XIII Semana de Pesquisa - 2022


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COMPARAÇÃO DO USO DA CARBOXIMALTOSE FÉRRICA E SACAROSE FÉRRICA PARA TRATAMENTO DA ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO EM PACIENTES COM DOENÇA DE CROHN

Autores: Natalia Souza Nunes Siqueira, Lívia Bitencourt Pascoal, Bruno Lima Rodrigues, Marina Moreira de Castro, Dante Orsetti Silva Araújo, Luis Eduardo Miani Gomes, Michel Gardere Camargo, Maria de Lourdes Ayrizono, Raquel Franco Leal


Link: https://www.youtube.com/watch?v=TKyQ7IkpIjU


RESUMO

INTRODUÇÃO: A anemia, definida pela Organização Mundial de Saúde como uma condição onde a hemoglobina se encontra abaixo dos valores normais (menor que 12 g/dL em mulheres e 13 g/dL em homens), está entre as manifestações extra intestinais mais comum na DC, podendo desencadear efeitos sistêmicos acometendo sistema imunológico, sistema nervoso central, vascular e cardiorrespiratório, agravando o quadro clínico dos pacientes. A perda de sangue crônica da mucosa intestinal ulcerada associada a quadros diarreicos, diminuição da ingestão de ferro por restrição alimentar e ou deficiência na absorção de ferro transluminal durante o período de atividade da DC estão relacionadas na causa da ADF nestes pacientes. O tratamento da ADF visa aumentar os níveis de hemoglobina, ferritina sérica e saturação de transferrina acima do limite inferior do normal para reestabelecer os estoques de ferro e evitar uma anemia recorrente. A carboximaltose férrica possui uma vigorosa estrutura molecular que permite a absorção de ferro sem liberação de ferro livre no organismo, por isso a administração pode ser feita em altas doses de forma segura e clinicamente bem tolerada.

OBJETIVOS: O presente trabalho analisou, por meio de prontuários médicos, os dados clínicos e epidemiológicos de uma coorte de pacientes com DC que receberam aplicação de carboximaltose férrica intravenosa (Ferinject®) para o tratamento da ADF, avaliou ainda os parâmetros hematimétricos antes e após o tratamento, a fim de elucidar a eficácia do medicamento. O estudo também comparou os efeitos do tratamento com carboximaltose férrica e os efeitos do tratamento prévio da sacarose férrica nesses mesmos pacientes.

MÉTODOS: Os prontuários médicos dos pacientes foram avaliados quanto à presença de atividade na DC, hemoglobina ≤ 10 g/dL e que fizeram uso de carboximaltose férrica para o tratamento de ADF. Foram coletadas informações relativas as características da DC e dados epidemiológicos e clínicos. A atividade da DC, parâmetros hematimétricos, bem como os níveis de ferro, ferritina e saturação da transferrina foram avaliados antes e após o tratamento com administração intravenosa do Ferinject. Verificamos também os valores de hemoglobina e hematócrito antes e após o tratamento com a carboximaltose férrica e com a sacarose férrica intravenosa, e comparamos os resultados obtidos de cada paciente. O estudo foi aprovado pelo CEP.

RESULTADOS: Foram incluídos 25 pacientes no estudo com mediana de idade de 37 anos, sendo 12 do sexo masculino e 13 feminino. Dos 25 pacientes selecionados, 16 fizeram uso prévio de sacarose férrica para o tratamento da ADF, sendo 9 do sexo masculino e 7 feminino. Em relação ao fenótipo da DC a classificação de Montreal predominante em ambos os grupos foi A2;L3;B2p e a mediana do tempo de evolução da DC foi de 144 meses (24-312). Demonstramos neste estudo que o uso de carboximaltose férrica foi eficaz para o tratamento da ADF em pacientes com DC. Foi demonstrado que, após o tratamento com Ferinject, houve uma melhora significativa em todos os parâmetros de avaliação da ADF, os níveis séricos de hemoglobina aumentaram em 92% dos pacientes (p˂ 0,0001). Além disso, aumento nas dosagens de ferro (p˂0,0001), ferritina (p=0,0008) e saturação de transferrina (p=0,01) foram significativos. Ademais, os valores da hemoglobina e do hematócrito após o tratamento com a sacarose férrica se manteve semelhante aos valores encontrados antes do tratamento, não houve diferença estatisticamente significante. Já quando esses mesmos pacientes foram tratados com uma única aplicação de carboximaltose férrica verificamos um aumento da hemoglobina (p=0.0005) e do hematócrito (p=0.001) quando comparado aos valores obtidos antes do tratamento.

CONCLUSÃO: Este estudo permitiu uma melhor compreensão dos efeitos da carboximaltose férrica para o tratamento da ADF, evidenciando uma melhora significativa nos parâmetros avaliados. O medicamento demonstrou ser uma estratégia terapêutica mais eficaz para o tratamento da ADF associada a DC quando comparada a administração de sacarose férrica no mesmo grupo de pacientes.


BIBLIOGRAFIA: (1) Madanchi M, Fagagnini S, Fournier N, Biedermann L, Zeitz J, Battegay E, et al. The Relevance of Vitamin and Iron Deficiency in Patients with Inflammatory Bowel Diseases in Patients of the Swiss IBD Cohort. Inflamm Bowel Dis. 2018;24(8):1768-79 (2) Stein J, Aksan A, Klemm W, Nip K, Weber-Mangal S, Dignass A. Safety and Efficacy of Ferric Carboxymaltose in the Treatment of Iron Deficiency Anaemia in Patients with Inflammatory Bowel Disease, in Routine Daily Practice. J Crohns Colitis. 2018;12(7):826-34. (3) García-López S, Bocos JM, Gisbert JP, Bajador E, Chaparro M, Castaño C, et al. High- dose intravenous treatment in iron deficiency anaemia in inflammatory bowel disease: early efficacy and impact on quality of life. Blood Transfus. 2016;14(2):199-205.



PALAVRA-CHAVE: Doença de Crohn, anemia por deficiência de ferro, carboximaltose férrica, sacarose férrica



ÁREA: Cirurgia

NÍVEL: Mestrado

FINANCIAMENTO: Capes



Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas
Correspondência:
Rua Tessália Vieira de Camargo, 126. Cidade Universitária Zeferino Vaz. CEP 13083-887 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.

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