Autores:
Karina Garcia Lopes Pereira e Irani Rodrigues Maldonade
INTRODUÇÃO: Os desvios fonológicos na fala de crianças são casos corriqueiros na clínica fonoaudiológica e existem diversos métodos para avaliação e tratamento deles. Diferentemente da Fonoaudiologia Tradicional, que centra o seu olhar na estrutura da língua, norteando a terapia através de treinamentos e memorização auditivo-discriminatória dos fonemas, a partir da abordagem interacionista em aquisição da linguagem desenvolvida por De Lemos e colaboradores (1982), é possível considerar o caráter multimodal da comunicação oral que faz parte do diálogo entre interlocutores. Quando falamos, usamos não só a voz, mas também o corpo e durante o diálogo os gestos e as produções prosódico-vocais se aperfeiçoam em um contínuo e se mesclam formando uma única matriz de significação linguística. Essas manifestações da multimodalidade devem ser de interesse do fonoaudiólogo na clínica de linguagem, uma vez que devem ser considerados os aspectos multimodais e não apenas o fonema, enquanto elemento linguístico. O uso de estratégias e recursos linguísticos multimodais podem proporcionar a indivíduos com problemas no processo de aquisição de linguagem maiores condições de interação, uso e funcionamento da linguagem.
OBJETIVOS: Investigar a influência dos elementos multimodais presentes no processo terapêutico fonoaudiológico de duas crianças com desvios fonológicos.
MÉTODOS: A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética sob o nº CAAE: 15400119.9.0000.5404. Foram filmadas 16 sessões de terapia fonoaudiológica, de quatro crianças de 5 a 9 anos de idade que frequentaram atendimento semanal no CEPRE-UNICAMP devido às alterações fonêmicas na fala. Para este estudo, foram selecionadas transcrições de duas sessões de dois sujeitos. Os trechos selecionados para análise foram os enunciados em que os erros ocorrem nas falas dos pacientes e trechos em que a terapeuta corrige a fala dessas crianças. Os dados coletados foram transcritos através do software ELAN para melhor descrição e análise.
RESULTADOS: Observou-se a prevalência de alguns elementos multimodais sobre outros nas intervenções fonoaudiológicas, como o uso de gestos dêiticos (apontar para a boca), seguido das variações prosódicas de intensidade e frequência na fala. Os diferentes posicionamentos da terapeuta, durante o processo terapêutico, influenciaram as reformulações das falas das crianças, colaborando para a evolução de cada caso.
CONCLUSÃO: Os elementos multimodais estão presentes no diálogo entre terapeuta e paciente e ocorrem simultaneamente à produção oral possibilitando uma melhor compreensão da fala dos pacientes e estratégias de correção e reformulação dessas falas, auxiliando positivamente a evolução terapêutica.
PALAVRA-CHAVE: fonoaudiologia; linguagem; processo terapêutico; multimodalidade |
ÁREA: Linguagem |
NÍVEL: Pós-graduação |
FINANCIAMENTO: Capes |
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