Autores:
Giulia Santos
INTRODUÇÃO: Em 2015, houve um grande número de casos de microcefalia associado à infecção pelo vírus Zika no Brasil, principalmente na região nordeste do país, tornando-se uma situação de emergência em saúde pública e de importância nacional. As consequências da Síndrome Congênita pelo Zika Vírus (SCZV), causada pela transmissão vertical do vírus, apontam para um conjunto de sinais/sintomas no recém-nascido, incluindo atrasos no desenvolvimento motor e de linguagem. Neste estudo, interessam questões relacionadas à interação e comunicação de crianças com SCZV e suas parceiras de comunicação, que possuem papel fundamental no desenvolvimento global e de linguagem.
OBJETIVOS: Analisar as formas de interação linguística entre as parceiras de comunicação - mães/cuidadoras e suas crianças com SCZV.
MÉTODOS: Pesquisa transversal e descritiva, de abordagem qualitativa, vinculada ao Projeto de Cooperação Internacional “O Brasil em Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN): Atenção integral, Reabilitação, Acessibilidade e Inclusão de crianças com microcefalia associada ao Vírus Zika”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob n. 3.141.259 (CAEE: 87390318.2.0000.5404), com auxílio da CAPES Print. Amostra constituída por 7 familiares de crianças com SCZV (mães e cuidadoras) de uma região metropolitana de Salvador, Bahia. Os dados foram extraídos do banco de dados a que se vincula esta pesquisa. A análise foi realizada a partir da observação e transcrição de registros em vídeo de 3 minutos cada, da situação de interação, no contexto do brincar, entre mães/cuidadoras e suas respectivas crianças. As categorias de análise aqui apresentadas são: frequência e tipo das ocorrências de fala; presumir competência; ser flexível; ser persistente e estar atento às necessidades linguísticas das crianças.
RESULTADOS: Os achados mostram que as ocorrências da interação de fala entre mães/cuidadoras foram variadas, sendo que a maioria ocupou mais da metade do tempo de interação e utilizaram expressões do tipo “chamar pelo nome”, “chamar atenção para o brinquedo”, produção de sons onomatopéias e imitação de sons do brinquedo, além de perguntas e pedidos para interação, ocupando, muitas vezes, o espaço de fala da criança e poucas vezes, convidando a criança para o diálogo/interação. Somente uma mãe ocupou grande parte do tempo cantando para a criança. As mães/cuidadoras se mostraram pouco flexíveis, insistindo na resposta desejada e mudando, poucas vezes, a abordagem dialógica, para favorecer a participação da criança. Contudo, os resultados mostram que todas elas foram persistentes, buscando chamar a atenção da criança, principalmente por meio de falas curtas e frequentes e mantê-las envolvidas no contexto da brincadeira. Entretanto, os achados evidenciam que diante da não resposta ou da não oralização das crianças, na situação analisada, poucas mães/cuidadoras presumem sua competência linguística.
CONCLUSÃO: Os resultados mostram as formas de interação linguística entre a díade no contexto do brincar, evidenciando diversas possibilidades de fala e de interação que podem favorecer a linguagem das crianças com SCZV e contribuir para o adensamento de estratégias terapêuticas em fonoaudiologia no cuidado desse grupo populacional e de seus cuidadores.
PALAVRA-CHAVE: Infecção por Zika vírus; Linguagem Infantil; Relações Profissional-Família
ÁREA: Linguagem
NÍVEL: Graduação
FINANCIAMENTO: CNPq
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