Autores:
Isadora Zonaro Dias
INTRODUÇÃO: O aleitamento materno é importante para proteção, formação de vínculo e desenvolvimento neuropsicomotor do bebê, além de garantir inúmeros benefícios à mãe. Entretanto, dificuldades perpassam o ato de amamentar, tornando-o desafiador, inclusive quando desejado. Nesse sentido, faz-se imprescindível a formação de redes de apoio em torno do binômio mãe-bebê, a fim de elevar as taxas de amamentação natural. Mediante às mídias sociais, é comum mães lactantes utilizarem-se desse meio para o compartilhamento de relatos e dificuldades. Nesse contexto, a pesquisa em questão analisa quais os efeitos de sentido são gerados a partir de tais exposições.
OBJETIVOS: Analisar postagens e comentários online de mães lactantes a respeito dos desafios do aleitamento e discutir a função contemporânea das mídias sociais como redes de apoio.
MÉTODOS: Estudo documental netnográfico de caráter qualitativo. Seguindo as etapas propostas por Kozinets (2002), selecionou-se três publicações que abordam dificuldades no aleitamento em perfis diferentes, sendo uma mulher branca, uma mulher negra e uma mulher branca com deficiência. A rede social escolhida foi o Instagram e as publicações foram selecionadas a partir da pesquisa das hashtags “amamentação”, “amamentaçãonegra” e “maecomdeficiencia”, sendo o critério de seleção a relevância na rede social. O período das publicações foi de abril de 2020 a janeiro de 2021. A coleta e análise de dados contemplou postagens e comentários subsequentes e investigou as nuances dos desafios relatados.
RESULTADOS: A pesquisa contemplou quatro eixos em relação à repercussão das publicações: (i) Demonstração de apoio; (ii) Demonstração de sentimento de identificação; (iii) Demonstração de julgamento; (iv) Trocas de informações. Publicação 1: mulher branca sem deficiência- apresentou maior número de interação; relatou dores e diminuição na produção ao engravidar no período de lactação. Comentários: Eixo (i) correspondeu a 44%, a exemplo “sinta-se acolhida…”; Eixo (ii) 42,7%, “me vi nesse texto…”. Eixo (iii) 6,7%, “você não se cuidou” e eixo (iv) 6,7%, “é mito que amamentar grávida causa aborto?”. Publicação 2 - mulher negra sem deficiência- relata dificuldades em relação à exaustão e redes de apoio. Comentários: Observou-se somente apoio e identificação: Eixo (i) “obrigada por compartilhar”; Eixo (ii) “também optei por livre demanda…”. Publicação 3 - mulher branca com deficiência- refere que passou por angústias que perpassam a deficiência visual e os índices de interação foram baixos, havendo apenas um comentário, enquadrado no eixo (i) “parabéns”.
CONCLUSÃO: Infere-se que as mídias sociais são meio de expressão e tornam-se um espaço de busca por acolhimento e trocas de informações. Nesse contexto, as nuances relativas ao aleitamento são variáveis em cada perfil analisado e os ambientes gerados são majoritariamente de apoio e identificação, havendo julgamento em menor proporção. Evidencia-se que quanto maior o número de seguidores, maior ocorrência de comentários de julgamento e de trocas de informações, além de que os baixos índices de interação nas publicações 2 e 3 sinalizam que o racismo e o capacitismo estrutural estende-se também para a cibercultura. Reitera-se, assim, a importância de ampliar discussões das mídias como redes de apoio, a fim de elevar as taxas de amamentação natural.
PALAVRA-CHAVE: ALEITAMENTO MATERNO, DESAFIOS, MÍDIA SOCIAL, REDES DE APOIO
ÁREA: Interdisciplinar
NÍVEL: Graduação
FINANCIAMENTO: CNPq
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