Autores:
Gabriel Monteiro Salvador , Clarissa Lin Yasuda ,
Introdução. Embora os sintomas de fadiga, depressão, sonolência e ansiedade façam parte da síndrome Pós-covid, pouco se sabe sobre o impacto negativo na capacidade de trabalho. Aqui quantificamos esses sintomas com questionários validados e analisamos a relação com a redução da capacidade de trabalho. Objetivos. Investigar o impacto dos sintomas neuropsiquiátricos persistentes (e disfunções cognitivas) na vulnerabilidade ocupacional dos sobreviventes em um grupo homogêneo de trabalhadores. Materiais e métodos. Analisamos 626 indivíduos bancários com diagnóstico de COVID19 confirmado (hospitalizados (17%) e não hospitalizados (83%)). As informações foram extraídas do banco de dados de um estudo já em andamento. Os pacientes responderam a “Escala de Fadiga de Chalder (CFQ)”, “Escala de Sonolência de Epworth (ESS)”, “Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalar (HADS)” e “Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT)”. Utilizou-se o SPSS22 para análise estatística com testes Qui-Quadrado para análise de proporções. Resultados. Os participantes apresentaram idade média de 42 anos (22 a 66 anos), sexo (53,5% feminino), escolaridade (48,9% graduação completa, 35,6% pós-graduação e 8,1% ensino médio completo), vacinação (83,4%) e função no trabalho (74,6% contato com o público e 25% setor administrativo). Com um intervalo médio de 200 dias entre o diagnóstico e a entrevista, os sujeitos relataram vários sintomas, incluindo fadiga (37%), ansiedade (36%), depressão (17%) e disfunção cognitiva (29%). Aproximadamente 20% não relataram sintomas pós-covid na entrevista. A quantificação dos sintomas com questionários revelou sonolência excessiva (45,1%), fadiga (79,2%), sintomas de ansiedade (60,6%) e sintomas de depressão (65,9%). Além disso, a comparação de sintomas entre o grupo com ICT normal (37,5%) e ICT reduzido (62,5% dos participantes) revelou níveis elevados de sonolência diurna (25% versus 56%; p<0,05), fadiga (54% versus 93,2%; p<0,05), sintomas de depressão (18% versus 68,2%; p<0,05) e ansiedade (30% versus 76,8%, p<0,05). Conclusão. Nossos resultados revelam um impacto negativo dos sintomas neuropsiquiátricos na redução da capacidade de trabalho meses após a infecção aguda. Esses achados apontam para a necessidade urgente de fornecer tratamento específico aos pacientes para minimizar a sobrecarga individual e a perda econômica.
PALAVRA-CHAVE: COVID-19, Síndrome pós-covid, Capacidade de trabalho, sintomas neuropsiquiátricos
ÁREA: Clínica Médica
NÍVEL: Estudo original de natureza quantitativa ou qualitativa
FINANCIAMENTO: FAPESP
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