Autores:
Claudia de Souza Ozores Caldas e Irani Rodrigues Maldonade
INTRODUÇÃO: Considerados como defeituosos, as pessoas com deficiência fizeram parte de uma história de segregação. Algumas pessoas com deficiências eram institucionalizadas e consideradas débeis mentais e ameaçadoras. Fatos históricos que demostraram a face da violência, opressão e exclusão, comportamentos ainda presentes nos tempos atuais. Como ato de discriminação, o capacitismo revela um conjunto de preconceitos que rotulam a pessoa com deficiência como diferentes, insuficientes e menos capazes e negligenciam os direitos e funcionalidades dessa população. Portanto, as reflexões sobre o capacitismo são necessárias e devem envolver as Pessoas com Deficiência (PcD), as práticas de trabalho desta população e a sociedade na qual estão inseridas.
OBJETIVOS: Relatar as narrativas das Pessoas com Deficiência que trabalham no Centro Especializado em Reabilitação - CER III sobre o Capacitismo, visando entender as vivências e construir propostas anticapacitistas.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo qualitativo, de corte transversal feito a partir de entrevistas semiestruturadas, gravadas em áudio. Os dados deste trabalho são um recorte da pesquisa: Visão de pessoas com deficiência e profissionais de saúde em reabilitação sobre o Capacitismo aprovada pelo CEP/Unicamp sob o n. 5.820.858. Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), autorizando a participação deles na investigação. Foram entrevistadas duas pessoas com deficiência que são também profissionais efetivos de um Centro Especializado em Reabilitação (CER), que realiza atendimento às pessoas com Deficiência pelo SUS nas modalidades Sensorial, Física, Intelectual, Auditiva e Oficina Ortopédica. As perguntas feitas versaram sobre as concepções e vivências sobre o tema e ideias para diminuir as atitudes capacitistas. Após a entrevista, os dados foram transcritos e analisados, com base na Análise do Conteúdo.
RESULTADOS: Os participantes relataram que o capacitismo está presente no dia a dia da pessoa com deficiência, no olhar diferente das pessoas, nos termos pejorativos, na concepção de que estas não tem capacidade para o trabalho e para se aprimorar profissionalmente. Em contrapartida, os participantes enfatizam que possuem capacidades e funções que possam somar na sociedade. Os relatos demonstram ainda a necessidade de maior acessibilidade física nas instituições que atendem a PcD. Mesmo no ambiente de um Centro de Reabilitação poderiam haver maiores adaptações. Foi consenso que há necessidade de maior entendimento do que é a deficiência e suas funcionalidades e para tal deve haver maior divulgação e informações, assim como mais oportunidades de qualificação para desenvolvimento de habilidades dentro de suas limitações. Foi referido o desejo de maior empatia e de atitudes menos preconceituosas com o outro, reconhecendo as possibilidades e conquistas de espaço profissional e na sociedade.
CONCLUSÃO: Os relatos demonstram a presença do capacitismo no ambiente de trabalho das PcDs e as narrativas visam contribuir na mudança de atitudes da sociedade, melhoria de acessibilidade e atitudes anticapacitistas destinadas a esta população
PALAVRA-CHAVE: capacitismo, pessoa com deficiência, trabalho. |
ÁREA: Saúde Coletiva |
NÍVEL: Pós-graduação |
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