RESUMO
INTRODUÇÃO: Este estudo analisou se a pandemia de COVID 19 afetou a saúde mental de gestantes e recém-mães. A literatura mostrou que o COVID-19 gerou sintomas psicológicos em mulheres grávidas, as quais desenvolveram mais depressão e ansiedade.
OBJETIVOS: O objetivo geral foi analisar a saúde mental de gestantes e mães recentes durante a pandemia de COVID-19 em 2021 e 2022.
MÉTODOS: O método foi exploratório-quantitativo. Aplicou-se um questionário semifechado elaborado para esta pesquisa e a Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse (EADS-21). 50 participantes que se tornaram gestantes ou recém-mães de julho de 2021 a agosto de 2022. Os dados foram analisados através do Teste Exato de Fisher, Qui-quadrado, e Teste de Regressão Múltipla.
RESULTADOS: Níveis de estresse, ansiedade e depressão sem correlação significativa com renda das participantes (40% de 1-3 salários mínimos, 38% de 4-6 salários mínimos), mas sim com escolaridade (24% pós-graduação ou mais, 26% ensino superior completo, 10% ensino superior incompleto, 28% ensino médio completo), especialmente quanto à certas escolhas alimentares e sua frequência, correlacionadas com níveis mais elevados de depressão, ansiedade e estresse.
44% da amostra não apresentou sintomas de estresse, 10% estresse suave, 18% moderado, 16% severo e 12% extremamente severo. Quanto à ansiedade, 18% não teve sintomas, 2% ansiedade suave, 20% moderada, 10% severa e 32% extremamente severa (62% de moderada a muito severa). Relativamente à depressão 44% não teve sintomas de depressão, 6% sintomas suaves, 24% moderados, 10% severos e 16% extremamente severos (50% de moderada a muito severa). Assim os sintomas de ansiedade eram elevados (42% severos ou muito severos) e os sintomas de depressão nem tanto, mas 26% severos ou muito severos. Participantes vacinadas apresentaram estresse severo ou extremamente severo (71.4%). Com estresse suave ou moderado (64.3%) declararam não terem sido vacinados p=0.0207³ (Teste exato de Fisher). Níveis de ansiedade severos ou extremamente severos tinham correlação com ter tido COVID-19 (57.1%): estatisticamente significativa entre as que tiveram COVID-19 em 2021, p=0.0341² (Teste Qui-quadrado). 44% estava grávida quando teve Covid-19.Participantes que acharam que a pandemia de COVID-19 influenciou o agravamento seus problemas de saúde tinham estresse severo ou extremamente severo (85.7%) p=0.0105³ (Teste exato de Fisher), ansiedade severa ou extremamente severa (85.7%) p=0.0013³ (Teste exato de Fisher) e depressão severa ou extremamente severa (92.3%)³ p=0.0048³ (Teste exato de Fisher). Participantes que não consumiam de farinha branca acima de 3 vezes por semana não apresentaram estresse (72.7%), mas se a consumiram antes da gestação 5 vezes por semana 42.9%, ou 6 vezes por semana 35.7% apresentaram níveis de estresse suave ou moderado, p=0.0081³ (Teste exato de Fisher). Participantes que não consumiram alimentos processados não apresentaram estresse (40.9%). Todavia, se consumiam alimentos processados anteriormente à gestação 3 vezes por semana apresentaram níveis suaves ou moderados de estresse quando da coleta de dados, p=0.0037³ (Teste Exato de Fisher).Quem não consumia refrigerantes e sucos artificiais também não apresentou estresse (63.6%), mas se consumiam sucos ou refrigerantes 6 vezes ou mais por semana, 28. 6% apresentavam níveis suaves ou moderados de estresse p=0.0337³ (Teste Exato de Fisher). Níveis de depressão, suave ou moderado: 60% dos participantes que consumiam nozes, amêndoas e castanhas de 3-4 vezes/semana e níveis de sintomas de depressão severo ou extremamente severo, em 61.5%. Porém, aqueles que não consumiam oleaginosas, apresentavam níveis normais de depressão (68.2%) p=0.0077³ (Teste Exato de Fisher). Verificou-se nesta amostra que as chances eram aumentadas de ter depressão entre grávidas que consumiam cereais até 6 vezes por semana, p=0.0036 OR=13.354 (Teste de Regressão Logística Multivariada).
