Autores:
Samantha Cristina Augusto Reggiani
INTRODUÇÃO: A comunicação é considerada um alicerce social, e, em uma sociedade majoritariamente ouvinte, a interação com as pessoas surdas torna-se dificultada. Devido a pandemia de COVID-19 fez-se necessária a utilização de máscaras, faceshield, restrições na circulação de pessoas e isolamento social para evitar o contágio pelo vírus, e, como consequência, novas estratégias utilizadas para comunicação em atendimento ambulatorial fonoaudiológico ficaram comprometidas, dificultando o bom desenvolvimento das terapias.
OBJETIVOS: Assim, essa pesquisa teve como objetivo averiguar como o isolamento social causado pela pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) afetou a comunicação de pessoas surdas em ambientes ambulatoriais de atendimento fonoaudiológico.
MÉTODOS: O estudo utilizou uma abordagem qualitativa visando avaliar as percepções de fonoaudiólogos acerca da comunicação de seus pacientes surdos no contexto pandêmico. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE: 50494321.1.0000.5404) e a coleta de dados contou com a participação de 5 fonoaudiólogas atuantes na área da surdez que responderam a uma entrevista semi-estruturada por meio de plataforma virtual (Google Meet). Os dados foram transcritos e analisados a partir da gravação das entrevistas.
RESULTADOS: Conforme os dados encontrados, os pacientes atendidos nas terapias pelas fonoaudiólogas eram surdos oralizados, surdos sinalizantes e surdos bilíngues, por isso, a abordagem utilizada variou de acordo com cada paciente. Para fins de análise, quatro aspectos foram observados: 1. Comunicação na pandemia, 2. Modificações e prejuízos nos atendimentos, 3. Planejamento terapêutico e, 4. Recursos utilizados. Quanto à comunicação, foi constatado que a comunicação dos pacientes durante o isolamento foi bastante dificultada no atendimento. Quanto aos atendimentos, constatou-se a predominância do teleatendimento, este que mostrou vantagens e desvantagens: como vantagem destacou-se a facilidade de dinamizar o atendimento com cenários diferentes, recursos digitais e um entendimento maior das famílias sobre o atendimento fonoaudiológico; em contrapartida, como desvantagens foram apontados: a dependência do atendimento pelas tecnologias que nem sempre eram acessíveis a todos e a falta de uma rotina em casa para a organização familiar sobre os horários da terapia que afetaram bastante os atendimentos. Quanto ao planejamento terapêutico, as principais dificuldades apontadas foram: falta de rotina dos pacientes para seguir a terapia, o não uso do AASI ou do Implante Coclear pelos pacientes em casa e a instabilidade da conexão com a internet. Por outro lado, as facilidades levantadas incluíram uma maior proximidade com a organização familiar; mais tempo para preparar as terapias, e, maior oportunidade para discussão com outros profissionais sobre os casos. Quanto aos recursos, foi possível constatar que o uso da internet se mostrou um recurso importante, pois possibilitou, além dos atendimentos a distância, a criação de jogos adaptados para cada paciente e a dinamizar o atendimento com a facilidade de buscar imagens e textos para leitura, algo que antes não era utilizado.
CONCLUSÃO: Verificou-se que o atendimento fonoaudiológico durante a pandemia de COVID-19 passou por uma série de adaptações para que a comunicação dos pacientes surdos fosse minimamente afetada, no entanto, a falta de rotina e os imprevistos com relação a tecnologia utilizada tiveram impactos que afetaram os atendimentos.
PALAVRA-CHAVE: Fonoaudiologia; COVID-19; Comunicação
ÁREA: Linguagem
NÍVEL: Graduação
FINANCIAMENTO: CNPq
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