Autores:
Ana Carolina Pinto Lemos
INTRODUÇÃO: Crianças com disfonia comportamental podem apresentar Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC), principalmente devido à alteração nas habilidades auditivas temporais, resultando em falha na discriminação de parâmetros acústicos e dificuldade na percepção e no automonitoramento vocal. Pesquisas recentes apontam o aumento do uso de questionários, os chamados “checklists”, como importantes instrumentos para levantamento de sintomas/queixas, auxiliando na triagem, avaliação e planejamento terapêutico.
OBJETIVOS: Descrever o desempenho de crianças com disfonia comportamental de 6 a 10 anos em um questionário de autopercepção inserido no programa online de triagem do processamento auditivo – AudBility, bem como comparar com a percepção dos pais e (auto)percepção dos sintomas vocais.
MÉTODOS: Estudo quantitativo, descritivo, prospectivo e de corte transversal (CEP #4.734.688). A amostra de conveniência foi composta por 17 crianças, média de idade de 7,8+1,5, sendo 7 meninas (41,2%), falantes nativas do português, diagnóstico fonoaudiológico e otorrinolaringológico confirmado de disfonia comportamental sem processo de reabilitação iniciado e ausência de queixas escolares ou auditivas. Os procedimentos aplicados foram: avaliação audiológica básica, Questionário de Sintomas Vocais Pediátrico (QSV-P) – versão criança (autopercepção) e parental e Questionário de Autopercepção do Processamento Auditivo (QAPAC), inserido na plataforma do programa de triagem das habilidades auditivas - AudBility – versão respondida pela criança e versão dos pais. O QSV-P alterado (>7,6 na versão autoavaliação e >2,1 na parental) indica maior frequência de sintomas vocais e o QAPAC alterado (<45 pontos) sugere risco para o TPAC. O desempenho entre pais e crianças em cada um dos questionários foi comparado estatisticamente.
RESULTADOS: No QAPAC, houve diferença estatisticamente significante entre a percepção da criança e dos pais (p= 0,016), com pior percepção dos pais sobre as dificuldades auditivas da criança (escore médio 39,5+10,5). Em relação a autopercepção da criança (média 45,5+7,4), 13 (76,47%) foram classificados como risco para ocorrência do TPAC em pelo menos uma versão aplicada, sendo sete (41,2%) na versão autoavaliação e 11 (64,7%) na versão parental. No QSV-P, não houve diferença estatisticamente significante (p= 0,897) quanto à frequência de sintomas vocais percebida pela criança (média 11,1+7,6) e referida pelos pais (média 12+9). Ainda no QSV-P, todos apresentaram escore alterado na versão parental e 12 (70,6%) na versão da criança. Das 13 crianças classificadas como risco para o TPAC, cinco (29,41%) foram classificadas tanto pela versão autopercepção quanto parental, além de também terem obtido escores alterados nas duas versões do QSV-P.
CONCLUSÃO: O risco do TPAC foi identificado em 76,47% das crianças com alterações vocais. Na amostra estudada, apesar da percepção semelhante entre a criança e os pais quanto a frequência de ocorrência dos sintomas vocais, foi possível identificar pior percepção dos pais em relação a percepção de queixas do processamento auditivo em situações do dia a dia da criança.
PALAVRA-CHAVE: processamento auditivo, disfonia, criança, questionário
ÁREA: Audição e equilíbrio
NÍVEL: Graduação
FINANCIAMENTO: FAPESP
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Núcleo de Tecnologia da Informação - FCM