Autores:
José Ronaldo Alves Troleze, Jackeline Pitonbeira da Silva, José Ronaldo Alves Troleze, Marcela Lopes de Souza, Felipe Rodrigues de Oliveira, Heber da Silva Antonio, Luana dos Santos, Taís Nistch Mazzola, Andréa Tavares Maciel-Guerra, Gil Guerra-Júnior, Vera Maria Santoro Belangero, Maricilda Palandi de Mello, Mara Sanches Guaragna
RESUMO
INTRODUÇÃO: A presença de proteinúria persistente, mesmo em quantidade bastante reduzida, (microalbuminúria), constitui-se em um importante indicativo de doença glomerular e de desenvolvimento de doença renal crônica. Na lesão glomerular, a principal proteína presente na urina é a albumina. Neste caso, a albuminúria decorre do comprometimento da barreira de filtração glomerular (BFG), podendo se associar a lesão dos podócitos (células epiteliais viscerais), das células endoteliais e/ou da membrana basal glomerular.
Os podócitos são células altamente especializadas e diferenciadas que recobrem os capilares glomerulares na face externa (urinária) da membrana basal glomerular e são compostos por três diferentes segmentos morfológica e funcionalmente diferentes: um corpo celular, processos principais e pedicelos, que são longas projeções citoplasmáticas.
Diversas proteínas estão envolvidas na manutenção da estrutura e da função da BFG e podem afetar direta ou indiretamente o rearranjo do citoesqueleto de actina dos podócitos, entre elas as integrinas
OBJETIVOS: O objetivo do presente trabalho foi avaliar se há diferença de expressão dos genes ITGA3 e ITGB1 frente ao overload progressivo de albumina em podócitos in vitro, sem e com exposição prévia à droga nefrotóxica puromicina aminoglicosídeo (PAN).
MÉTODOS: Foi realizado cultura de podócitos humanos in vitro, utilizando uma linhagem celular condicional imortalizada doada pelo Prof. Moin Salem, Bristol University UK – que expressam um promotor SV40 sensível à temperatura, o que permite sua proliferação enquanto indiferenciados a 33ºC e sua diferenciação à 37ºC. Após diferenciação, as células foram expostas a 0, 3, 20, e 40 mg/ml de albumina bovina com e sem exposição prévia à 15 ug/uL de PAN. O RNA total dos podócitos foi extraído, transcrito em cDNA, e foi realizada a PCR quantitativa em tempo real (qPCR, n=4). O programa SPSS foi utilizado para realizar a estatística descritiva e o teste de Friedman, com o p <0,05 considerado significante.
RESULTADOS: Com relação aos resultados da exposição progressiva de albumina para o gene ITGA3, observamos uma diminuição de expressão entre a condição de 20 mg/mL para 40 mg/mL (p= 0,022) na condição sem PAN, mas não houve diferença de expressão na condição com PAN. Em contrapartida, para o gene ITGB1, não houve diferença estatística entre as condições sem PAN, mas observamos um aumento de expressão entre as condições de 0 a 20 mg/mL((p= 0,012) e 0 a 40 mg/mL (p= 0,022) na condição com PAN.
CONCLUSÃO: A diminuição significativa de expressão do transcrito do gene ITGA3 pode ser um indício de que a proteinúria em níveis altos e por período longo seja um insulto aos pedicelos. No entanto, no caso do ITGB1, o seu aumento pode significar um mecanismo de defesa dos pedicelos, para tentar manter os pedicelos aderidos à BFG. Ressaltamos, no entanto, que este estudo é um piloto e que esses dados devem ser confirmados em modelo in vivo.
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PALAVRA-CHAVE: Podocitopatias, proteinúria, overload, podócitos in vitro, integrinas ⍺3B1