Autores:
Marina Pinheiro Tanaka, Sávia Letícia Menuzzo Quental e Maria Isabel Ramos do Amaral
INTRODUÇÃO: O envelhecimento implica no declínio de funções cognitivas e sensoriais, como a deficiência auditiva, podendo restringir a participação social do sujeito. Assim, instrumentos de rastreio cognitivo, como o Montreal Cognitive Assessment (MoCA), têm sido aplicados em indivíduos com e sem perda auditiva e os resultados apontam para possível associação entre a deficiência auditiva e piores desempenhos neste instrumento.
OBJETIVOS: Analisar o desempenho no MoCA em adultos e idosos encaminhados para avaliação audiológica básica de um hospital universitário.
MÉTODOS: Estudo descritivo, quantitativo e prospectivo, aprovado pelo CEP da instituição (#5.571.137). Selecionou-se adultos e idosos encaminhados para avaliação auditiva no Ambulatório de Otorrinolaringologia de um hospital universitário, de ambos os sexos, idade mínima acima de 40 anos, audição normal ou perda auditiva do tipo mista e/ou neurossensorial de grau leve a moderadamente severo ou perda auditiva limitada a frequências altas e o não uso de dispositivos de amplificação sonora. Foram excluídos sujeitos com diagnóstico de comprometimento neurológico, cognitivo, psiquiátrico e/ou síndromes que afetem linguagem e/ou audição e que faziam uso contínuo de medicamentos com ação no Sistema Nervoso Central. Os participantes realizaram avaliação audiológica básica, entrevista para identificação da queixa auditiva e caracterização socioeconômica e rastreio com o MoCA. Os resultados do MoCA foram analisados segundo escores validados para a pontuação total e para cada domínio, sendo eles Visuoespacial/Executiva, Nomeação, Memória, Atenção, Linguagem, Abstração, Evocação Tardia e Orientação.
RESULTADOS: Dos sujeitos avaliados, 12 (63,16%) eram mulheres e sete (36,84%) homens, com idade entre 50 e 78 anos e média de 65 anos. Quanto às queixas auditivas, 12 sujeitos (63,16%) relataram hipoacusia, 11 (57,89%) zumbido, quatro (21,05%) dificuldade de compreensão de fala e dois (10,53%) tontura. Três sujeitos (15,79%) apresentavam limiares auditivos normais bilateralmente, quatro (21,05%) apresentavam perda auditiva unilateral e 12 (63,16%) apresentavam perda auditiva bilateralmente. O tempo de queixa dos indivíduos com perda auditiva foi entre oito meses e 42 anos, com média de 15,42 anos. A pontuação média dos participantes no MoCA foi 22,63 pontos (+3,60), sendo que 14 sujeitos (73,68%) tiveram resultado abaixo da pontuação de corte (26 pontos). Os domínios com menor pontuação média foram o Visuoespacial/Executiva (2,79 pontos), Linguagem (1,58 pontos), Evocação tardia (2,84 pontos) e Atenção (1,26 pontos). Observou-se pior pontuação média no MoCA (21,86 pontos) nos indivíduos acima de 60 anos quando comparados com indivíduos com até 59 anos (24,4 pontos). Constatou-se menor pontuação média (21,86 pontos) nos sujeitos com 11 anos ou mais de tempo de queixa em relação aos indivíduos com até 10 anos de queixa auditiva (22,92 pontos).
CONCLUSÃO: A maior parte dos participantes apresentou desempenho aquém do esperado no MoCA, sendo os domínios da Função Executiva/Visuoespacial, Atenção, Evocação tardia e Linguagem os de menor pontuação. O tempo de queixa auditiva e a idade dos participantes mostraram-se como possíveis fatores que interferem no desempenho dos sujeitos no MoCA.
PALAVRA-CHAVE: Audição, Cognição, Demência, Percepção Auditiva |
ÁREA: Audição e equilíbrio |
NÍVEL: Graduação |
FINANCIAMENTO: FAPESP |
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