XIV Semana de Pesquisa - 2023


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Idosos mais frequentemente felizes sobrevivem mais, ISACAMP COORTE 2008-2018

Autores: Donatila Barbieri de Oliveira Souza, Luciana Correia Alves, Margareth Guimarães Lima, Marilisa Berti de Azevedo Barros


Link: https://youtu.be/tyBTE73x-mk


RESUMO

INTRODUÇÃO: Nas últimas décadas, o estudo da relação do sentimento de felicidade, como indicador de bem-estar subjetivo, com as condições de saúde, tem despertado o interesse científico (1-2). A felicidade pode ser definida como o grau em que um indivíduo avalia, de maneira favorável, a qualidade do conjunto dos aspectos e dimensões da sua vida (3). Sentimentos positivos como a felicidade, a alegria ou características como satisfação com a vida, esperança, otimismo e senso de humor, tem se associado à redução do risco de óbito em populações saudáveis e ao aumento da longevidade (3-4). No entanto, os estudos sobre a relação do sentimento de felicidade com a mortalidade são insipientes e, pelo nosso conhecimento, são inexistentes no Brasil e em outros países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.

OBJETIVOS: Avaliar a sobrevida e o risco de óbito, em 10 anos, segundo a frequência do sentimento de felicidade em idosos.

MÉTODOS: Realizou-se um estudo longitudinal retrospectivo, cuja base é proveniente do Inquérito de Saúde do Município de Campinas (ISACamp) nos anos de 2008-2009, que contou com 1.519 idosos entrevistados. Em seguida realizou-se um linkage entre os bancos de dados do ISACamp e do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) de Campinas, de 2008 a 2018 e, quando não houve pareamento dos dados, realizou-se uma busca ativa telefônica ou presencial para confirmação do status de óbito ou não óbito do idoso entrevistado em 2008. As principais variáveis utilizadas foram: tempo até o óbito (subtraindo-se a data de óbito pela data da entrevista); status (óbito/não óbito) e bem-estar subjetivo, avaliado com o indicador da frequência do sentimento de felicidade. Calculou-se as funções de sobrevida pelo método Kaplan-Meier para o bem-estar com comparação das curvas por meio do teste de Log-rank, considerando um nível de significância de 5%. Foram calculadas as hazard ratios brutas e ajustadas (por sexo, idade, escolaridade e doenças crônicas) e intervalos com 95% de confiança por meio do modelo de regressão de Cox. Os projetos ISACamp 2008/09 e ISACamp Coorte foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, com os pareceres nº 079/2007 e nº 1.650.093/2018, respectivamente.

RESULTADOS: Na amostra final (n=1.300), a idade mediana da população foi 69 anos. Dos 855 indivíduos classificados como não-óbito, 61.75% eram do sexo feminino enquanto dos 455 que foram a óbito, 53,25% eram do mesmo sexo. Na população em estudo, 52,0% estavam na faixa etária dos 60-69 anos, sendo 79,9% com raça declarada branca, 82,3% com menos de 3 salários-mínimos e 70,77 com menos de 8 anos de estudo. Os resultados de Kaplan-Meier mostraram que a frequência do sentimento de felicidade apresenta riscos proporcionais e diferenças estatisticamente significativas entre as curvas (p<0,001). A menor sobrevida foi observada nas pessoas que relataram sentir-se felizes por uma “pequena parte do tempo ou nunca” comparando com as que relataram sentir-se felizes “a maior parte do tempo ou sempre”. Observou-se também que entre aqueles que relataram a frequência de felicidade como “a maior parte do tempo ou sempre” 50% das mortes ocorreram com 5,57 anos e entre aqueles que relataram sentir-se felizes “pequena parte do tempo ou nunca” com 4,61 anos, após o início do seguimento. O percentual de óbito nos que declararam maior frequência de felicidade foi 30,6% (IC95% 26,9-34,5) e entre os que relataram menor frequência de felicidade foi 55,9% (IC95% 45,5-65,8). Observou-se ainda, após os ajustes, que o risco de óbito foi o dobro (HR=2,08 IC95%1,45-2,99) na população que relatou menor frequência de felicidade em relação aos mais frequentemente felizes. A análise de resíduos de Schoenfeld e análises de proporcionalidade global mostraram resultados satisfatórios.

CONCLUSÃO: O sentimento de felicidade é um importante preditor de mortalidade em idosos.


BIBLIOGRAFIA: Referências 1. Lawrence EM, Rogers RG, Wadsworth T. Happiness and longevity in the United States. Soc Sci Med. 2015 Nov 1;145:115–9. 2. Margareth Guimarães Lima, Marilisa Berti de Azevedo Barros, Maria Cecilia Goi Porto Alves. Happiness in the elderly: an epidemiological approach in the ISA-Camp 2008 study. Cad Saude Publica. 2012;28(12):2280–92. 3. Veenhoven R. Healthy happiness: Effects of happiness on physical health and the consequences for preventive health care. J Happiness Stud. 2008 Sep;9(3):449–69. 4. Diener E, Chan MY. Happy People Live Longer: Subjective Well-Being Contributes to Health and Longevity. Appl Psychol Health Well Being. 2011 Mar;3(1):1–43.



PALAVRA-CHAVE: felicidade, idosos, sobrevida, coorte



ÁREA: Saúde Coletiva

NÍVEL: Doutorado

FINANCIAMENTO: Capes



Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas
Correspondência:
Rua Tessália Vieira de Camargo, 126. Cidade Universitária Zeferino Vaz. CEP 13083-887 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.

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