XIV Semana de Pesquisa - 2023


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Maior adiposidade e menor radiodensidade do tecido adiposo subcutâneo estão associados a maior sobrevida de pacientes com câncer de cabeça e pescoço localmente avançado

Autores: Larissa Ariel Oliveira Carrilho, Fabiana Lascala Juliani, Livia Dias Guerra, Rafaella Caroline de Lellis Moreira, Fernanda Silva Santos, Sandra Regina Brambilla, Luciana Freire de Almeida dos Anjos, Lígia Traldi Macedo, Eduardo Baldon Pereira, Carmen Silvia Passos Lima, Maria Carolina Santos Mendes, José Barreto Campello Carvalheira


Link: https://youtu.be/vFhdHRwXk1Y


RESUMO

INTRODUÇÃO: Pacientes com câncer de cabeça e pescoço (CCP) estão em maior risco de desnutrição, a qual pode estar associada diretamente à doença ou devido à privação de energia e proteínas da dieta. Estudos têm avaliado diferentes papeis da massa muscular e tecido adiposo no câncer, onde a função do tecido adiposo é ambígua, ora exercendo papel protetor ora agravando o prognóstico. Portanto, a influência da quantidade e característica metabólica do tecido adiposo nos pacientes oncológicos necessitam de maior investigação.

OBJETIVOS: Avaliar a associação entre as características do Tecido Adiposo Subcutâneo (SAT) com a sobrevida de pacientes com CCP localmente avançado.

MÉTODOS: Trata-se de um estudo retrospectivo que incluiu pacientes com diagnóstico de CCP localmente avançado e que receberam radioterapia como primeira linha de tratamento, atendidos no ambulatório de Oncologia Clínica do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, entre janeiro de 2010 a dezembro de 2018. A área do SAT, a radiodensidade, SATR (Radiodensidade do Tecido Adiposo Subcutâneo), e a área da musculatura esquelética (músculo paravertebral, musculo esternocleidomastoideo) foram determinadas pela análise da imagem da tomografia computadorizada (TC) ao nível da terceira vértebra cervical (C3) através do software SliceOMatic V. 5.0 Software (Tomovision, Canadá) (1). O SATI (Índice do Tecido Adiposo Subcutâneo) foi calculado após ajuste pela altura do paciente. Para cálculo da muscularidade a área muscular da seção transversa do músculo (CSA) em C3 foi convertida para a CSA em L3 (terceira vértebra lombar), através da fórmula estabelecida por Swartz et al. E a muscularidade categorizada de acordo com pontos de corte previamente estabelecidos na literatura. A relação neutrófilo/linfócito (NLR) foi estimada dividindo os neutrófilos pela contagem absoluta dos linfócitos. O desfecho principal do estudo foi a SG. O teste de Shapiro-Wilk foi usado para avaliar a normalidade da distribuição das variáveis. Teste χ2, teste exato de Fisher ou o teste de Kruskal Wallis foram utilizados para comparar variáveis entre grupos diferentes. Os modelos de Risco Proporcional de Cox foram usados para análises da sobrevida. O modelo A foi ajustado para a idade, o modelo B, foi ajustado para idade, ECOG, diabetes, hipertensão, quimioterapia concomitante e estágio tumoral; e o modelo C manteve as variáveis do modelo B adicionado da muscularidade. As curvas de Kaplan-Meier foram realizadas para visualização gráfica. Foi estabelecido nível de significância de 5%. As análises estatísticas foram efetuadas com auxílio do software Stata versão 17.0 (StataCorp LP®). Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unicamp (CAAE: 42743120.5.0000.5404).

RESULTADOS: A maior parte da amostra era do sexo masculino (87.9%), com idade entre 55 e 70 anos (60.6%) e considerados eutróficos pelo Índice de Massa Corporal (IMC) (52.3%). Na análise multivariável para a composição corporal, observou-se que os pacientes agrupados no maior tercil de SATI tiveram menor risco de morte quando comparados àqueles no menor tercil, no modelo A [HR: 0.49 (IC 95%:0.30–0.79); p=0.007); modelo B [HR: 0.56 (IC 95%:0.32–0.96); p=0.039]; e modelo C [HR: 0.51 (IC 95%:0.29–0.89); p=0.017]. Já o maior tercil de SATR teve associação significativa com maior risco de morte nos modelos A (HR: 2.15 (IC 95%:1.24-3.70); p=0.022] e C [HR: 2.21( ; IC 95%:1.21–4.03); p=0.027]. As curvas de Kaplan-Meier mostraram que indivíduos com maior SATI tiveram melhor sobrevida global (p=0,0193). Não houve diferença estatística para valores de NRL entre os grupos de SATI (p=0.47)

CONCLUSÃO: A maior adiposidade e menor radiodensidade do tecido adiposo foram fatores protetores na sobrevida no câncer de cabeça e pescoço localmente avançado. A avaliação da composição corporal se somada à uma intervenção nutricional precoce pode auxiliar na modificação do prognóstico destes pacientes


BIBLIOGRAFIA: Mourtzakis, M,, et al,, A practical and precise approach to quantification of body composition in cancer patients using computed tomography images acquired during routine care, Appl Physiol Nutr Metab, 2008, 33(5): p, 997-1006. Swartz JE, Pothen AJ, Wegner I, Smid EJ, Swart KM, de Bree R, et al. Feasibility of using head and neck CT imaging to assess skeletal muscle mass in head and neck cancer patients. Oral Oncol 2016;62:28–33. N. Chargi a, S.I. Bril a, J.E. Swartz a b, I. Wegner a b, S.M. Willems c, R. de Bree. Skeletal muscle mass is an imaging biomarker for decreased survival in patients with oropharyngeal squamous cell carcinoma. Oral Oncol 2020; 104519.



PALAVRA-CHAVE: Neoplasias de Cabeça e Pescoço; Adiposidade; Sobrevida.



ÁREA: Clínica Médica

NÍVEL: Mestrado

FINANCIAMENTO: FAPESP



Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas
Correspondência:
Rua Tessália Vieira de Camargo, 126. Cidade Universitária Zeferino Vaz. CEP 13083-887 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.

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