Autores:
Camila Vieira Marques e Maria Cecília Marconi Pinheiro
INTRODUÇÃO: Os primeiros meses de vida de um lactente são essenciais para o desenvolvimento das habilidades auditivas, sendo fundamental a detecção de atrasos, uma vez que constituem alguns dos pré-requisitos para o desenvolvimento da linguagem oral. Além disso, lactentes com indicadores de risco para deficiência auditiva (IRDA), mesmo nascendo em boas condições de saúde, podem apresentar um desenvolvimento infantil global abaixo da média esperada para a faixa etária ao serem comparados com lactentes sem indicadores. São indicadores de risco para lactentes saudáveis: antecedente familiar de surdez, exposição a drogas ototóxicas, hiperbilirrubinemia, infecções congênitas, anomalias craniofaciais envolvendo orelha e osso temporal e síndromes genéticas que expressam deficiência auditiva. Dessa forma, é imprescindível que os estudos de detecção e intervenção precoces sejam postos em prática, pois a perda auditiva pode acarretar atrasos no desenvolvimento da linguagem oral.
OBJETIVOS: Este trabalho tem por objetivo analisar e comparar o desenvolvimento da linguagem oral em lactentes com e sem IRDA e que passaram no Teste de Emissões Otoacústicas.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal, com análise quantitativa dos dados dos neonatos que compareceram a uma clínica escola. Foram incluídos no estudo lactentes com IRDA e sem IRDA, de 8 meses de idade cronológica, de ambos os sexos, nascidos em um hospital público, em boas condições de saúde, que passaram no Teste de Emissões Otoacústicas e que compareceram em um programa de monitoramento auditivo e de linguagem aos 8 meses de idade. Foi realizada avaliação do desenvolvimento da linguagem, fazendo uso das Escalas Bayley de Desenvolvimento Infantil III, da Escala de Aquisições Iniciais de Linguagem II (ELM-2) e de testes de localização sonora, pesquisa do reflexo cócleo-palpebral e respostas à voz. O projeto foi aprovado pelo CEP, CAAE: 58319322.7.0000.5404.
RESULTADOS: A amostra contou com 8 lactentes com IRDA e 11 lactentes sem IRDA. Os IRDA foram: colpocefalia à esquerda (12,5%), toxoplasmose (50%), hiperbilirrubinemia (12,5%), sífilis (12,5%) e herpes com o uso de drogas ototóxicas (12,5%). Na avaliação com sons instrumentais, todos os lactentes realizaram a localização lateral para o guizo, chocalho e sino, sendo que 18,18% dos lactentes sem IRDA tiveram RCP ausente bilateralmente e 12,5% com IRDA tiveram RCP ausente à esquerda. Nas Escalas Bayley-III, 18,18% dos lactentes sem IRDA estavam acima da média e 81,82% na média, e dos lactentes com IRDA, 100% estavam na média. Na escala ELM, todos os lactentes tiveram respostas adequadas nas funções auditiva expressiva e receptiva. Por outro lado, 4 lactentes demonstraram respostas visuais sociais alteradas no item "imitar jogos gestuais”, sendo destes 75% pertencentes a lactentes com IRDA e 25% sem IRDA.
CONCLUSÃO: Os grupos de crianças não apresentam diferenças significativas quanto ao desenvolvimento auditivo e de linguagem oral, sendo que, para todos os casos foram dadas orientações quanto ao desenvolvimento em geral. Ressalta-se a contribuição deste estudo para disseminar a importância do monitoramento e de orientações aos pais sobre o desenvolvimento auditivo e de linguagem, incluindo as questões visuais sociais no primeiro ano de vida.
PALAVRA-CHAVE: Linguagem; Lactente; Indicador de risco. |
ÁREA: Audição e equilíbrio |
NÍVEL: Graduação |
FINANCIAMENTO: CNPq |
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