XIV Semana de Pesquisa - 2023


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Avaliação clínica e endoscópica da ingestão de bateria em crianças

Autores: Vitória Penha Maróstica , Maria Ângela Bellomo Brandão, Elizete a Lomazi , Maria de Fátima Servidoni, Silvia Regina Cardoso


Link: https://youtu.be/kHTfzyIyfds


RESUMO

INTRODUÇÃO: A ingestão de baterias é uma questão de saúde pública no mundo e afeta, maioritariamente, crianças. Estão presentes no cotidiano deste público, na forma de brinquedos eletrônicos, câmeras, entre outros. A ingestão de baterias pode causar lesões por três possíveis mecanismos: pressão direta na membrana mucosa, vazamento dos líquidos tóxicos e risco elétrico da eletrolise com a produção de íons hidróxidos, e rompimentos espontâneos da bateria no estômago em menos de 36 horas após a ingestão. Ao pesquisar sobre o assunto, é percetível a escassez de dados da população pediátrica no Brasil. Além do mais, é esperado um aumento da incidência de casos, devido a evolução das tecnologias, que propendem a um incremento cada vez maior no cotidiano das pessoas, principalmente, das crianças.

OBJETIVOS: O objetivo deste projeto de pesquisa é avaliar o manejo e a evolução clínica e endoscópica de pacientes pediátricos que ingeriram baterias e foram encaminhados a um hospital de referência.

MÉTODOS: Estudo de corte com retrospectiva de pacientes com idade entre 0 e 14 anos que ingeriram baterias e foram atendidos no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas de 03/2016 a 08/202, com CID: T18-4 (ingestão de corpo estranho). Os diagnósticos foram revistos e foram incluídos apenas os casos de ingestão de bateria.

RESULTADOS: De 568 prontuários revistos com diagnóstico de ingestão de corpo estranho, 16 crianças tiveram ingestão de bateria. A idade das crianças na data de ingestão de bateria em média foi de três anos, mediana de três anos e dois meses (DP+ 1,63). 6/16 tinham menos de dois anos. Dentre os pacientes, 14 estavam acompanhados pelas mães no pronto-socorro, os outros dois estavam acompanhados pelos pais. Foi verificado também que três pacientes foram ao pronto-socorro sem a queixa de ingestão de bateria ou de outro corpo estranho, apenas queixas de sintomas gripais como febre, coriza, tosse seca. Em nove dos casos, após o diagnóstico da ingesta de bateria, foi aconselhado jejum na origem ou não foi oferecido alimentos desde o momento da ingesta até a entrada no pronto-socorro. Entretanto, em três pacientes notou-se recusa de alimento ou de mamadeira e em dois pacientes foi registado vômitos após o consumo. A diferença do momento da ingesta até o momento da entrada no pronto-socorro no nosso serviço tivemos uma média aproximada de 13 horas, entre os 12 casos em que o tempo desde a ingesta era conhecido pelos responsáveis, com o tempo máximo sendo de 96 horas e o mínimo sendo uma hora e meia, sendo que o tempo era um dado desconhecido dos cuidadores em quatro pacientes. Os sintomas iniciais incluíram dores abdominais, tosse, vômitos, entre outros. Sete pacientes foram submetidos à retirada da bateria e sete apresentaram complicações, sendo as mais frequentes ulcerações, fistulas e subestenose. Houve um caso de fistula artério esofágica e choque hipovolemico, mas o paciente sobreviveu.

CONCLUSÃO: As complicações mais graves foram encontradas quando a bateria estava localizada no esôfago, e a conduta deve ser avaliada caso a caso, com base na localização da bateria. Esta pesquisa alerta sobre a importância de supervisionar as crianças e tomar medidas preventivas para evitar a ingestão de baterias. Também destaca a gravidade das complicações e a importância dos cuidados médicos para tratar esses casos.


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PALAVRA-CHAVE: Complicações; crianças; acidentes; bateria



ÁREA: Clínica Médica

NÍVEL: Graduação

FINANCIAMENTO: CNPq



Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas
Correspondência:
Rua Tessália Vieira de Camargo, 126. Cidade Universitária Zeferino Vaz. CEP 13083-887 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.

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