Autores:
Thaíza Stéfani Silva
INTRODUÇÃO: A voz é muito importante na vida de todo ser humano. No entanto, há uma parcela da população que, por variados fatores, necessita de recursos da Comunicação Suplementar Alternativa (CSA), como os dispositivos geradores de fala, que permitem dar voz a esses sujeitos.
OBJETIVOS: O objetivo desta pesquisa foi conhecer o processo de escolha da voz sintetizada ou digitalizada e compreender a atuação interdisciplinar de diferentes profissionais. Como objetivo específico, pretendemos compreender a atuação fonoaudiológica desde o cuidado com o sujeito, na reabilitação, no processo de escolha da voz, e no apoio e atenção à família e mediação com os interlocutores.
MÉTODOS: A pesquisa foi exploratória, com abordagem qualitativa, com dados coletados por meio de entrevistas semiestruturadas. Os participantes da entrevista foram dois profissionais da equipe interdisciplinar da CSA, uma fonoaudióloga e um engenheiro eletrônico, que atuam conjuntamente no atendimento de casos complexos de CSA. Para os profissionais foram colocadas questões técnicas sobre a escolha das vozes, suas preferências quanto às ferramentas disponíveis no Brasil e a aceitação dos interlocutores. Ambos assinaram o TCLE. A pesquisa foi autorizada CEP nº 5.045.625 e CAAE 51636521.2.0000.5404. Os dados foram analisados a partir das categorias: sujeito e comunicação; escolha da voz; família; atuação interdisciplinar; fonoaudiologia e possibilidades.
RESULTADOS: Os profissionais relataram a participação do paciente na construção dos dispositivos de CSA e da escolha da voz. O engenheiro mencionou que a principal preocupação do paciente era encontrar uma voz não robótica. A família buscava uma voz agradável de ouvir. O engenheiro utilizou como descritores voz “robótica” e “não robótica”; (na fonoaudiologia passaria por aspectos como rugosidade, soprosidade, grave e agudo). As trocas de vozes ocorreram devido à falta de acento nas vogais. Com relação ao cuidado com o paciente, notou-se na fala da fonoaudióloga a preocupação em compreender o quanto ele se sentia confortável com aquela voz. Já o engenheiro apresentou um olhar mais técnico, buscando assegurar que o sistema novo funcionaria a partir das possibilidades que o paciente apresentava no controle das interfaces. Ambos apontaram que o processo envolve escolhas, adaptações e a identificação das especificidades de cada paciente. É preciso identificar antes de tudo os potenciais da pessoa, para depois analisar quais as melhores ferramentas de tecnologia. Os entrevistados destacaram a importância da atuação em equipe para pacientes com necessidades complexas de comunicação.
CONCLUSÃO: O estudo denota a necessidade de opções de vozes em português, que contemplem variações linguísticas do país. A atuação fonoaudiológica envolve principalmente o cuidado terapêutico, a reabilitação e intermediação do usuário com outros interlocutores e o cuidado com a família, facilitando este processo de movimento e mudanças de sistemas de comunicação e uso da voz. A interface com outras áreas de atuação é essencial. A atuação conjunta transforma o olhar profissional; favorece maior sucesso, efetividade dos recursos de cada campo profissional no fornecimento de experiências mais reais e personalizadas aos usuários. Promove um olhar mais humano para o sujeito, com atenção às nuances das interações, o que vai além de promover a ferramenta.
PALAVRA-CHAVE: Sistemas de Comunicação Alternativos e Aumentativos; Sintetizador de voz; Necessidades Complexas de Comunicação; Fonoaudiologia.
ÁREA: Interdisciplinar
NÍVEL: Pós-graduação
FINANCIAMENTO: CNPq
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