XXI SEMAFON - 2023


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A PESSOA SURDA E ACESSIBILIDADE LINGUÍSTICA NA TELEVISÃO

Autores: Yasmin Morais e Castro Mota e Nubia Garcia Vianna



RESUMO

INTRODUÇÃO: As principais barreiras com as quais as pessoas surdas se deparam são aquelas referentes às barreiras na comunicação e na informação, sendo estas definidas pela Lei Brasileira de Inclusão como “qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação”. Alguns autores (XAVIER et al. 2018; SOUZA et al. 2020) , ao considerar estas barreiras associadas ao surdo usuário de Libras, ainda utilizam o termo “barreira linguística”, uma vez que o obstáculo reside em não considerar que a informação precisa ser veiculada por meio de uma outra língua. São raras as emissoras de televisão cuja programação se mostra acessível às pessoas surdas. Trata-se de um real descumprimento da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e da Lei Brasileira de Inclusão – Lei 13.146/2015.

OBJETIVOS: Objetivo geral: Analisar a acessibilidade para as pessoas surdas em ambiente televisivo e o acesso às informações de saúde por meio da televisão. Objetivos específicos: 1) Realizar levantamento dos programas produzidos pelas emissoras regionais; 2) Identificar, na programação regional, a presença de janela de Libras; 3) Analisar a percepção de pessoas surdas sobre a acessibilidade em programas produzidos e exibidos por emissoras regionais e nacionais; 4) Analisar a percepção de pessoas surdas sobre o papel da televisão no acesso às informações de saúde.

MÉTODOS: Trata-se de pesquisa qualitativa; foram realizadas entrevistas semiestruturadas com dez participantes, divididos em dois grupos: 1) seis profissionais que trabalhavam há, pelo menos um ano, em emissoras locais, com sede e concessão em Campinas, sendo elas EPTV Campinas, TVT Sistema THATHI de Comunicação, VTV SBT Campinas e TV Câmara Campinas. 2) quatro pessoas surdas, maiores de 18 anos, com perda auditiva bilateral de grau severo e/ou profundo, que utilizam a Libras como principal forma de expressão, que possua televisão em casa e que seja residente de Campinas ou região.

RESULTADOS: Com o objetivo de analisar a acessibilidade para as pessoas surdas em ambiente televisivo e o acesso às informações de saúde por meio da televisão foram entrevistas pessoas surdas e profissionais de emissoras de televisão. A análise do conjunto do material obtido resultou nas seguintes categorias temáticas: A) A pessoa surda e a (falta de) acessibilidade na televisão, B) Televisão como veículo de acesso às informações gerais de saúde e sobre COVID-19 e C) Televisão como barreira às informações de saúde para pessoa surda. A)A pessoa surda e a (falta de) acessibilidade na televisão Na visão dos surdos entrevistados, praticamente não há acessibilidade na televisão para a pessoa surda e a falta de acesso às informações noticiadas, bem como ao conteúdo de entretenimento é uma realidade vivida cotidianamente. Os jornalistas entrevistados também justificam que as emissoras cumprem o que é cobrado na legislação, visto que eles não percebem que a ausência da Janela de Libras representa uma barreira linguística e comunicacional para as pessoas surdas. [..] se tivesse janela de Libras aí teria 100% (de acesso à informação). É o único recurso que eu conseguiria 100% de informação e acessibilidade é a janela (de Libras) (Tomas, surdo). B) Televisão como veículo de acesso às informações gerais de saúde e sobre COVID-19 Os jornalistas entrevistados reconhecem o quão importante é a televisão enquanto veículo de informações seguras, dos mais variados tipos, sobre saúde, seja contemplando os temas como parte do conteúdo da programação, ou dedicando programas inteiros sobre saúde. Na pandemia de Covid-19, este papel ficou ainda mais evidente, sendo a televisão, especialmente os telejornais, importantes fontes de informação sobre o contexto pandêmico. “De promoção de saúde [...] no início da pandemia, [..] e a gente trabalhou com um conceito desmistificando (a COVID-19) [...] Quando você entra na questão de fake news, é...a gente trabalha nessa desmistificação[...] (Nosso papel) É promover, na nossa região, informar nossa região [...]” (Diego, jornalista da EPTV Campinas). c)Televisão como barreira às informações de saúde para pessoa surda Na análise de resultados sobre a televisão como barreira às informações de saúde para a pessoa surda, dos entrevistados, quase nenhum declara sua compreensão nas informações sobre COVID-19 transmitidas na televisão por falta de acessibilidade, visto que todos os entrevistados surdos relataram que quando sentiam dificuldade pediam ajuda aos familiares e amigos. “[..] às vezes, eu fico perguntando “O que é que tá falando?" para a minha família se não (respondem)...ahhh, deixa, eu fico só olhando mesmo, fico quietinha só olhando (para a televisão)” (Roberta, surda).

CONCLUSÃO: Após ampla pesquisa e entrevistas realizadas, conclui-se que a acessibilidade para as pessoas surdas em ambiente televisivo é escassa, o que destaca uma lacuna informacional na vida destas pessoas que estão postas à margem da sociedade, principalmente, quando colocado em pauta o acesso às informações de saúde por meio da televisão.

PALAVRA-CHAVE: Acessibilidade. Surdez. Direito à Saúde.
ÁREA: Audição e equilíbrio
NÍVEL: Graduação
FINANCIAMENTO: CNPq



XXI Semafon - 2023


18 à 22 de Setembro de 2023


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