XIV Semana de Pesquisa - 2023


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DIFERENÇAS DE SEXO NA EXPECTATIVA DE VIDA SEM EDENTULISMO NA POPULAÇÃO DE CAMPINAS/SP

Autores: Bruna Kelly Fehlberg, Margareth Guimarães Lima


Link: https://youtu.be/gv68lN6O44U


RESUMO

INTRODUÇÃO: As projeções para o restante do século 21 mostram uma continuação do envelhecimento global. Ao longo dos anos foi verificada a persistência da diferença de gênero na expectativa de vida que atualmente é de 73,6 anos para os homens e de 80,5 anos para as mulheres. Embora esse aumento na expectativa de vida seja desejado ele suscita um desafio importante para a saúde pública, de que esses anos a mais sejam de efetiva qualidade de vida. Nesse contexto, as doenças bucais podem ser relevantes devido à sua prevalência e impacto na saúde da população. A perda dental severa e o edentulismo (ausência de dentes naturais) permanecem predominantes em muitos países. Estima-se que o edentulismo afeta 3,3% da população mundial e cerca de 54% da população idosa brasileira tem ausência total de dentes. Além disso, sua distribuição é marcada por desigualdades. As mulheres apresentam, desde a adolescência, maiores índices de cáries e são mais expostas à sobretratamento e às iatrogenias. A perda dental têm sido associada à incapacidade funcional, deficiências nutricionais, mortalidade, redução da qualidade de vida, entre outros desfechos de saúde que estão relacionados à redução da expectativa de vida saudável e aumento de anos saudáveis.

OBJETIVOS: O presente estudo tem por objetivo analisar a diferença de sexo na expectativa vida sem edentulismo para a população de 20 anos e mais da cidade de Campinas/SP.

MÉTODOS: Este estudo utilizou dados de três fontes: do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), das projeções populacionais realizadas pelo município de Campinas com base nos dados do Censo Demográfico e do 3º Inquérito de saúde do município de Campinas/SP (ISACamp 2014/2015). O ISACamp 2014/2015 foi realizado com a população residente da cidade de Campinas/SP e apresentou como critérios de inclusão ter idade igual ou superior a 10 anos e residir na zona urbana do município. Prevalência e intervalos de confiança de 95% (IC 95%) de edentulismo foram calculados por sexo e faixa etária quinquenais (20 a 80 anos ou mais). As taxas de mortalidade específicas por idade foram estimadas também em intervalos de cinco anos na população com 20 a 80 anos ou mais, utilizando dados de mortalidade do triênio 2014-2016 e a população de 2015. As taxas de mortalidade foram então transformadas em probabilidades de morte na idade exata e utilizadas para obter a expectativa de vida. O método de Chiang foi utilizado para construir as tábuas abreviadas de mortalidade para homens e mulheres. A expectativa de vida sem edentulismo e os intervalos de confiança de 95% (IC 95%) foram estimadas pelo método de Sullivan utilizando a prevalência autorreferida (ISACamp 2014/2015) desse evento em cada faixa etária para determinar o número médio de anos de vida que seriam vividos com e sem esses estados de saúde. O método Sullivan divide o número de pessoas-anos (uma função da tábua de mortalidade) em anos a serem vividos com e sem uma determinada condição de saúde para cada faixa etária específica. A expectativa de vida sem edentulismo foi calculada por sexo e faixa etária. Também foram calculados os percentuais de anos vividos sem edentulismo.

RESULTADOS: Cerca de 9,5% da população de Campinas apresentou ausência total dos dentes e essa proporção foi maior entre as mulheres, no total da população, mas sem diferenças estatisticamente significantes entre os sexos, nas diferentes faixas etárias. A prevalência de edentulismo aumentou com a idade, sendo a maior taxa observada entre os indivíduos com 80 anos e mais (65,9%). Os mais jovens vivem mais tempo sem perder todos os dentes. A partir dos 60 anos tende-se a viver menos tempo, em medidas absolutas ou proporcionais, sem edentulismo. As diferenças de sexo na expectativa de vida sem edentulismo foram significativas na faixa etária mais jovem. Aos 20 anos, em anos absolutos as mulheres tendem a viver mais tempo sem edentulismo, no entanto a proporção de anos a serem vividos sem edentulismo foi maior entre os homens. Proporcionalmente aos anos a serem vividos, os homens, aos 20 anos, tendem a viver 87,0% do restante de suas vidas sem edentulismo, enquanto as mulheres 81,6%.

CONCLUSÃO: Nossos dados reforçam a necessidade de cuidados especiais em relação às afecções bucais, principalmente em relação à perda dental, que tendem a ser maior nas mulheres. São necessárias medidas clínicas, sociais e políticas que aumentem a retenção dos dentes ao longo da vida, contribuindo para um envelhecimento saudável. Estudos sobre a expectativa de vida sem edentulismo podem favorecer a reorientação das políticas de envelhecimento saudável para incluir um maior foco e ação na saúde bucal. Essas medidas podem favorecer a manutenção de um maior de dentes no decorrer da vida, diminuindo a incapacidade e potencialmente aumentando a qualidade de vida e a longevidade.


BIBLIOGRAFIA: IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaRio de Janeiro, 2022. PATEL, J. et al. Oral health for healthy ageing. The Lancet Healthy Longevity, v. 2, n. 8, p. e521–e527, 2021. VOLLSET, S. E. et al. Fertility, mortality, migration, and population scenarios for 195 countries and territories from 2017 to 2100: a forecasting analysis for the Global Burden of Disease Study. The Lancet, v. 396, n. 10258, p. 1285–1306, 2020.



PALAVRA-CHAVE: Edentulismo;expectativa de vida saudável; base populacional



ÁREA: Saúde Coletiva

NÍVEL: Doutorado

FINANCIAMENTO: Capes



Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas
Correspondência:
Rua Tessália Vieira de Camargo, 126. Cidade Universitária Zeferino Vaz. CEP 13083-887 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.

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