RESUMO
INTRODUÇÃO: Introdução: Os cantores líricos apresentam grandes exigências em sua performance, como boa qualidade de voz e de projeção, além de domínio da técnica vocal e adequação na coordenação pneumofonoarticulatória (CPFA). Estes cantores dedicam-se por longos anos ao estudo deste estilo de canto, pois necessitam de controle específico de cada estrutura do trato vocal, as quais influenciam na produção da voz. Portanto, é importante compreender as relações de intersecção entre Voz e o Sistema Estomatognático (SE) nesta população, bem como suas implicações na qualidade vocal, uma vez que para que a produção da voz ocorra de maneira saudável, é necessário que haja um equilíbrio muscular de todas as estruturas que fazem parte do trato vocal, ainda que não estejam ligadas diretamente à voz. Contudo, estudos que busquem avaliar tais aspectos fisiológicos em cantores líricos ainda são escassos.
OBJETIVOS: Objetivos: Investigar de que forma ocorre a relação entre aspectos de voz e do SE em cantores líricos. Relacionar os aspectos de respiração, musculatura cervical, musculatura mastigatória e articulação com tempo de estudo de canto, tempo de profissão, presença de queixa vocal, idade, análise perceptivo auditiva da voz de cantores líricos e autopercepção de desvantagem vocal de cantores líricos.
MÉTODOS: Métodos: Estudo observacional, transversal, de caráter descritivo e quantitativo em que foram aplicados os protocolos Índice de Desvantagem Vocal – 10 (IDV-10), Índice de Desvantagem para o Canto Clássico (IDCC) e Exame Miofuncional Orofacial (MBGR), além de gravação de amostras vocais, avaliadas posteriormente por juízes experientes na área de voz, a partir do protocolo Consenso de Avaliação Perceptivo Auditiva da Voz (CAPE-V). Os dados foram analisados por meio de análise estatística (p-valor=0.05).
RESULTADOS: Resultados: Participaram do estudo 15 cantores (10 mulheres, 5 homens), com tempo médio de estudo formal do canto de 9,9 anos. Apenas 4 cantores autorreferiram queixa vocal e 14 demonstraram interesse no atendimento fonoaudiológico, incluindo todos os cantores com queixa vocal. Apenas um cantor apresentou escore do IDV-10 acima do valor de corte. No IDCC a média geral dos escores foi maior do que no IDV-10 e os cantores apresentaram maior desvantagem vocal nas subescalas defeito (6,2) e incapacidade (5), sendo que apenas a média da subescala defeito ultrapassou a nota de corte. Para a análise perceptivo auditiva, a média do grau geral do CAPE-V foi dentro dos valores normativos. Cantores com maior tempo de estudo (p=0.0123) e profissão (p=0.0240) apresentaram modo respiratório nasal e cantores com maior tempo de profissão (p=0.0229) apresentaram dor à palpação do músculo esternocleidomastóideo.
CONCLUSÃO: Conclusão: Cantores com mais tempo de estudo e profissão apresentaram modo respiratório predominantemente nasal, porém mesmo com mais tempo de experiência, podem sentir dores no músculo esternocleidomastóideo. O IDV-10 não apontou desvantagem vocal para esse grupo, porém o IDCC apontou desvantagem vocal na subescala “Defeito”. A análise perceptivo auditiva indicou vozes sem alterações e o grau geral da qualidade vocal não apresentou relação significativa com os aspectos do SE.
PALAVRA-CHAVE: Canto; Qualidade da voz; Sistema estomatognático; Respiração; Fonoaudiologia.