Autores:
Giulia de Oliveira Pereira
INTRODUÇÃO: A gagueira é reconhecida como um distúrbio da fluência, de aspecto multidimensional, compreendida como interrupções no fluxo da fala do sujeito caracterizada por hesitações, repetições e/ou prolongamentos incontroláveis que inviabilizam a produção de fala contínua. Este fenômeno apresenta maior prevalência durante a primeira infância. Neste período, incontáveis fatores estabelecem uma relação entre si e podem interferir na construção da fluência da criança, como o histórico familiar, o meio social e as capacidades linguísticas e cognitivas do sujeito. É fundamental reconhecer que a gagueira não é composta apenas por manifestações observáveis na fala, pois, as manifestações não-observáveis também caracterizam esse fenômeno, como fuga de situações de fala e imagem negativa sobre a própria fala. Portanto, o trabalho do fonoaudiólogo consiste em elevar o potencial da criança de desenvolver uma fala considerada fluente e elaborar orientações aos cuidadores e outras pessoas envolvidas no contexto comunicativo do indivíduo. A intervenção precoce torna-se importante para atingir melhores efeitos rapidamente, verificando os fatores singulares envolvidos no caso, como predisposição para o distúrbio, aspectos emocionais, sociais, entre outros.
OBJETIVOS: Tendo em vista a importância da terapia fonoaudiológica, o objetivo da pesquisa será refletir a respeito do funcionamento da fala e da intervenção fonoaudiológica a partir do estudo do processo terapêutico de uma criança, de 6 anos, sexo feminino, que apresenta manifestações de gagueira.
MÉTODOS: Serão utilizadas gravações de áudio coletadas entre setembro e novembro de 2021, durante os atendimentos fonoaudiológicos da criança na disciplina FN643 - Prática em Fonoaudiologia e Saúde Coletiva II da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, pelo responsável legal, para as gravações de som, imagem e fotografias das avaliações e atendimentos realizados, para fins de estudo do caso ou pesquisa, respeitando o sigilo e privacidade da paciente. Este material será utilizado para construir uma narrativa acerca dos fatores que possam estar envolvidos nos momentos de disfluência e fluência e a posição discursiva que a criança ocupa nesses momentos por meio de uma revisão bibliográfica.
RESULTADOS: Foi observado ausência da gagueira em momentos nos quais a fala não tem função comunicativa e quando a criança mantém o foco em outra atividade que não a fala, afinal, não há um planejamento prévio do que falar por receio de gaguejar, sendo assim, não há tentativas de fuga da gagueira e, consequentemente, ocorre a diminuição da tensão e das manifestações gagas. Por outro lado, a gagueira se intensifica nos momentos em que o foco está no diálogo, quando a criança fala sobre si, sobre seus sentimentos e sobre sua fala. A paciente também demonstra uma relação negativa com a própria fala. No decorrer do processo terapêutico, a criança apresentou evolução significativa quanto à frequência com que as manifestações da gagueira apareciam na fala, mérito de sua assiduidade no comparecimento à terapia e participação nas atividades propostas.
CONCLUSÃO: Os resultados parciais apresentados reforçam a eficácia do acompanhamento fonoaudiológico para estes indivíduos, buscando construir e consolidar a autoimagem da criança como bom falante.
PALAVRA-CHAVE: Gagueira; Terapia Fonoaudiológica; Linguagem; Criança.
ÁREA: Linguagem
NÍVEL: Graduação
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