Autores:
Cauã Reis Gonçalves, Maria Francisca Colella dos Santos e Júlia Siqueira
INTRODUÇÃO: A COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo vírus SARS-CoV-2. Apesar de suas manifestações estarem fortemente relacionadas a comprometimentos respiratórios, estudos realizados com adultos apontam que esta infecção viral pode causar perda auditiva em decorrência de danos às funções das células ciliadas da cóclea.
OBJETIVOS: Este estudo objetivou analisar o sistema auditivo periférico de crianças e adolescentes que testaram positivo para COVID-19.
MÉTODOS: Foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da instituição sob parecer nº 5.454.075. Consistiu no resultado de uma iniciação científica integrante de um projeto maior intitulado “Impactos da Covid-19 no Sistema Auditivo Periférico e Central de Crianças e Adolescentes”. Foram incluídas crianças e adolescentes, com diagnóstico confirmado de COVID-19 através de exames laboratoriais, sem queixas auditivas prévias, nem eventos otorrinolaringológicos que pudessem levar à perda auditiva. Os procedimentos realizados foram: anamnese, audiometria tonal liminar, audiometria tonal liminar de altas frequências, logoaudiometria, imitanciometria e emissões otoacústicas transientes(EOA-T) e por produto de distorção(EOA-PD).
RESULTADOS: Participaram do estudo 10 sujeitos entre 11 a 15 anos(4 meninas e 6 meninos), que positivaram para COVID-19 entre dezembro de 2020 e junho de 2022. Na audiometria tonal por via aérea realizada nas frequências de 250 a 8000Hz, todos apresentaram audição dentro dos padrões da normalidade bilateralmente(OMS, 2020). As médias dos limiares auditivos na audiometria tonal de altas frequências envolvendo as frequências de 9000 a 20000 Hz variaram entre 5,5 e -16dBNA na orelha direita e 8,5 e -15dBNA na orelha esquerda. Todos apresentaram índice Perceptual de Reconhecimento de Fala igual ou maior que 92%, indicando nenhuma dificuldade para reconhecer os estímulos de fala. Os 10 sujeitos tiveram curva timpanométrica do tipo A bilateralmente, sugerindo mobilidade normal do sistema tímpano-ossicular. Quatro sujeitos apresentaram reflexos ipsi e contralaterais presentes bilateralmente nas frequências de 500 a 4000Hz, enquanto que os outros seis apresentaram ausência de reflexos em pelo menos uma frequência entre 2000, 3000 e 4000Hz. A estabilidade e a reprodutibilidade das EOA-T, realizada nas frequências de 1000 a 4000Hz, foram maiores do que 93% e 73%, respectivamente, para todos os sujeitos, dos quais 9 tiveram emissões presentes bilateralmente, enquanto que apenas 1 teve emissões ausentes bilateralmente. Nas EOA-PD realizadas nas frequências de 500 a 10000Hz, a confiabilidade foi de 98% para todos os examinados, os quais tiveram emissões presentes em pelo menos 8 bandas de frequência bilateralmente. No entanto, verificou-se ausência de respostas na EOA-PD, principalmente nas frequências de 500, 1000, 8000, 9000 e 10000Hz. Provavelmente a ausência de resposta nas frequências graves pode ser devido a interferência dos ruídos internos.
CONCLUSÃO: Assim, os participantes deste estudo apresentaram ausência de respostas nas altas frequências, tanto nas EOA-PD, como nos reflexos acústicos, procedimentos que avaliam o funcionamento das células ciliadas externas da cóclea e das vias neuronais aferentes e eferentes do arco reflexo. Estas alterações observadas podem ter sido decorrentes da infecção da COVID-19. Para confirmar esta hipótese será necessário ampliar o número de sujeitos avaliados em novas pesquisas. Além disso, faz-se necessário estudar também o sistema auditivo central das crianças e adolescentes acometidos pela COVID-19.
PALAVRA-CHAVE: COVID-19, SARS-CoV-2, Perda-Auditiva, Criança, Adolescente |
ÁREA: Audição e equilíbrio |
NÍVEL: Graduação |
FINANCIAMENTO: CNPq |
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