XIV Semana de Pesquisa - 2023


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Prevalência de Acidente Vascular Cerebral e sua relação com a hipertensão arterial em idosos

Autores: Athos Paixão Silva Santos, Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco


Link: https://www.youtube.com/watch?v=oTWVxMi2dbs


RESUMO

INTRODUÇÃO: O envelhecimento populacional brasileiro e o aumento da prevalência das doenças crônicas, impõem progressivos desafios para o sistema de saúde. O Acidente Vascular Cerebral (AVC) destaca-se como causa de sequelas e incapacidades, com implicações sociais e econômicas. O AVC, junto ao infarto agudo do miocárdio (IAM) responderam por 85% das 17,9 milhões das mortes por doenças cardiovasculares que ocorreram em 2019 (32% de todas as mortes). Estudos apontam diferenças na distribuição da doença na população e entre os idosos, com prevalências progressivamente maiores com o aumento da idade. Além disso, tem-se observado outros fatores sociodemográficos que influenciam na ocorrência da doença, como escolaridade e nível socioeconômico. O AVC tem como fatores de risco hábitos comportamentais e alimentares inadequados que desencadeiam, no paciente, os componentes constituintes da Síndrome Metabólica (SM). Essa doença cerebrovascular tem relação com diversas doenças crônicas, como diabetes, dislipidemia e hipertensão arterial (HA), sendo esta o fator de risco modificável mais importante para AVC. Estimativas sobre a prevalência do AVC entre os idosos no Brasil, de acordo com subgrupos específicos podem apoiar a ampliação de ações para prevenção e controle.

OBJETIVOS: Estimar a prevalência de AVC em idosos brasileiros, segundo características sociodemográficas, autoavaliação da saúde e hipertensão arterial; comparar a distribuição das idades do 1o diagnóstico de AVC de acordo com o sexo, do 1º diagnóstico para hipertensão arterial e AVC, bem como a magnitude da relação entre HA e AVC.

MÉTODOS: Estudo transversal de base populacional com dados de domínio público de idosos (idade ≥65 anos) que participaram da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 (n=15.926), realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dados disponíveis em: https://www.pns.icict.fiocruz.br/bases-dedados/. Para verificar a ocorrência de AVC na população idosa, foi usada a seguinte pergunta: Algum médico já lhe deu o diagnóstico de AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou derrame? (sim ou não). Estimou-se a prevalência da doença e respectivos intervalos de confiança de 95%, segundo as características sociodemográficas (sexo, faixa etária, situação conjugal, escolaridade e renda familiar per capita) e plano médico de saúde (sim ou não). Para verificar a percepção subjetiva da saúde: Em geral, como o(a) Sr(a) avalia a sua saúde? (muito boa/boa, regular, ruim/muito ruim). Pela pergunta: Algum médico já lhe deu o diagnóstico de hipertensão arterial (pressão alta)? obtiveram-se os dados sobre HA. Entre os hipertensos verificou-se a idade do 1º diagnóstico e sua relação com o AVC. Para verificar a magnitude da relação entre HA e AVC, estimou-se a razão de chance ajustada pelas variáveis sociodemográficas. Todas as associações e comparações entre proporções foram realizadas pelo teste qui-quadrado (correção de Rao-Scott), considerando-se um nível de significância de 5%. A PNS 2019 foi aprovada na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa no dia 23/08/2019 (Processo no 3.529.376).

RESULTADOS: A prevalência de AVC nos idosos foi de 6,6% (IC95%: 6,0-7,3), maior nos homens, naqueles com idade ≥70 anos, nos menos escolarizados, com menor renda, e naqueles sem plano de saúde (p<0,05). Quanto à avaliação subjetiva da saúde, 16,6% (IC95%:14,1-19,5) dos idosos que referiram AVC consideravam sua saúde ruim ou muito ruim à época da pesquisa. Aproximadamente 54,5% (IC95%:50,1-58,8) informaram limitação em decorrência da doença. Na distribuição etária do primeiro diagnóstico de AVC segundo o sexo, houve diferença para aqueles que tinham idade entre 60-74 anos (55,2% versus 41,9%; em homens e mulheres, respectivamente). A prevalência de AVC foi significativamente maior entre os idosos hipertensos (9,2%; IC95%:7,7-10,9 versus 5,9%; IC95%:5,3-6,7). Não houve associação entre ocorrência de AVC nos idosos e idade do 1º diagnóstico para hipertensão arterial (p>0,05). Na análise da magnitude da relação entre hipertensão arterial e AVC, verificou-se que a chance deste evento cardiovascular foi maior (OR:1,79; IC95%:1,382,32), independentemente das características sociodemográficas dos idosos.

CONCLUSÃO: Foi observada relação inversa entre a prevalência de AVC com o grau de escolaridade e nível socioeconômico dos idosos. Quanto ao 1º diagnóstico da doença, a maioria dos homens referiu idade entre 60 e 74 anos. Encontrou-se 1,79 vezes mais chance de AVC nos idosos hipertensos, independentemente das características sociodemográficas, evidenciando a necessidade de controle e tratamento para a redução das complicações de eventos cardiovasculares (AVC e/ou morte).


BIBLIOGRAFIA: 1. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Cardiovascular Diseases (CVDs). Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/cardiovascular-diseases-(cvds) 2. Painel de Indicadores – PNS. Disponível em: https://www.pns.icict.fiocruz.br/painel-de-indicadores-mobile-desktop/ 3. CHE B et al. Education Level and Long‐term Mortality, Recurrent Stroke, and Cardiovascular Events in Patients With Ischemic Stroke. Journal of the American Heart Association, 2020; 9(16): e016671. doi:10.1161/JAHA.120.016671. 4. AVAN A et al. Socioeconomic status and stroke incidence, prevalence, mortality, and worldwide burden: an ecological analysis from the Global Burden of Disease Study 2017. BMC Medicine, 2019; 17(1): 191. doi:10.1186/s12916-019-1397-3. 5. SAKLAYEN MG. The Global Epidemic of the Metabolic Syndrome. Curr Hypertens Rep, 2018; 20(2):12. doi: 10.1007/s11906-018-0812-z. 6. SARIKAYA H; FERRO J; ARNOLD M. Stroke Prevention - Medical and Lifestyle Measures. Eur Neurol, 2015; 73(3-4): 150–7. doi:10.1159/000367652.



PALAVRA-CHAVE: Acidente Vascular Cerebral; Saúde do Idoso; Hipertensão; Inquéritos Epidemiológicos



ÁREA: Saúde Coletiva

NÍVEL: Graduação

FINANCIAMENTO: CNPq



Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas
Correspondência:
Rua Tessália Vieira de Camargo, 126. Cidade Universitária Zeferino Vaz. CEP 13083-887 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.

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