Em relação ao IMC atual, 35.6% tinha IMC normal, 35.6% sobrepeso e 26.7% obesidade. Durante a pandemia houve acréscimo de sobrepeso e obesidade comparando-se o IMC anterior à gestação e o IMC atual. Havia chances aumentadas de sintomas de ansiedade entre as grávidas que sentiram que a pandemia influenciou o agravamento de seus problemas de saúde p=0.0072 (Teste de Regressão Logística Multivariada) e que consumiam embutidos até 6 vezes por semana p=0.0469 (Teste de Regressão Logística Multivariada). Grávidas que acharam que a pandemia influenciou o agravamento dos seus problemas de saúde apresentaram chance maior de sintomas de estresse quando comparadas com aquelas que indicaram não haver agravamento ou surgimento de problemas de saúde durante a pandemia p=0.0033 0R=3.667 (Teste de Regressão Logística Multivariada). As grávidas com ensino superior completo e pós-graduação ou mais, consumiam verduras 6 ou mais vezes por semana (75%) p=0.0060³ (Teste Exato de Fisher) e legumes 6 ou mais vezes por semana (majoritariamente ensino superior completo e pós-graduação ou mais,76%) p= 0.0210³ (Teste Exato de Fisher). E não consumiram refrigerantes e sucos artificiais (68%) p= 0.0085³ (Teste Exato de Fisher
CONCLUSÃO: Níveis elevados de estresse, ansiedade e depressão podem ser parcialmente compreendidos por 44% delas sob gravidez quando acometidas por Covid 19. Havia associação com Itens alimentares inadequados, por sua frequência. Maior nível educacional, melhor padrão alimentar. Restrita generalização.
BIBLIOGRAFIA: NOMURA, Roseli et al. Impact of the COVID-19 Pandemic on Maternal Anxiety in Brazil,2021. Disponível em: https://www.mdpi.com/2077-0383/10/4/620/htm. Acesso em: 15 fev. 2022.
SILVEIRA, Daniel; CARVALHO, Laura. Desemprego fica em 14,6% e atinge 14,8 milhões no trimestre encerrado em maio, aponta IBGE, G1, 2021.
KEREN, M et al. O impacto complexo de cinco anos de estresse relacionado a eventos com risco de vida nos resultados da gravidez: um estudo retrospectivo preliminar, 2015. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25498241/. Acesso em: 1 Mar. 2022.
D.N Lucas, J.H Bamber. Pandemics and maternal health: the indirect effects of COVID‐19, 2021. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8251236/. Acesso em: 2 de Mar. 2022.
ZEMBRANO, Laura et al. Update: Characteristics of Symptomatic Women of Reproductive Age with Laboratory-Confirmed SARS-CoV-2 Infection by Pregnancy Status — United States, January 22–October 3, 2020. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7643892/ . Acesso em: 07 Mar. 2022
SALEHI, Leili et al. The relationship among fear and anxiety of COVID‐19, pregnancy experience, and mental health disorder in pregnant women: A structural equation model, Pubmed, 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32969190/ . Acesso em 07 Mar. 2022
REAGAN-STEINER, Sarah et al. Detection of SARS-CoV-2 in Neonatal Autopsy Tissues and Placenta. PubMed, 2022. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8888232/ Acesso em 18 Mar. 2022
SHAHRZAD Aghamoo, KAMRAN Ghods, MOJGAN Rahmanian. Pregnant women with COVID-19: the placental involvement and consequences. PubMed, 2021. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8053892/ Acesso em 31 Mar. 2022
AHMAD Monica, VISMARA Laura. The Psychological Impact of COVID-19 Pandemic on Women’s Mental Health during Pregnancy: A Rapid Evidence Review. PubMed, 2021. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8297318/ Acesso em 14 Abr.2022
PALAVRA-CHAVE: COVID 19 , ansiedade, depressão e estresse , fatores psicológicos, gestantes, mães recentes