XIII Semana de Pesquisa - 2022


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As Fantasias Surgidas a Partir do Exercício Mental e Imaginário de Elaborar o Seu Próprio Testamento Vital: Um Estudo Clínico-Qualitativo com Médicos Oncologistas.

Autores: Jessica Renata Ponce de Leon Rodrigues, Claudiane Graças dos Santos, Adriana Consuêlo Oliveira Bispo, Carmen Silvia Passos Lima, Egberto Ribeiro Turato


Link: https://youtu.be/TozDYVwGPrg


RESUMO

INTRODUÇÃO: Testamento Vital (T.V.) é um documento pessoal e jurídico de registro de preferências de cuidados para fim de vida. Nele o indivíduo lúcido descreve a quais tratamentos se submeterá e quais terapêuticas rejeitará quando estiver em situação ativa de morte. Portanto, trata-se de um documento a ser utilizado quando o testador não puder mais manifestar-se de qualquer forma. Embora o crescente interesse pelos aspectos que envolvem a terminalidade tenha movimentado paliativistas e bioeticistas em todo o Brasil (mas também no mundo), ainda não há no Estado Brasileiro legislação específica sobre o Testamento Vital. Todavia, há prerrogativas no âmbito jurídico que permitem ajuizamento de ações contra seu eventual descumprimento. O Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamenta sobre as Diretivas Antecipadas de Vontade (DAV) na prática médica, primando pela autonomia do indivíduo em fim de vida na relação médico-paciente. Médicos oncologistas, que atuam diretamente no planejamento e execução de cuidados para fim de vida de seus pacientes, não estão isentos das possíveis angústias surgidas ao pensar e planejar a própria morte.

OBJETIVOS: Explorar os significados atribuídos por médicos oncologistas ao exercício imaginário de elaborar seu próprio Testamento Vital.

MÉTODOS: Adotou-se a metodologia clínico-qualitativa, que tem como princípio valorizar os relatos dos sujeitos de pesquisa sobre as suas vivências nos contextos de saúde. Esse método considera a figura do pesquisador como o principal instrumento de pesquisa ao longo de todo processo do estudo. Portanto, exige um rigor acerca do comportamento do pesquisador composto por três atitudes: (1) atitude existencialista, que se caracteriza pela valorização da angústia; (2) atitude clínica, que se caracteriza pela valorização do acolhimento do sofrimento emocional de uma pessoa e do desejo de prestar ajuda; (3) atitude psicodinâmica, que se caracteriza pela valorização dos conteúdos inconscientes. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas e do Conselho Nacional de Saúde do Brasil sob o número do CAAE: 26673719.0.0000.5404. A seleção da amostra foi intencional e fechada pelo critério de saturação. Os sujeitos que aceitaram participar da pesquisa assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O instrumento para a coleta de dados foi a entrevista semi-dirigida com questões abertas e em profundidade. A coleta de dados ocorreu no período de agosto/2020 a fevereiro/2021, por videochamada. O tratamento dos dados foi realizado por meio da Análise de Conteúdo do Método Clínico-Qualitativo cujo rigor metodológico seguiu os sete passos: (1) Edição do material para análise - Transcrição de todas as entrevistas na íntegra feita pela pesquisadora; (2) Leitura flutuante - busca-se os nexos dos sentidos; (3) Construção das unidades de análise - Identificação dos significados, seleção dos recortes de fala, reflexões de cada fragmentos; (4) construção de códigos de sentido – agrupamento das unidades de análise semelhantes, estruturando, assim, os primeiros códigos de sentido; (5) construção de categorias - organização do material para análise de todos os entrevistados visando o agrupamento dos códigos de sentido; (6) discussão - um diálogo com a literatura; e (7) validade - reflexão crítica sobre os processos realizados em cada etapa, realizado por todos os autores. Os critérios de inclusão elegidos foram: Ser médico oncologista; Atuar no Ambulatório de Oncologia do HC; Estar atuando no mínimo há três meses na assistência ao paciente oncológico; Apresentar condições físicas, emocionais, e intelectuais adequadas, no momento da coleta de dados, de modo não haver prejuízo do atributo da validade metodológica esperado na obtenção de informações verbalizadas em entrevistas clínico-psicológicas de pesquisa.

RESULTADOS: Oito sujeitos foram selecionados de acordo com os critérios de inclusão. Três categorias emergiram da análise clínico-qualitativa: Testamento Vital: Postergar a Decisão para Não Antecipar a Morte; Do Mecanismo de Racionalização à Intelectualização: Uma Defesa Sofisticada; Perda da Autonomia: Uma Crença do Médico Enquanto Paciente.

CONCLUSÃO: O estudo demonstrou que a percepção do médico oncologista é de ser visto e se ver como um cumpridor do Testamento Vital e não como um testador. Sua ciência do caráter pessoal e livre do Testamento Vital não ameniza o temor do predomínio do poder médico sobre a própria vida. A experiência profissional não o privilegia quanto a anular sentimentos e fantasias quanto a elaborar seu testamento quanto à vida, mas acrescenta questionamentos e dúvidas sobre quem for designado a cumpri-lo e como será exercido.



PALAVRA-CHAVE: médico oncologista, Testamento Vital



ÁREA: Clínica Médica

NÍVEL: Graduação



Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas
Correspondência:
Rua Tessália Vieira de Camargo, 126. Cidade Universitária Zeferino Vaz. CEP 13083-887 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.

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