efetividade no processo de aprendizagem dentro do espaço escolar e proporcionando o acesso e a valorização de metodologias que favoreçam uma educação mais inclusiva, mediada por ferramentas multimídias. O ensino da Língua Portuguesa é crucial no desenvolvimento escolar do aluno da Educação Básica, podendo ser utilizado diversas ferramentas e arcabouços didáticos para facilitar a aprendizagem e o ensino ofertados pelos professores desta disciplina. O presente trabalho tem como objetivo observar o uso de jogos digitais para auxiliar o aprendizado do português escrito por crianças surdas que estão no início do processo de alfabetização. mostrando que o jogo se constitui espaço para a reflexão sobre aspectos linguísticos, tanto de Libras, quanto do português escrito, por meio da utilização dos aspectos imagéticos e lúdicos do jogo. Metodologia: O trabalho foi realizado no CEPRE - Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação “Profº. Drº. Gabriel O.S. Porto” localizado na Universidade Estadual de Campinas e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o nº do CAAE (Certificado de Apresentação de Apreciação Ética): 91236918.0.0000.5404. Fazem parte da pesquisa sete crianças surdas, com idades que caíram de 9 a 10 anos, todos filhos de pais ouvintes (com exceção de uma que é filha de mãe surda, mas convive desde o nascimento com os avós ouvintes). Essas crianças participam de um grupo de apoio escolar com abordagem bilíngue. As ações no grupo são coordenadas pela Professora Ivani Rodrigues Silva, que orienta o trabalho da equipe composta pela professora surda, formada em Letras, fluente em Libras e pelos alunos do curso de graduação em Fonoaudiologia. Os encontros são realizados periodicamente em dois dias na semana, com duração aproximada de duas horas cada um. Fazem parte da equipe desse Programa de apoio escolar Bilíngue uma equipe multidisciplinar composta por profissionais das áreas de fonoaudiologia, do serviço social, da área da linguística e da psicologia. Os acontecimentos são registrados por meio de gravações e relatórios diários, possibilitando a posterior análise. Resultados: Apesar de as tecnologias serem elementos muito presentes no nosso dia a dia, é muito comum que elas não tenham espaço durante as atividades escolares. Observa-se um incômodo dos educadores quando essas tecnologias são utilizadas dentro da sala de aula por parecer que elas distraem os alunos, por essa razão há regras explícitas para o uso desses aparelhos em sala de aula. Há professores que guardam os celulares das crianças para não atrapalhar os conteúdos da escola. No entanto, as novas tecnologias podem auxiliar o processo escolar de muitas maneiras, até porque ela faz parte de nossas vidas. Com esse grupo de crianças do CEPRE utilizamos um jogo elaborado em formato de questionário, buscando revisar os conteúdos vistos com a professora de forma descontraída. Foi utilizado a plataforma do Kahoot. Inicialmente a ferramenta foi utilizada apenas como uma brincadeira em momentos pontuais, mas depois verificou-se que havia muitos ganhos em seu uso. As crianças se mostraram bastante receptivas à competitividade e a tecnologia se mostrou um diferencial em relação às atividades tradicionais comumente praticadas em suas escolas. Além disso, também possibilitou que as crianças trabalhassem em equipe e se aproximassem umas das outras durante o processo de letramento. Discussão: Silva & Trindade (2021) ao explorarem a contação de histórias em um grupo de crianças surdas, filhas de pais ouvintes perceberam que as crianças exploravam nos livros de histórias que lhe eram contadas pela professora surda sinalizadora muito mais a partir das imagens presentes nesse tipo de material do que propriamente da escrita. Desta forma, a partir da leitura feita pela professora e as imagens do livro as crianças reproduziam as histórias mesmo sem lê-las. Esse contato inicial com as histórias e com a escrita provocou nas crianças diferentes reações. Abaixo trecho de transcrição de um trecho de história do livro João e Maria contada por uma das crianças do grupo
PALAVRA-CHAVE: Surdos; Libras; Educação; Jogos; Letramento
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