Autores:
Bárbara Cardoso Miranda
INTRODUÇÃO: As mulheres que sofreram violência possuem experiências distintas devido ao acesso desigual aos equipamentos disponíveis e adequados, segundo a sua cultura, classe social, grupo étnico, escolaridade ou grupo religioso. A Política Nacional de Educação Popular em Saúde (PNEP), torna-se uma estratégia potente no sentido de fomentar, por meio do conhecimento, o raciocínio, ações e propostas de práticas educativas, pois depreende que o sujeito detém conhecimento sobre seu corpo, seu modelo de vida e cuidado, família e comunidade e que esse sujeito está em constante transformação, e essas são constituídas nas relações sociais. Portanto, considera-se prioritário desenhar e criar programas de intervenção especializados para prevenir e diminuir as complicações provenientes da exposição à violência. Desta forma, faz-se necessário investigar os efeitos da implementação da PNEP no território para promover o fortalecimento dos indivíduos por meio do fortalecimento da participação cidadã, da prevenção e da promoção da saúde.
OBJETIVOS: Relatar a experiência da realização de círculos de cultura através da pesquisa de implementação de cuidado às pessoas expostas a violência, pelo grupo Interfaces: Saúde Mental/Saúde Coletiva, da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP.
MÉTODOS: Esta pesquisa é de natureza descritiva e qualitativa e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) sob o N° 07227019.3.0000.5404. Aos participantes da pesquisa, foi disposto o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).Foram realizados dois ciclos de grupos compostos de 8 encontros no período de junho a dezembro de 2021, inspirados na perspectiva freireana, com mulheres, maiores de 18 anos, expostas à violência, residentes no distrito norte do município de Campinas/SP. Uma descrição qualitativa dos resultados preliminares da intervenção realizada será apresentada.
RESULTADOS: O impacto, implicações e alcance da violência na vida das participantes se revelou na identificação dos seguintes temas geradores: machismo, racismo, futuro, sonhos, ser mulher, resiliência, saúde da mulher, filhos, luto, confiança, direitos e justiça, medo e auto imagem. As participantes demonstraram interesse em perpetuar o círculo de cultura entre as mulheres da comunidade.
CONCLUSÃO: A cultura do silenciamento da mulher e da experiência de violência, se expressou nos desafios de captação das participantes, na identificação de sofrimento latente e na duração dos ciclos. A educação popular em saúde favoreceu a troca e reflexão sobre o vivido. Contextualizada, a experiência da violência foi compreendida também em sua dimensão coletiva. Marcadores sociais de opressão e vulnerabilização foram identificados nas histórias pessoais de cada mulher. O círculo de cultura se mostrou uma potencial ferramenta para o empoderamento das participantes, a partir do compartilhamento democrático de saberes e experiências acerca da violência, se tornando um espaço emancipador de contínuo aprendizado, liberdade, resistência e construções afetivas.
PALAVRA-CHAVE: Educação Popular em Saúde; Violência; Mulher; Fonoaudiologia; Círculo de Cultura
ÁREA: Saúde Coletiva
NÍVEL: Pós-graduação
FINANCIAMENTO: Capes
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