RESUMO
INTRODUÇÃO: As redes sociais ocupam um espaço cada vez maior na vida das pessoas. Na área da saúde, o uso de smartphones revolucionou a comunicação dos profissionais da saúde e seus pacientes. O Instagram vem sendo utilizado por profissionais de diversas especialidades médicas para discussão de casos, promoção de saúde e marketing digital.
Acreditamos que há uma lacuna de informação sobre saúde na população jovem, sendo importante ampliarmos os meios de comunicação para promover hábitos saudáveis e mudanças de comportamentos nesta população.
O uso de redes sociais e seu impacto apresentam-se como um fenômeno relativamente recente e tem sido alvo de estudos de diversas áreas do conhecimento em busca da compreensão de sua influência nas diferentes populações. O estudo foi relevante para identificar a influência do Instagram na rotina dos jovens adeptos à pesquisa.
OBJETIVOS: Avaliar a eficácia de um Instagram Educativo nas mudanças de hábitos dos jovens; e se houve ganho de conhecimento por meio dos conteúdos disponibilizados.
MÉTODOS: Foi criado um Instagram Educativo como método de intervenção com a divulgação de conteúdos informativos sobre drogas lícitas e ilícitas, prevenção de doenças agudas e crônicas e promoção de hábitos saudáveis para os jovens. Critério de inclusão: indivíduos com 18 anos ou mais. Critério de exclusão: indivíduos que enviaram o questionário sem respostas.
Como instrumentos para avaliação foram criados 2 questionários. O questionário inicial avaliou o perfil e os hábitos do público que acompanhava o Instagram no início do estudo, a fim de direcionarmos os conteúdos das publicações. Após 6 meses, esse questionário foi reaplicado juntamente com um questionário de opinião sobre a página. A aplicação dos questionários foi online.
Para cálculo da pontuação de hábitos saudáveis utilizou-se as dez primeiras perguntas do questionário 1 e a poderia variar de zero a trinta, que foi comparada com a somatória da pontuação final após 6 meses. Para as variáveis categóricas, as comparações foram feitas pelo teste Qui-quadrado. Para comparar as variáveis contínuas entre dois grupos, foi utilizado o teste t de Student, considerando que a distribuição foi normal. Por fim, para regressão logística binária, considerou-se como variável dependente a frequência de leitura em duas categorias: nada/pouco e muito/demais e como variáveis independentes sexo, idade, escolaridade, escores dos questionários inicial e final. Foi considerado significativo p < 0,005.
A participação na pesquisa foi voluntária e os participantes podiam solicitar a sua retirada no estudo a qualquer momento durante a pesquisa. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 34926720.3.0000.5404).
RESULTADOS: Responderam ao questionário inicial 86 participantes e destes, apenas 34 responderam o questionário após 6 meses. A análise do perfil sociodemográfico demonstrou que 68 (79%) participantes eram do sexo feminino, 62 (72%) possuíam entre 18 e 30 anos, 62 (72%) se consideravam brancos. Em relação à escolaridade 29 (32%) possuíam ensino médio completo e 57 (66%) possuíam ensino superior completo; 20 (23%) participantes afirmaram ter alguma doença crônica.
A média do escore do questionário inicial foi 19,3 (± 3,8; n=86) e a média do questionário final foi semelhante, 19,7 (± 3,7; n=34). Dos que responderam o questionário final, 22 (64%) participantes leram os conteúdos algumas vezes e 12 (35%) responderam que leram os conteúdos muitas vezes ou sempre. Observou-se que 17 (50%) colocaram em prática alguma orientação, mesmo que em baixa frequência, e 12 (35%) nunca seguiram as orientações. Ao comparar os participantes que seguiram a página do Instagram e leram o conteúdo algumas vezes (n=22) com os que leram muitas vezes ou sempre (n=12) observou-se que os participantes que acessaram pouco conteúdo apresentavam melhores escores no questionário inicial e os que acessaram muito conteúdo apresentaram escores iniciais significativamente piores. Ao comparar os dois grupos após 6 meses, não houve diferença significativa entre os escores nos dois grupos. Análise de regressão logística binária comparando os que leram pouco com os que leram muito, ajustando para as variáveis sociodemográficas demostrou uma associação negativa entre ler muito conteúdo e os escores do questionário inicial sugerindo que os participantes com piores escores leram mais conteúdo (Escore questionário 1,OR= 0,45, p=0,006, IC95%[-1,33 – -0,22]), enquanto que aqueles com melhores escores iniciais associados a melhores hábitos saudáveis demonstraram pouco interesse por esse tipo de informação e não mudaram seus hábitos significativamente. Ademais, houve uma associação positiva com os escores do segundo questionário, sugerindo que seguir frequentemente a página foi associado a uma melhora significativa do hábitos dos participantes (Escore questionário 2, OR=1,69, p=0,05; IC95%[0,00 – 1,06]).
CONCLUSÃO: Observou-se que a página do Instagram Educativo apresentou uma influência pequena mas significativa nos seguidores. Participantes que leram mais conteúdo estavam insatisfeitos com seus hábitos, tinham piores pontuações iniciais e apresentaram melhora significativa após 6 meses. Já participantes que demonstraram pouco interesse, possuíam uma pontuação mais alta inicialmente, e não mudaram seus hábitos.
BIBLIOGRAFIA:
FARIA, C. A.; CRESTANI, P. A influência das redes sociais no comportamento dos adolescentes. Revista Ciência e Sociedade, n. 2, jan./jul., 2017.
LEVY, S. J. L.; WILLIAMS, J. F. Substance use screening, brief intervention, and referral to treatment. Pediatrics, v. 138, n. 1, 2016.
O´REILLY, M. Social media and adolescent mental health: the good, the bad and the ugly. Journal of Mental Health. V. 29, n.2, p. 200 – 206, 2020.
PALAVRA-CHAVE: Palavras chaves: rede social; hábitos saudáveis; mudanças de comportamentos.