Autores:
Isabela de Morais Sousa
INTRODUÇÃO: Estudos verificaram aumento de estresse correlacionados com sintomas vocais em professores durante a pandemia de COVID-19 no ambiente de trabalho remoto. Por outro lado, a volta ao modelo presencial tradicional com o fim de algumas restrições de isolamento, colocou novamente os professores em exposição a fatores de risco vocal amplamente conhecidos, como competição sonora e alta demanda vocal.
OBJETIVOS: verificar e comparar a presença de distúrbio de voz durante o ensino remoto com o período pós-isolamento social.
MÉTODOS: estudo descritivo, quantitativo, recorte de estudo multicêntrico, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unicamp sob número 35899020.6.10015662. Professores da educação básica da rede pública de Campinas responderam a um banco de questões on-line, em dois momentos denominados G1 (atividade de ensino em modalidade remota - isolamento, ano de 2021, coleta entre fevereiro e junho) e G2 (pós-isolamento, retorno às atividades presenciais, coleta entre abril e junho de 2022). Variáveis extraídas pelo instrumento: questões sobre COVID-19 (presença x ausência de diagnóstico e efeitos do uso de máscara) e escores de seis questionários padronizados: Índice de Triagem de Distúrbios de Voz (ITDV), Questionário de Saúde Geral 12 (QSG-12), Índice de Fadiga Vocal (IFV), Condições de Produção Vocal do Professor (CPV-P), o Job Stress Scale (JSS) e Grau de Quantidade de Fala e Intensidade de Voz (GQFIV). Para este recorte, foi feita análise descritiva considerando variáveis sexo, idade, uso de máscara, diagnóstico de COVID-19 e escore do ITDV.
RESULTADOS: Até o momento, 29 pessoas responderam ao questionário: 17 professores no G1 (15 mulheres, 2 homens), e 12 no G2 (10 mulheres, 2 homens). A idade do G1 variou de 29 a 60 anos, e a do G2 variou de 27 a 58 anos. No que se refere à COVID-19, no G1 nenhum dos participantes testou positivo, no G2 dois indivíduos testaram positivo. Relacionado ao uso de máscaras, em ambos os grupos todos relataram fazer o uso de máscara para se comunicar, embora no G1 suas dificuldades permeiam aspectos relacionados à recepção do outro quanto a sua fala/voz; no G2 suas dificuldades relacionam-se com os seus próprios desconfortos e sua emissão vocal. A análise do escore do ITDV indicou que no G1 9 indivíduos (52,94%) possuem triagem positiva para distúrbio vocal, sendo todas elas mulheres, sugerindo que mesmo no isolamento social os professores mantiveram seus sintomas vocais, o que pode estar relacionado ao elevado estresse do momento; no G2, 5 indivíduos (41,66%) atingiram esse índice, sendo 4 mulheres e 1 homem.
CONCLUSÃO: a frequência relativa de professores com distúrbio vocal foi maior no G1, durante o isolamento social. Apesar disso, o índice de distúrbio vocal no G2 apresentou valor próximo ao G1. As percepções quanto ao impacto das máscaras se modificaram nos dois momentos.
PALAVRA-CHAVE: Voz; Distúrbios da Voz; COVID-19; Docentes;
ÁREA: Voz
NÍVEL: Graduação
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